segunda-feira, 18 de julho de 2011

Café Espacial se desliga do Quarto Mundo

Capa do último número da revista independente, lançado em setembro deste ano
Por Paulo Ramos - Blog dos Quadrinhos
Os responsáveis pela revista "Café Espacial" decidiram se desligar do Quarto Mundo, grupo que reúne quadrinistas independentes de todo o país.
Segundo Sergio Chaves, um dos editores da publicação paulista, dois motivos pautaram a decisão: a migração para outros projetos e a falta de tempo para se dedicarem ao grupo.
Com sete obras publicadas e mais uma programada para dezembro, a revista era um dos títulos de maior visibilidade do Quarto Mundo.
A "Café Espacial" venceu nos dois últimos anos o Troféu HQMix - principal premiação de quadrinhos do país - na categoria melhor publicação independente de grupo.
É a segunda revista de destaque a se desligar do Quarto Mundo no prazo de um ano. Os autores mineiros da "Graffiti 76% Quadrinhos" deixaram o grupo em dezembro de 2009.
Os motivos da saída foram diferenças quanto ao modo de funcionamento do grupo. O modelo defendido pela Graffiti era o de uma profissionalização do setor.
A equipe via no molde adotado mais quantidade que qualidade. O Quarto Mundo soma hoje um dos maiores catálogos de publicações autorais do país.
Nesta entrevista ao blog, feita por e-mail, Sergio Chaves detalha os motivos que fizeram com que ele e Lídia Basoli, também editora da "Café Espacial", saíssem do Quarto Mundo.
Blog - Por que a opção de se desligar do Quarto Mundo?
Sergio Chaves
- A decisão foi tomada para que possamos nos dedicar aos projetos editoriais da Café Espacial. Isso nos tomará muito do nosso tempo disponível (pois a produção da Café Espcial é feita, como todo ou quase todo quadrinhista independente, nas nossas horas de folga). O principal motivo, e quase que exclusivo, é a nossa pouca disponibilidade de tempo para acrescentarmos ao coletivo. O tempo está ficando cada vez mais escasso, e isso faria com que nosso rendimento dentro do coletivo diminuísse consideravelmente - o que seria injusto e intolerável por nós mesmo, por se tratar de um coletivo. A decisão que tomamos foi justamente para o desenvolvimento dos novos projetos editoriais da Café Espacial, que seguirá para outras áreas além dos quadrinhos também. Daí a decisão.
Blog - Vocês comentam no blog da revista que estariam de olho em novos projetos editoriais? Quais são eles?
Chaves
- Neste mês, em comemoração aos três anos da revista Café Espacial, demos início à publicação de nosso informativo, intitulado "Expresso Café Espacial" - que surge com a intenção de complementar o trabalho realizado com a revista impressa. Ainda neste ano, daremos início à nossa série de cartões postais, de sketchbooks e uma nova série de buttons - além do lançamento da nossa oitavaª edição, pra dezembro. E, para 2011, a continuidade de tudo isso e muito mais.

Blog - Os colegas da Graffiti, de Minas Gerais, também se desvincularam do coletivo. Vocês são o segundo grupo de destaque do grupo a se desligar. Há algum problema interno que impeça a individualidade de cada equipe ou que eventualmente barre o crescimento?
Chaves
- Desconheço a motivação do pessoal da Graffitti, visto que não presenciei nenhuma tentativa direta deles em possíveis melhorias dentro do coletivo antes mesmo de sua saída, então não poderei comparar. Mas, como disse, nossa motivação é exclusivamente para com a Café Espacial, e não tenho crítica ou reclamação alguma ao Quarto Mundo. Pelo contrário, nós devemos muito ao coletivo, pois sem ele não teríamos chegado aonde chegamos. Vejo no Quarto Mundo uma maneira de que as pessoas possam publicar e falar quadrinhos, divulgar sua produção etc. E, dentro do coletivo, cada autor tem total autonomia para sua própria produção. Não há barreiras, limitações ou empecilhos por parte do coletivo. O Quarto Mundo nunca interferiu na linha editorial de ninguém, nunca barrou ou limitou a produção de ninguém. Na verdade, o coletivo abre as portas para muitos autores, é um caminho superimportante para o quadrinhista. E, por se tratar de um coletivo, é necessário o quadrinhista pôr a mão na massa e trabalhar também, se movimentar, e não ficar esperando que alguém trabalhe por ele. Você pode perceber que quem reclama demais é quem menos se importa, menos se envolve. É muito fácil reclamar disso ou daquilo, mas o Quarto Mundo é o melhor exemplo de que a melhor resposta é produzir e fazer acontecer. E tem feito muito bem. Fico feliz por ter participado do coletivo desde o início, mas nossa decisão foi, como disse, para nos dedicarmos a outros caminhos.

Blog - Quais os planos para a Café Espacial para 2011?
Chaves
-
A próxima edição, a de número oito, será lançada em dezembro, cumprindo nosso cronograma de lançar três edições no ano (até o ano passado eram duas, apenas). Em 2011, desejamos lançar três edições (o que não será tarefa fácil se não fecharmos anunciantes, sabemos bem), três a quatro informativos (no mínimo), e formalizaremos nossas produções com a criação de uma associação homônima à revista em circulação, visando profissionalizar nossa atividade e ampliar nossas possibilidades. Para o próximo ano, temos alguns projetos engatilhados, não só de quadrinhos, mas ainda é cedo para divulgarmos. 
PUBLICADO EM  23.11.10

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