segunda-feira, 18 de julho de 2011

O quadrinho da discórdia

Por: Pedro de Luna

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Uma das mais importantes conquistas de todos os envolvidos com o mercado de histórias em quadrinhos no Brasil é conseguir a inclusão de seus títulos nos programas governamentais de educação. Porém um caso repercutiu bastante esta semana motivando um interessante debate.


Dez na área, um na banheira e nenhum no gol (Via Lettera) é um livro paradidático que foi destinado às 3ª séries do ensino estadual de São Paulo e está sendo recolhido por ordem do governador José Serra, sob alegação de conter frases de conteúdo sexual e de duplo sentido. Segundo nota da Secretaria de Educação, foram impressos mais de 1 milhão de exemplares. Porém é uma informação do próprio governo, o que pode servir para diminuir o erro, afinal, o que são 1.000 em 1 milhão? A mesma fonte oficial divulgou que pouco mais de 1.000 livros teriam sido distribuídos. O material faz parte do programa Ler e Escrever, para alfabetização infantil, e poderia ser levado pelo aluno para leitura em casa.


OS DOIS LADOS DA MOEDA
De um lado, pedagogos alegam que o gibi “deseduca”, banaliza o sexo, e incentiva preconceitos e uso de palavrões. De outro, há quem diga que a linguagem banal já faz parte do vocabulário da maioria dos jovens do ensino médio e, logo, seria uma hipocrisia atribuir a culpa a um livro em quadrinhos. E mais: que a falha teria sido dos coordenadores pedagógicos e, por conseguinte, do descaso com a educação pública, há tanto tempo envolvida em outras irregularidades, como fraudes e tráfico de influência.


A Associação dos Cartunistas do Brasil divulgou ontem uma nota lembrando que o livro é premiado e atenta para a antiga luta de usar os quadrinhos como ferramenta de incentivo à leitura e cultura nacional. Em determinado trecho, o presidente José Alberto Lovetro argumenta que “uma criança de 9 anos assiste ao futebol com o pai, que não deve economizar em seu linguajar diante da emoção que o esporte exerce sobre seus torcedores”. E ainda: “as transmissões de futebol não conseguem evitar o som dos palavrões cantarolados pelas torcidas. Portanto não é criação dos desenhistas a linguagem chula, mas simplesmente estão colocando o que todos vêem num jogo de futebol pelas transmissões livres de censura”.


Em resumo, a ACB diz que “apenas houve um equívoco na escolha pela faixa etária a que se destinavam os livros e não uma publicação censurável como pode ter passado para o grande público”. O governador José Serra abriu uma sindicância para apurar as responsabilidades.


QUADRINHOS COMO OPÇÃO DE LAZER
A TV ainda é a maior opção cultural do brasileiro. Uma Pesquisa da Fecomércio/RJ mostrou que 77% das pessoas preferem usar o tempo livre para ver TV e 29% também para assistir vídeos. O Hábito de Lazer Cultural do Brasileiro apontou também que o nosso povo lê, em média, 4,7 livros por ano, sendo a Bíblia em primeiro lugar (45%), seguido de didáticos (34%), romances (32%), histórias em quadrinhos (27%) e religiosos (27%).


E você, leitor, o que pensa da utilização de HQs na educação?
PUBLICADO EM 16.11.10

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