quinta-feira, 8 de março de 2012

Exposição com telas do cartunista Ziraldo chega a Brasília

Por Pedro BrandtCorreio Brasiliense
O escritor uniu duas paixões nas obras: as histórias em quadrinhos e a pintura
Ziraldo está entusiasmado com a pintura. Tanto que já pensa na continuação de Zeróis: Ziraldo na tela grande, exposição que, a partir de hoje e até 29 de abril, ocupa o Museu Nacional da República. As 44 peças (que podem chegar a 2m x 2,40m) expostas conjugam duas paixões do cartunista, ilustrador e escritor (entre tantas outras funções) mineiro, as artes plásticas e as histórias em quadrinhos. 
Os super-heróis povoam as criações de Ziraldo há bastante tempo. Várias das ilustrações de seus Zéróis — publicados originalmente no Jornal do Brasil e no Pasquim — se tornaram emblemáticas, como a que mostra Tarzan, Capitão América, Fantasma, Batman e Super-Homem na terceira idade. Ou aquela na qual Tarzan se balança em um cipó, tendo Jane, sua mulher, pendurada em suas partes íntimas (fazendo o homem macaco gritar, não para convocar os animais, como de costume, mas de dor lancinante).


Foi justamente a imagem do casal das selvas que deu início à série de pinturas que resultou na exposição. “Um marchand do Rio me visitou e pediu que eu fizesse uma pintura dessa ilustração do Tarzan numa tela de dois metros”, conta Ziraldo, 79 anos. Algum tempo depois, o mesmo marchand pediu mais pinturas dos Zeróis: a demanda por elas em sua galeria foi enorme. Surgiu então a ideia da exposição — apresentada pela primeira vez entre julho e setembro de 2010 no Rio de Janeiro. Muitas das telas já têm dono (a do Tarzan, por exemplo, não vem a Brasília) e estão emprestadas para circularem pelos museus. “Não gosto desse negócio de um quadro ficar pendurado na parede de alguém e ninguém mais poder vê-lo. Gostaria muito que alguma instituição, um banco ou uma universidade ficasse com toda a coleção”, comenta o pai do Menino Maluquinho.
Onomatopeias
Além de ampliar algumas imagens já conhecidas, Ziraldo criou tantas outras exclusivamente para o projeto (que levou três anos para concluir). Nas telas, os super-heróis da infância do autor dialogam com alguns de seus quadros e pintores favoritos, como Picasso, Velázquez, Goya, Dali, Grant Wood, Edward Hopper, Georges Mathieu, Roy Lichtenstein e Andy Warhol — os dois últimos, inclusive, também brincaram com personagens de quadrinhos em suas obras. “Sei que a arte pop está ultrapassada. Mas meu intuito nem é fazer arte. Faço isso porque é muito divertido de fazer”, afirma Ziraldo, que participou da lendária trupe do jornal Pasquim.
Entre as imagens que compõem a exposição, o artista mineiro-carioca tem uma preferida: uma breve história em seis quadros narrada apenas com desenhos e onomatopeias na qual o Capitão América, depois de um dia de muita ação (“Zing! Zap! Crash!”), desaba na cama vencido pelo cansaço (“Zzzzz”). “Eu adoro criar onomatopeias. Penso em fazer, talvez no ano que vem, uma exposição só com elas”, ele adianta. Em comemoração aos seus 80 anos (a serem completados em 24 de outubro), Ziraldo será homenageado com uma exposição no Palácio Imperial, no Rio de Janeiro. “Será uma amostra das ‘300’ coisas que eu já fiz. Tenho 60 anos de carreira e brinquei ‘nas onze’: livro para criança, história em quadrinhos, ilustração, publicidade, cartazes…”

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