quarta-feira, 6 de junho de 2012

Nada se cria, tudo se copia

Na verdade, isso é algo que sempre ocorreu, ao contrário do que pensam aqueles que reclamam da “falta de criatividade” da qual as HQs padecem hoje. ( Acesse os links para maiores detalhes) Era dos Heróis da Aventura – período que marca o surgimento dos primeiros heróis, que nada mais é do que uma grande reciclagem dos personagens que já eram sucesso nos pulps – tanto por transposição fiel do personagem em si para a linguagem dos quadrinhos, quanto pela inspiração de conceitos e ideias.
Após esse período, tivemos a Era de Ouro, que foi um lampejo absoluto de criatividade de diversos quadrinhistas. Opa, eu disse “absoluto”? Mais ou menos, não é? Afinal, convenhamos, Superman pode ter sido o primeiro super-herói da história, mas os gregos já haviam pensado nisso há 3.000 anos atrás.
A Era de Prata basicamente pegou tudo o que foi feito na anterior e adaptou para os novos tempos, inserindo conceitos científicos para acompanhar o boom tecnológico que se iniciava na época. Há méritos indiscutíveis como a humanização dos personagens pelas mãos de Stan Lee, mas nada que não vinha sendo feito na própria literatura há centenas de anos.
E por fim, temos a Era de Bronze, que manteve os mesmos conceitos, porém mudou a forma como os heróis se comunicavam com o público (obviamente, por que o público havia mudado) – um fenômeno similar ao que vem ocorrendo nas HQs contemporâneas.
Ok, mas isso tudo é ruim?
Em absoluto. Nada disso tira o mérito ou a qualidade do que foi publicado nesses quase cem anos de Nona Arte. Então vamos ver alguns conceitos que foram repaginados e que você nem imagina.
Visão: o personagem original foi criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941 e era inspirado no Gênio da Lâmpada. O herói vivia em outra dimensão e conseguia se materializar na nossa através da fumaça, tornando-se tangível, para enfrentar criminosos. Stan Lee aproveitou a maior parte do visual – inclusive os olhos sem pupilas – quando o trouxe para a Marvel nos anos 60. O Visão chegou a sair no Brasil pela revista Gibi Mensal.
Demolidor: Stan Lee era mestre em repaginar conceitos antigos. O primeiro Demolidor (Daredevil) surgiu em 1940 pela mente insana de Jack Cole, criador do Homem-Borracha e, até onde sei, jamais foi publicado no Brasil. Vale lembrar ainda que o Demolidor é um dos heróis que fazer parte do Project Superpowers de Alex Ross, uma série publicada pela Dynamite que visa resgatar vários personagens que caíram em domínio público.
O Escudo: e falando na dupla Simon e Kirby, os criadores do Capitão América basearam seu mais famoso filhote em outro herói patriota lançado um pouco antes, o Escudo, criação de Charles Biro e Irv Novick. Detalhe, o primeiro escudo triangular do Capitão era idêntico ao uniforme do herói, o que motivou a mudança para o escudo circular que conhecemos, evitando assim um processo por direitos autorais. O Escudo chegou a ter um parceiro mirim, BOB (Dusty nos EUA) e foi publicado no Brasil em diversas ocasiões, no Gibi Mensal e Globo Juvenil. Aliás, o Escudo recentemente passou a ser publicado pela DC Comics, como você já viu aqui no SOC!.
Hakan: E os brazucas também bebem na fonte. Este bárbaro que combate Trolls, monstros e feiticeiros em um mundo épico foi criado pelo excelente Mozart Couto e saiu em revista própria pela Noblet, buscando pegar carona na Conanmania que varreu a década de 80.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...