Por Milena Azevedo - GHQ - 10.09.12
Descontração foi a palavra-chave da 6ª edição do HQPB, a convenção de quadrinhos e cultura pop que ocorre anualmente em João Pessoa.
Ocupando quase toda a área do Espaço Cultural José Lins do Rêgo, o evento contou com campeonatos de card games, videogames, arena de swordplay, exibições de animações e longas-metragens live action, exposições dos artistas convidados e dos alunos do Studio Made in PB, exposições de action figures variadas e das revistas de Tex pelo colecionador G. G. Carsan, stands de quadrinhos e acessórios para cosplay, oficinas, palestras, sketch session e uma super mesa-redonda que já entrou para a história.
Desde o ano passado, a comissão organizadora do HQPB presta homenagem a um artista da terra que tenha contribuído para o desenvolvimento da arte sequencial no Estado. Em 2012 o homenageado foi Luzardo Alves, o criador da Bat-Madame.
Luzardo, um jovem senhor de fala mansa, abriu a mesa-redonda do dia 08 de setembro ao contar sua trajetória profissional. Contratado e apadrinhado pelo próprio Assis Chateaubriand para ser um dos desenhistas que iria dar continuidade ao trabalho de Péricles na série O Amigo da Onça, trabalhou seis anos na Revista O Cruzeiro e assim começou a fazer um nome. Quem se juntou à mesa foi o bem-humorado Prof. Barreto, grande incentivador das artes paraibanas, que ao se aposentar criou um projeto para ministrar aulas de desenho e pintura no IFPB, e o Deodato Taumaturgo Borges, popularmente conhecido por Deodato “pai”, criador de um dos primeiros super-heróis paraibanos, o Flama, em 1963.
Capitaneados por Paloma Diniz, o trio contou algumas histórias curiosas, cômicas e tristes, de seus anos trabalhando em jornais, abrindo caminho para a nova geração de quadrinistas, como Joe Bennett (que após três convites, finalmente conseguiu ir a João Pessoa), Will Conrad e Mike Deodato Jr. (que foi intimado a se juntar àquela Liga da Justiça, e narrou resumidamente a profunda importância de seu pai em sua carreira).
Impossível ficar sério enquanto Joe Bennett e Mike Deodato trocavam “insultos” carinhosos e o Bennett finalizava com seu vozeirão peculiar: “Eu sou teu fã, Cabeçudo!”.
Houve até disputa na plateia no momento de fazer perguntas aos convidados, que responderam sobre trabalhos autorais, influências, possibilidade de colocar rostos famosos e de parentes na HQs que desenhavam, a delicada questão da não devolução dos originais por parte de algumas editoras e jornais brasileiros, e até sobre se havia competição entre os artistas que trabalhavam na DC e os que trabalhavam na Marvel, com a pérola: “Quem é mais rico, Bruce Wayne ou Tony Stark?”, ao que Bennett retrucou: “Você tem namorada?”, e todos caíram na gargalhada.
Após duas horas desse bate-papo informal e agradabilíssimo, Paloma entregou a placa em homenagem ao Luzardo Alves, e o idealizador do HQPB, Janúncio Neto, anunciou que todos fizessem fila para receber posters do Gavião Negro, Wolverine e X-men (que haviam sido distribuídos no Jornal da Paraíba àquela manhã) para que pudesse ser realizada uma sessão quase privê de autógrafos no auditório.
Aproveitei também para pedir um sketch da Bat-Madame para o Luzardo (que me confessou não desenhar a personagem há muitos anos, mas caprichou no traço) e para tirar uma foto com ele e com Deodato “pai”.
Outro encontro bacana foi com o desenhista Jack Herbert. Levei meus dois TPs de Battlestar Galactica e pedi de bônus um sketch do Adama, que o Jack fez com todo o carinho pra mim.
Não pude acompanhar todas as atrações, mas gostei de tudo o que vi, e pude constatar que os quadrinistas paraibanos além de fazerem bonito no traço, também sabem fazer evento de grande porte.
Mesmo com uma pequena multidão aglomerada no Espaço Cultural, a organização do HQPB deu um show, com as devidas equipes empenhadas de fazer o melhor para que tudo corresse dentro do previsto.
Abaixo imagens do HQPB.
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