Por Terra
Por um breve instante em Toy Story 3, Woody termina conhecendo novos brinquedos na casa de Bonnie, a menina que ama muito seus pequenos bonecos. Entre eles, vemos um coelho-meio-gato cinza, caladinho, olhos esbugalhados de atenção. Poucos reconheceram de cara, mas aquela era uma homenagem que a Pixar, maior estúdio de animação do mundo, fazia a Hayao Miyazaki, maior diretor de animação do mundo, que completa nesta quarta-feira (5) 70 anos. O boneco era Totoro, personagem do filme Meu Vizinho Totoro, que, para a revista Time Out, sempre foi e sempre será a melhor animação de todos os tempos no cinema.
Atualmente trabalhando intensivamente na continuação do filme Porco Rosso, Miyazaki vive em seu estúdio (o multidisciplinar Studio Ghibli) no Japão entre pranchetas e cigarros. Diante da avalanche de animações em computação gráfica que tomaram o cinema de animação nessas duas últimas décadas, ele se mantém fiel à velha fórmula do lápis na mão. O que, vale ressaltar, faz seus filmes evocarem uma poesia de papel de carta, de um cuidado artesanal com a imagem e com a mensagem.
Seguindo os passos do pai, Goro Miyazaki anunciou recentemente que vai colocar no cinema, com o selo do estúdio Ghibli, a adaptação do mangá Kokuriko-Zaka Kara, bastante popular no Japão durante os anos 1980.
Poluição humana
A filmografia de Miyazaki é quase inteiramente dedicada a questionar a legitimidade do homem diante da natureza. Talvez por isso ele não seja tão popular no mercado das grandes bilheterias. A lembrar que os filmes de Miyazaki, hoje distribuídos no Ocidente pela Disney, não costumam receber injeções de marketing que, por exemplo, ganham os filmes da Pixar. Eles correm pela tangente, nas salas frequentadas por fãs e cinéfilos. Formadores de uma opinião cada vez mais ausente na grande indústria dedicada, teoricamente, ao público infantil.
É certo que o diretor deixou há tempos de ser um ilustre desconhecido. Depois do Oscar que ganhou em 2003 por A Viagem de Chihiro, seu nome pareceu finalmente ecoar a ideia de que o cinema de animação ainda podia lucrar bastante com as aventuras do lápis de cor, da imaginação sem fronteiras e da crítica poética, mas ainda assim bastante feroz, à maneira como o homem trata o planeta em que reside.
A pontuar que uma de suas obras máximas, a história em quadrinhosNausicaä (publicada no Brasil pela Conrad Editora), foi adaptada em série e filme, mesmo nunca chegando aos cinemas do Ocidente - ainda que tenha recebido o Anime Grand Prix em 1984. Considerada "a melhor novela gráfica de todos os tempos" segundo a prestigiada publicação The Comics Journal, Nausicaä se passa num futuro distante, quando a Terra foi completamente destruída e os poucos humanos que restaram vivem entre grandes oceanos de poluição. Pessimista? Talvez. Necessário? Com certeza.
PUBLICADO EM 23.01.11
Por um breve instante em Toy Story 3, Woody termina conhecendo novos brinquedos na casa de Bonnie, a menina que ama muito seus pequenos bonecos. Entre eles, vemos um coelho-meio-gato cinza, caladinho, olhos esbugalhados de atenção. Poucos reconheceram de cara, mas aquela era uma homenagem que a Pixar, maior estúdio de animação do mundo, fazia a Hayao Miyazaki, maior diretor de animação do mundo, que completa nesta quarta-feira (5) 70 anos. O boneco era Totoro, personagem do filme Meu Vizinho Totoro, que, para a revista Time Out, sempre foi e sempre será a melhor animação de todos os tempos no cinema.
Atualmente trabalhando intensivamente na continuação do filme Porco Rosso, Miyazaki vive em seu estúdio (o multidisciplinar Studio Ghibli) no Japão entre pranchetas e cigarros. Diante da avalanche de animações em computação gráfica que tomaram o cinema de animação nessas duas últimas décadas, ele se mantém fiel à velha fórmula do lápis na mão. O que, vale ressaltar, faz seus filmes evocarem uma poesia de papel de carta, de um cuidado artesanal com a imagem e com a mensagem.
Seguindo os passos do pai, Goro Miyazaki anunciou recentemente que vai colocar no cinema, com o selo do estúdio Ghibli, a adaptação do mangá Kokuriko-Zaka Kara, bastante popular no Japão durante os anos 1980.
Poluição humana
A filmografia de Miyazaki é quase inteiramente dedicada a questionar a legitimidade do homem diante da natureza. Talvez por isso ele não seja tão popular no mercado das grandes bilheterias. A lembrar que os filmes de Miyazaki, hoje distribuídos no Ocidente pela Disney, não costumam receber injeções de marketing que, por exemplo, ganham os filmes da Pixar. Eles correm pela tangente, nas salas frequentadas por fãs e cinéfilos. Formadores de uma opinião cada vez mais ausente na grande indústria dedicada, teoricamente, ao público infantil.
É certo que o diretor deixou há tempos de ser um ilustre desconhecido. Depois do Oscar que ganhou em 2003 por A Viagem de Chihiro, seu nome pareceu finalmente ecoar a ideia de que o cinema de animação ainda podia lucrar bastante com as aventuras do lápis de cor, da imaginação sem fronteiras e da crítica poética, mas ainda assim bastante feroz, à maneira como o homem trata o planeta em que reside.
A pontuar que uma de suas obras máximas, a história em quadrinhosNausicaä (publicada no Brasil pela Conrad Editora), foi adaptada em série e filme, mesmo nunca chegando aos cinemas do Ocidente - ainda que tenha recebido o Anime Grand Prix em 1984. Considerada "a melhor novela gráfica de todos os tempos" segundo a prestigiada publicação The Comics Journal, Nausicaä se passa num futuro distante, quando a Terra foi completamente destruída e os poucos humanos que restaram vivem entre grandes oceanos de poluição. Pessimista? Talvez. Necessário? Com certeza.
PUBLICADO EM 23.01.11
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