segunda-feira, 18 de julho de 2011

Cartunista Laerte adota visual feminino sem ter preconceitos

Desde 2004, o artista pinta as unhas, usa salto, vestido e se depila

Por Tatiana Avilez - O Dia


A cor das unhas é rosa, pintadas com um dos esmaltes da moda, Maria Flor, o corte de cabelo é estilo chanel, a calça é reta, a sandália é de salto alto e o look é complementado com uma pashimina preta. Foi assim que o cartunista Laerte Coutinho, 60 anos, acompanhado da namorada Tuca, se vestiu para o lançamento de ‘Muchaca’, na Rio Comicon. Mas não foi algo sazonal. Laerte adotou o ‘crossdressing’ (o termo se refere a pessoas que usam roupas associadas ao sexo oposto, mas não está relacionado à orientação sexual) em 2004, interrompeu com a morte do filho, em 2005, e retomou em 2009.
Para as pessoas em geral causa estranhamento, mas Laerte não está preocupado. “Não importa como estão olhando. Preconceito ou não, não é importante. Estou vivendo um processo meu, particular, e também estou adotando um processo de contestação, é isso que tem se revelado para mim. Não me submeto aos códigos, não acredito em gêneros”.

Mas a atitude questionadora esbarra no dia a dia do universo feminino, como fazer unha e depilação a laser para não crescer a barba. “Sou obrigado a refletir e preciso pensar em muita coisa, nas combinações de cores. Minha preocupação é adequar o meu modo de ser com o de vestir”. De maquiagem, Laerte só usa lápis nos olhos e batom, mas não sabe se vai se aprimorar. “Não quero declarar uma plataforma de intenções do que vou fazer”.

O salto, um martírio para as mulheres, caiu no gosto do cartunista. “Prefiro usar salto a sapato rasteiro”. Diante da afirmação de que é preciso ser macho para se vestir de mulher, Laerte diz: “Não quero ser macho”, referindo-se ao estereótipo do machão brasileiro.

Publicado em 10.12.10

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