O que resta é esperar

Há dois meses, O POVO constatou as deficiências da Gibiteca de Fortaleza, a única do tipo no Estado. As mudanças anunciadas ainda não foram concretizadas

Após receber uma doação de dois mil títulos para a Gibiteca, a coordenação pediu rapidez na compra de estantes (SARA MAIA)

De volta à Gibiteca, ao fundo da Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, depois de quase dois meses, O POVO constatou que os ventos da melhoria anunciada passaram rente, mas não permaneceram. A Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e o Fórum de Quadrinistas do Ceará culpam a lentidão que é peculiar aos processos, e as mudanças anunciadas pelo coordenador de Políticas de Literatura, Livro e Leitura da Secultfor, Urik Paiva, para junho, ainda não aconteceram. “Até o fim do mês, teremos boa parte ou a totalidade dos materiais previstos comprados pela Secretaria de Cultura”, disse Urik, em 16 de junho deste ano.

Não, não foram comprados ainda. Se tivessem sido adquiridos, como previsto, a doação de dois mil títulos, que o estudante da Escola de Realização Audiovisual Vila das Artes, Eduardo Pereira, tentou fazer, teria se concretizado. Por enquanto, para poupar tempo e aproveitar o gesto, o pessoal do Fórum está catalogando o material. “Tem as primeiras revistas coloridas do Batman, dos anos 60, coleções completas da Bloc Editora, que era da extinta TV Manchete, tem da ABC Comics, Abril, tem muita coisa. E estão em ótimo estado de conservação”, detalhou Eduardo. O acervo está sob a tutela do Fórum.

“Pra gente não correr o risco de comprar (material) que não seja compatível com o trabalho de uma Gibiteca, a gente está fazendo uns estudos”, colocou Urik na última segunda-feira, por telefone. Com a recente doação, Urik pediu uma maior agilidade na compra das estantes – a aquisição é feita através do Instituto Sociocultural e Artístico do Ceará, entidade conveniada com a Secultfor. Esses estudos levam em conta o tipo de equipamento a ser comprado, mas não o espaço. Segundo Urik, “quando chegar no depósito da Secretaria é que vai ver a disposição dos materiais na sala (da Gibiteca). Vou ver com uma arquiteta um modo de reorganizar a sala”.

Os problemas apontados por este periódico, há cerca de dois meses, continuam. As câmeras não foram instaladas e a única responsável pelo local, Lucila Mendes, continua indo lá apenas três vezes na semana. Dois estagiários seriam remanejados – da rede de bibliotecas – mas até agora não chegaram. Quanto aos furtos, em número de 350 (entre agosto e novembro de 2010), continuam, segundo apurou a reportagem. Urik apresenta outro dado: “Houve um furto em 2010 e não foi registrado nada em 2011”.

“Os roubos são muito específicos. Ninguém rouba Sakura e Dragon Ball. É aquela pessoa que tenta roubar Monalisa. Título a título”, categoriza o coordenador. JJ Marreiro, integrante do Fórum, lembra o uso das carteirinhas, que inibem a prática. “Com a carteirinha, os frequentadores acabam ficando conhecidos dos funcionários e isso tem inibido furtos”. Para fazer a dita carteirinha, o usuário deve levar R$2, uma foto 3x4, xérox do RG e do comprovante de residência (o mais atual possível). Neste 13 de agosto, sábado, estreia a programação do Quadrinhos em Debate com o tema: O Mito do Herói nas Histórias em Quadrinhos. “E outras atividades estão a pleno vapor”, se anima Marreiro. (Júlia Lopes)

SERVIÇO

GIBITECA DE FORTALEZA

Aberta: De segunda à sexta, das 8 às 21h, e no sábado, das 9 às 12h e das 13 às 17h.

Onde: Biblioteca Dolor Barreira (av. da Universidade, 2572 – Benfica)

Outras info.: (85) 3105 1299

ENTENDA O CASO

Em 8/6/2011, o Vida & Arte trouxe na capa matéria sobre a situação da Gibiteca de Fortaleza, que tivera parte do acervo furtado e danificado pela má organização. Falta de pessoal treinado também era queixa.

Em 16/6/2011, uma nova matéria dava conta das decisões tomadas pela Secultfor em prol de melhorias no equipamento. Mobiliário, câmeras de segurança e selos eletromagnéticos foram prometidos para o fim do mês de junho.