terça-feira, 18 de outubro de 2011

Super-heróis adolescentes: dos Novos Titãs aos Novos Mutantes.


As primeiras aventuras do Robin em 1940 e do Kid Flash no fim dos anos 50 foram uma estratégia editorial para criar uma identificação ainda maior entre personagens e público. Avançando nessa linha, em meados dos anos 60, a DC Comics lançou os Jovens Titãs, grupo que era uma espécie de versão infanto-juvenil da Liga da Justiça. Mas o verdadeiro sucesso só viria em 1980, com o lançamento da revista The New Teen Titans, produzida por Marv Wolfman e George Pérez. Trazendo heróis já conhecidos, como Robin, Kid Flash e Moça-Maravilha, a nova série também apresentava novas criações, como a feiticeira Ravena, a alienígena Estelar e o ciborgue Ciborgue. Completando o time, havia o engraçado transmorfo Mutano, um ex-membro da Patrulha do Destino. Com histórias e desenhos elaborados, The New Teen Titans trazia aventura e superpoderes, mas também drama e romance. Representando um salto de maturidade no “Universo DC”, as tramas complexas e os questionamentos pessoais pelos quais os Novos Titãs passavam cativaram os leitores da época. Havia o relacionamento amoroso entre Robin e Estelar, os problemas de aceitação enfrentados por Ciborgue e os conflitos existências de Ravena (cujo pai era um demônio de outra dimensão). Era evidente, no entanto, que as situações dramáticas e a exploração psicológica dos Novos Titãs eram a resposta da DC ao crescente sucesso de um outro grupo de super-heróis, os X-Men da Marvel (os dois grupos chegaram até a se encontrar numa edição especial).No final dos anos 70, quem começava a dar as cartas no mercado norte-americano era mesmo a Marvel, cujos heróis menos unidimensionais agradavam em cheio ao público. De fato, qualquer leitor adolescente iria se identificar mais facilmente com os dilemas do jovem Peter Parker / Homem-Aranha, do que com a infalibilidade do impoluto Clark Kent / Super-Homem. E com a chegada dos anos 80, personagens mais complexos e menos certinhos, como Noturno e Wolverine, ganharam um maior destaque. A resposta do público às HQs produzidas por Chris Claremont e John Byrne foi tão positiva que logo a revista The Uncanny X-Men se tornou uma das campeãs de vendas do mercado, dando origem a toda uma linha de revistas com heróis mutantes. Assim, em 1982, a Marvel lançou os Novos Mutantes, um grupo de super-heróis adolescentes inéditos, criados por Chris Claremont e Bob McLeod, que no ano seguinte ganharam uma série regular. Em alguns sentidos, The New Mutants era uma volta às origens dos X-Men, uma vez que os novos alunos selecionados pelo Professor X usavam uniformes semelhantes aos dos primeiros heróis mutantes. Multiétnica, a formação inicial dos Novos Mutantes contava com a índia Miragem, o caipira ianque Míssil, a escocesa Lupina, a vietnamita Karma e o “brasileiro” Mancha Solar (que se chamava Roberto da Costa, mas costumava soltar expressões em espanhol, como “Madre de Dios!”). Outros personagens logo entraram em cena, como Magma, Mágica, Warlock e Cifra. Apesar de enfrentarem desafios e ameaças semelhantes aos dos X-Men, os Novos Mutantes muitas vezes se viam às voltas com problemas e interesses próprios à sua faixa etária. O resultado foi um razoável sucesso, uma vez que os leitores da revista eram em sua maioria adolescentes que partilhavam da mesma cultura e dos mesmos questionamentos daqueles heróis. Lembro-me que havia realmente um apelo diferenciado naqueles personagens que enfrentavam super-vilões ao mesmo tempo em que lidavam com incertezas da adolescência. Além disso, a série tinha bons roteiros e pôde contar com excelentes desenhos nas catorze edições desenhadas por Bill Sienkiewicz, bem como nas duas HQs especiais ilustradas por Arthur Adams. A revista Teen Titans continua sendo publicada pela DC Comics com uma nova formação de heróis. Já a New Mutants acaba de ser relançada pela Marvel com alguns dos principais heróis da formação original. Mas, nestes casos, o melhor mesmo é optar pela qualidade das HQs originais. A DC já relançou várias coletâneas de The New Teen Titans e a Marvel tem lançado finalmente reedições de The New Mutants. No Brasil, apenas algumas histórias dos Novos Titãs criadas por Marv Wolfman e George Pérez estão disponíveis no momento. Até onde sei, a Panini não anunciou planos de relançar as aventuras dos Novos Mutantes. O certo é que os heróis adolescentes da DC e Marvel têm um lugar especial na memória de quem leu suas HQs naqueles anos 80.
Postado por Wellington Srbek

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