Por Jornal Floripa - 16.06.11
Há canções que nos acompanham ao longo dos anos, mesmo que involuntariamente, e acabam marcando.
No caso do artista plástico e quadrinista mineiro Eduardo Filipe, 39, isso aconteceu com a música "Johnny Furacão", um rockinho de Roberto e Erasmo Carlos, lançado em 1969.
A canção tanto martelou em sua cabeça que acabou servindo de inspiração para criar a história em quadrinhos "A Balada de Johnny Furacão", lançada pela editora Flâneur.
"Essa música me acompanhava desde a infância", diz Filipe, mais conhecido pelo nome artístico, Sama.
"Minha irmã tinha um compacto de 'Sentado à Beira do Caminho' e, de vez em quando, tocava o lado B, que era 'Johnny Furacão'. Aquele som de carro de corrida e a letra meio trágica da música me chamavam a atenção. O final fica em aberto, e foi aí que eu entrei."
De fato, a HQ de Sama --que será lançada no início de julho na Mercearia São Pedro, em São Paulo-- começa pelo fim da música, com um acidente durante uma corrida de carros.
A partir daí, segue por um rumo independente da canção, no que o autor define como "uma aventura de ação que vira um suspense, com toques sobrenaturais".
REFERÊNCIAS DE CINEMA
"A Balada de Johnny Furacão" é centrada em um trio: Alex, filho do melhor amigo do personagem-título, e o casal Igor e Carol.
Seus caminhos se cruzam por acaso e, uma vez juntos, embarcam em uma viagem com surpresas e final incerto --uma viagem na qual o autor se incluiu mentalmente.
"Eu me coloquei como participante do grupo que viaja, registrando a viagem de modo documental", diz Sama, citando o estilo do cineasta chinês Wong Kar-Wai (de "Um Beijo Roubado" e "Amor à Flor da Pele") como uma influência.
Sua HQ é pontuada por referências cinematográficas tanto quanto musicais.
MODO DE FAZER
Escrevendo o roteiro à medida que "viajava" com suas criações, Sama desenhou usando aguada (um tipo de técnica em que a tinta é diluída em água).
Isso permitiu que ele criasse traços mais livres e tivesse mais autonomia para conduzir a história.
"Com exceção dos carros e dos personagens, o resto é mais impressionista. Fica algo mais genérico, não fotográfico, como se fosse um sonho", ele afirma.
Sama não teve a chance de conversar com os autores da canção sobre a HQ, mas fez um exemplar chegar às mãos de Erasmo Carlos, o intérprete da música.
"Pelo que eu tive de resposta, ele gostou do meu projeto. Isso me deixou tranquilo, porque, no fundo, é mesmo uma homenagem", explica o quadrinista.
AUTOR Eduardo Filipe (Sama)
EDITORA Flâneur
QUANTO R$ 32 (146 págs.)
LANÇAMENTO dia 2/7, às 19h, na Mercearia São Pedro (r. Rodésia, 34, tel.0/xx/11/3815-7200)
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