Por Paloma Diniz - Made in PB -13.07.11
É com muita alegria – depois de muita ousadia – que trago para você esta entrevista exclusiva que consegui com ninguém menos que David Lloyd. Particularmente, um desenhista que admiro muito. Tanto sua vida como sua obra.
Tomei conhecimento de sua arte através do quadrinho V de Vingança escrito por Allan Moore. Que tem na sua arte um admirável realismo estético das personagens e enquadramentos fotográficos num contraste intenso de preto e branco.
Através da internet consegui estabelecer contato com David Lloyd. E posso afirmar que ele é um gentil cavalheiro; humilde e atencioso que respondeu através do e-mail, minha reles perguntinhas de uma pequena desenhista muito da curiosa – e atrevida.
É uma honra entrevistá-lo, David.
Paloma Diniz – A pergunta clássica: Fale sobre a pessoa de David Lloyd.
David Lloyd – Abençoado pelo talento, amaldiçoado pela sensibilidade e alimentado pela ambição e autodisciplina.
PD – Uma curiosidade minha: Como foi trabalhar com Alan Moore?
DL – Uma pergunta feita por muitas pessoas como você, que muitas vezes é influenciada pelo costume de Alan Moore em escrever scripts muitos detalhados. Eu sempre respondo dizendo que eu não trabalhei com scripts muitos detalhados em “V de Vingança”.
Eu cortei as tentativas dele quando eu percebia sua intenção em ‘substituir’ os scripts de V… Até hoje brincamos sobre essas tentativas.
Ele é um dos escritores mais brilhantes da arte seqüencial no mundo e eu adorei trabalhar com ele. Eu nunca teria trabalhado com ele se estivesse sob os termos que outros artistas, aparentemente, trabalharam.
Os limites do território onde cada colaborador trabalhará deve ser delineado com cuidado e se estes limites estão nublosos podem surgir problemas.
Eu cortei as tentativas dele quando eu percebia sua intenção em ‘substituir’ os scripts de V… Até hoje brincamos sobre essas tentativas.
Ele é um dos escritores mais brilhantes da arte seqüencial no mundo e eu adorei trabalhar com ele. Eu nunca teria trabalhado com ele se estivesse sob os termos que outros artistas, aparentemente, trabalharam.
Os limites do território onde cada colaborador trabalhará deve ser delineado com cuidado e se estes limites estão nublosos podem surgir problemas.
PD – Muitos leitores conhecem o seu trabalho a partir de V de Vingança. O que você fazia antes e que você fez depois de V de Vingança?
DL – Dá uma olhadinha na minha bibliografia no meu site –http://www.lforlloyd.com/kickback/biblio_en.htm
(é melhor acessar o site dele; esse homem produziu e produz muuuuuuuuuuuito!)
PD – Em que você está trabalhando agora?
DL – Estou montando uma coleção com parte dos meus antigos contos… Alguns que eu escrevi para mim e outros que eu trabalhei com alguns escritores como Pete Milligan e Bissette Steve, para uma editora italiana de momento, mas com possibilidades de sair também no Brasil e nos EUA / Reino Unido.
Eu estou ajudando, também, num site de apoio pedagógico que centralizará toda a informação disponível do estudo do cartum e da arte sequencial no Reino Unido e da Irlanda, chamado Cartoon Sala de Aula -www.cartoonclassroom.co.uk.
Eu estou ajudando, também, num site de apoio pedagógico que centralizará toda a informação disponível do estudo do cartum e da arte sequencial no Reino Unido e da Irlanda, chamado Cartoon Sala de Aula -www.cartoonclassroom.co.uk.
PD – Seu traço é firme e seu estilo é figurativo e realista. Como foi a consolidação do seu estilo? Quem te influenciou?
DL – Muitos artistas americanos dos anos 50 e 60. Como Ditko, Principalmente, Williamson, Toth, Torres, Morrow, Kirby, Frazetta, Davis, Wally Wood, mas também e centralizando um pouquinho com artistas britânicos liderados por Ronald Embleton, Tony Weare, John M. Burns, Frank Bellamy. E finalmente os grandes pintores como Turner, Rembrandt, Millais. Eu poderia citar vários ainda…
PD – Qual é o estilo das histórias em quadrinhos que você gosta? Quais estéticas e temas?
DL – Ah, para entreter eu gosto normalmente de filmes dramático, thrillers… Mas eu respeito e admiro coisas autobiográficas e históricas, como Blanket, David Epileptic B, Nat Turner, Persépolis. Depois há coisas como o Rumble Strip, Ghost World, Charles Burns e tal. Raramente eu gosto de histórias de super-heróis ainda que se percebe seu domínio no mercado Reino Unido/ EUA. Contudo eu acho a série “X-Factor/Madrox” do Peter David, onde eu fiz as capas, bem inteligente e genial.
PD – Como é seu processo de trabalho? Quais são as técnicas que você usa?
DL – Varia de projeto para projeto. A história deve ser sempre o que dita o estilo e a técnica. “Global Frequency” foi feito de uma maneira que eu senti que encaixava perfeitamente na história. Um fluxo constante de ação em todos seus elementos. Logo “V” foi feito em um estilo austero, sombrio, porque era uma história sobre um futuro sombrio gritante.
Eu fiz uma tira sobre os campos de morte no Camboja, e pedi a um artista que sabia pincelar a técnica oriental de desenho para ajudar com uma parte da arte. Raramente vario o processo… Eu faço os layouts de página diretamente sem preparação prévia, mas analisando o que precisa ser grandes ou pequenos quadrinhos e de uns que devem ter, absolutamente, o espaço máximo… E depois faço o lápis, então arte finalizo e depois pinto. Eu uso um computador para algumas coisas também, tipo nos efeitos limitados e processos de cor.
Eu fiz uma tira sobre os campos de morte no Camboja, e pedi a um artista que sabia pincelar a técnica oriental de desenho para ajudar com uma parte da arte. Raramente vario o processo… Eu faço os layouts de página diretamente sem preparação prévia, mas analisando o que precisa ser grandes ou pequenos quadrinhos e de uns que devem ter, absolutamente, o espaço máximo… E depois faço o lápis, então arte finalizo e depois pinto. Eu uso um computador para algumas coisas também, tipo nos efeitos limitados e processos de cor.
PD – Qual foi o quadrinho que você leu e disse para si mesmo: eu quero fazer isso! Eu quero desenhar histórias em quadrinhos?
DL _ Não posso dizer com certeza. Não sei qual foi a tira que virou minha maior inspiração embora uma página dupla em uma revista em quadrinhos chamada World Boys “Wrath Of The Gods”, que foi desenhada por Ron Embleton não me fez querer tentar imediatamente trabalhar com desenho, mas me inspirou acima da média.
Mas antes, na escola primária, eu trabalhei com um amigo era uma espécie de tirinha de três quadrinhos chamada ‘Boot Tack Jack and Jim’ que não conseguiram ir muito longe e foram inspiradas nas tirinhas típicas de três quadrinhos dos jornais.
Mas antes, na escola primária, eu trabalhei com um amigo era uma espécie de tirinha de três quadrinhos chamada ‘Boot Tack Jack and Jim’ que não conseguiram ir muito longe e foram inspiradas nas tirinhas típicas de três quadrinhos dos jornais.
PD – Você desenhava nas salas de aula, como eu? Eu desenhei até na aula de matemática.
DL – Sim, eu fazia alguns desenhos. Eu fiz uma caricatura do meu professor de matemática, o Sr. Hinds, no meu livro uma vez, que ele viu!
Ele era um cara legal e levou o desenho gentilmente… Eu acho que é porque ele sabia que eu me esforçava muito em matemática, mas nunca conseguia ser bom suficiente. E eu ainda não consigo :)
Ele era um cara legal e levou o desenho gentilmente… Eu acho que é porque ele sabia que eu me esforçava muito em matemática, mas nunca conseguia ser bom suficiente. E eu ainda não consigo :)
PD – Muito obrigado pela sua atenção.
DL – De nada Paloma!
Entrevista de Paloma Diniz, publicada originalmente no FARRAZINE #22.
A seguir vocês poderão conferir um vídeo aonde David Lloyd, fala sobre as origens de V de Vingança, o vídeo faz parte do documentário David Lioyd: Comic Artist.
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