Por Judão
Reboot. Tá aí uma palavra polêmica repetida diversas vezes nas notícias relacionadas à DC nos últimos tempos. Mas esse termo aí não é novo, afinal a editora fez algo parecido nos anos 80, após a famosa Crise nas Infinitas Terras. Naquela época, a DC começou do zero as cronologias de heróis como Superman e Mulher-Maravilha, mas não sabia o que fazer com o Batman. Afinal, o Homem Morcego estava bom do jeito que era. Porém, isso não impediu que Frank Miller fosse chamado para contar uma nova origem ao personagem, que resultou em um dos arcos mais importantes do personagem, que chega novamente ao mercado brasileiro no encadernado Batman: Ano Um (Panini Books, 148 páginas e R$ 37).
Ano Um destoa bastante dos reboots dos anos 80 e dos de hoje. Afinal, o que a DC pretendia era contar de uma nova maneira a mesma origem do Batman conhecida por todos. Frank Miller, que já havia feito a fodástica Batman: O Cavaleiro das Trevas, também recebeu a missão de contar a história não em uma minissérie, mas dentro do gibi mensal Batman, entre as edições 404 e 407. E para continuar com as “diferenças”, Miller preferiu que o arco fosse desenhado por David Mazzucchelli, já que não acreditava que seu estilo combinava com a história que ia ser contada.
Com pouco espaço para contar um ano inteiro de aventuras, Miller procurou não enrolar. O roteirista recorreu a técnica de dividir a HQ em datas importantes do primeiro ano de Bruce Wayne em seu retorno à Gotham City. Passo a passo, vemos Bruce se aventurando no combate ao crime, suas primeiras falhas e como surgiu a ideia de usar o Morcego para causar medo nos corações dos criminosos supersticiosos.
Em paralelo, conhecemos James Gordon, policial que acabou de chegar a Gotham com sua esposa grávida, chamada Barbara. Um policial correto, que se vê em meio à podridão da força policial da cidade.
É realmente empolgante acompanhar o começo da construção do mito do Batman, seus primeiros erros e primeiros acertos, tentando causar medo entre os corruptos da cidade. Também é interessante ver o começo da trajetória de Gordon, tudo isso muito tempo antes dele se imaginar como comissário.
Mais de 25 anos depois do reboot, vivemos outro relançamento da editora. Mais uma vez, o Batman é um dos poucos personagens que passou sem grandes mudanças, mas não é possível dizer até que ponto Ano Um permanece na cronologia, mesmo com inúmeros retcons. Pena.
A edição nacional da Panini deve ser elogiada. Com capa dura e papel de qualidade fazem bonito, além dos extras como parte do roteiro de Miller, originais de Mazzucchelli e um posfácio em HQ do próprio artista, com o relacionamento do cara com o personagem Batman. Tudo isso igual à reedição estadunidense de 2007 e por um preço sincero.
O que está também igual à reedição são as cores, refeitas. Por um lado, a graphic novel fica mais real, mas crua, direta. Porém, o ar oitentista da história se perde. Ao menos dá para sentir um gostinho da história original nos extras, já que há algumas páginas com as cores da publicação de 1986.
Para resumir, Batman: Ano Um é uma daquelas HQs “must have” para quem é fã do Morcegoman. A importância é tanta que, hoje, está sendo lançada nos EUA a versão animada da graphic novel. E se ela não faz mais parte da atual cronologia da DC, azar da cronologia.
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