Primeiro foram os dois antológicos álbuns duplos que, na década de 1970, fizeram a cabeça de toda uma geração, batizando o movimento musical mineiro liderado por Milton Nascimento e os irmãos Borges. Depois foi a vez do livro de memórias de Márcio Borges, Os sonhos não envelhecem, seguido da criação do Museu Clube da Esquina, ainda restrito ao espaço virtual mas com sede física já prometida. Agora são os quadrinhos: Histórias do Clube da Esquina, de Laudo Ferreira e Omar Viñole, cujo livro-gibi será oficialmente lançado em São Paulo (dia 29), seguido de Belo Horizonte (7 de setembro).
Em 2009, o movimento já havia sido alvo de uma oficina de quadrinhos, ministrada por Lucas Rodrigues no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana (Fórum das Artes). A experiência inédita resultaria em um gibi de 12 páginas, com ilustrações de Mateus Marx e arte-final de Dinho Bento, distribuído gratuitamente no evento. A próxima iniciativa envolvendo o Clube da Esquina, que projetou Minas Gerais internacionalmente, provavelmente será um filme de longa-metragem, inspirado no livro do letrista Márcio Borges, cujo roteiro ainda tem autoria, direção e produção disputadas.
“Eu não sou o dono dessa história. O meu livro é apenas uma das vozes dela, que pertence a todos os personagens envolvidos”, desconversa Márcio, que desde a publicação de Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina, se tornou porta-voz da turma, liderada, na verdade, por Milton Nascimento, desde que chegou a Belo Horizonte, na década de 1960, vindo de Três Pontas (Sul de Minas). Inspiradas em parte, na obra memorialística que conta a história da turma, acrescida de informações contidas em entrevistas dos artistas para o Museu Clube da Esquina e outras, a HQ do clube veio à tona, inicialmente, no site www.museuclubedaesquina.org.br.
Agora, finalmente, ela chega ao livro-gibi, que poderá ser adquirido em livrarias. Dos célebres encontros musicais na esquina das ruas Paraisópolis com Divinópolis, em Santa Tereza, à visita de Milton Nascimento à tribo ashaninka, na Amazônia, passando pelos bailes de Três Pontas, as viagens da turma no jipe Manoel, o audaz (um Land Rover 1951), de Fernando Brant, os encontros na casa dos Borges (dona Maricota e seu Salomão, que receberam Milton como o 12º filho) e a censura às canções do disco Milagre dos peixes, tudo foi historicamente contextualizado pelo desenhista paulista Laudo Ferreira em Histórias do Clube da Esquina, cuja arte-final e colorido são do também paulista Omar Viñole. A tiragem inicial da HQ é de 3 mil exemplares, mil deles repassadas ao Museu Clube da Esquina como forma do pagamento de direitos autorais.
“Eu não sou o dono dessa história. O meu livro é apenas uma das vozes dela, que pertence a todos os personagens envolvidos”, desconversa Márcio, que desde a publicação de Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina, se tornou porta-voz da turma, liderada, na verdade, por Milton Nascimento, desde que chegou a Belo Horizonte, na década de 1960, vindo de Três Pontas (Sul de Minas). Inspiradas em parte, na obra memorialística que conta a história da turma, acrescida de informações contidas em entrevistas dos artistas para o Museu Clube da Esquina e outras, a HQ do clube veio à tona, inicialmente, no site www.museuclubedaesquina.org.br.
Agora, finalmente, ela chega ao livro-gibi, que poderá ser adquirido em livrarias. Dos célebres encontros musicais na esquina das ruas Paraisópolis com Divinópolis, em Santa Tereza, à visita de Milton Nascimento à tribo ashaninka, na Amazônia, passando pelos bailes de Três Pontas, as viagens da turma no jipe Manoel, o audaz (um Land Rover 1951), de Fernando Brant, os encontros na casa dos Borges (dona Maricota e seu Salomão, que receberam Milton como o 12º filho) e a censura às canções do disco Milagre dos peixes, tudo foi historicamente contextualizado pelo desenhista paulista Laudo Ferreira em Histórias do Clube da Esquina, cuja arte-final e colorido são do também paulista Omar Viñole. A tiragem inicial da HQ é de 3 mil exemplares, mil deles repassadas ao Museu Clube da Esquina como forma do pagamento de direitos autorais.
Pesquisa
“O clube é uma paixão antiga”, diz Laudo Ferreira, que com projeto de levar para a HQ passagens históricas da MPB, como as do Clube da Esquina e Secos & Molhados, além da do disco-show Falso brilhante, de Elis Regina, acabou tendo acesso à turma de Minas pelo vizinho Juvenal Pereira, autor das antológicas fotografias da turma em companhia do então presidente JK, nas ruas de Diamantina, em plena década de 1970. O livro de Márcio Borges, segundo o desenhista, foi a base para a criação da HQ. “Mas também li os depoimentos de todos os integrantes do clube para o museu virtual, além de livros como Palavras musicais, de Paulo Vilara, de onde tirei, por exemplo, a fala de Fernando Brant sobre Milagre dos peixes”, recorda o desenhista.
Na opinião de Laudo, o movimento musical mineiro tem conteúdo para render novas publicações do gênero. “Há membros importantes, como Tavinho Moura, por exemplo, que acabou restrito às últimas páginas desta primeira publicação. Tavinho traz algo bem mineiro, rural. Ele é violeiro”, ressalta, admitindo que um segundo volume poderá ter o compositor como um dos protagonistas da HQ. Para Laudo Ferreira, apesar de personagens altamente desenháveis, como Milton Nascimento, ele preferiu trabalhar dentro de uma perspectiva que não se preocupava em fazer uma caricatura de cada um, que o leitor olhasse e imediatamente reconhecesse o personagem.
“A minha preocupação era com algo que remetesse a eles, para não atrapalhar a narrativa, embora tenha me baseado em fatos”, reconhece o desenhista. Duas passagens têm destaque especial para ele. “A última história do livro, sobre o índio Benke, homenageado por Bituca no disco Txai, que não está contada em lugar nenhum, me foi enviada pelo Márcio, por e-mail. Assim como a que narra a passagem da turma do Clube da Esquina pela Sentinela, nos arredores de Diamantina, onde um coro de sapos transformou o encontro com Bituca, à base de voz e violão, em uma verdadeira sinfonia”.
Autor da série de três livros Yeshuah, sobre a vida de Jesus Cristo, recentemente Laudo lançou uma adaptação de o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, para HQ. No trabalho sobre o clube ele cita 17 canções, além de personagens marcantes, como Olympia Angélica de Almeida Cotta (a célebre dona Olympia, de Ouro Preto, conhecida como a primeira hippie do Brasil), Clementina de Jesus (que gravou a parte não censurada de Escravos de Jó, no disco Milagre dos peixes) e o percussionista Naná Vasconcellos, responsável pelo clima mágico do mesmo disco.
“O clube é uma paixão antiga”, diz Laudo Ferreira, que com projeto de levar para a HQ passagens históricas da MPB, como as do Clube da Esquina e Secos & Molhados, além da do disco-show Falso brilhante, de Elis Regina, acabou tendo acesso à turma de Minas pelo vizinho Juvenal Pereira, autor das antológicas fotografias da turma em companhia do então presidente JK, nas ruas de Diamantina, em plena década de 1970. O livro de Márcio Borges, segundo o desenhista, foi a base para a criação da HQ. “Mas também li os depoimentos de todos os integrantes do clube para o museu virtual, além de livros como Palavras musicais, de Paulo Vilara, de onde tirei, por exemplo, a fala de Fernando Brant sobre Milagre dos peixes”, recorda o desenhista.
Na opinião de Laudo, o movimento musical mineiro tem conteúdo para render novas publicações do gênero. “Há membros importantes, como Tavinho Moura, por exemplo, que acabou restrito às últimas páginas desta primeira publicação. Tavinho traz algo bem mineiro, rural. Ele é violeiro”, ressalta, admitindo que um segundo volume poderá ter o compositor como um dos protagonistas da HQ. Para Laudo Ferreira, apesar de personagens altamente desenháveis, como Milton Nascimento, ele preferiu trabalhar dentro de uma perspectiva que não se preocupava em fazer uma caricatura de cada um, que o leitor olhasse e imediatamente reconhecesse o personagem.
“A minha preocupação era com algo que remetesse a eles, para não atrapalhar a narrativa, embora tenha me baseado em fatos”, reconhece o desenhista. Duas passagens têm destaque especial para ele. “A última história do livro, sobre o índio Benke, homenageado por Bituca no disco Txai, que não está contada em lugar nenhum, me foi enviada pelo Márcio, por e-mail. Assim como a que narra a passagem da turma do Clube da Esquina pela Sentinela, nos arredores de Diamantina, onde um coro de sapos transformou o encontro com Bituca, à base de voz e violão, em uma verdadeira sinfonia”.
Autor da série de três livros Yeshuah, sobre a vida de Jesus Cristo, recentemente Laudo lançou uma adaptação de o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, para HQ. No trabalho sobre o clube ele cita 17 canções, além de personagens marcantes, como Olympia Angélica de Almeida Cotta (a célebre dona Olympia, de Ouro Preto, conhecida como a primeira hippie do Brasil), Clementina de Jesus (que gravou a parte não censurada de Escravos de Jó, no disco Milagre dos peixes) e o percussionista Naná Vasconcellos, responsável pelo clima mágico do mesmo disco.
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