Apesar do mercado ser escasso, a internet ajudou os desenhistas a divulgarem os seus trabalhos.
Por Nominuto - 23.09.12
A equipe do Nominuto.com conversou com três desenhistas para falar um pouco sobre a profissão.
O desenhista Leander Moura é formado em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e cria histórias em quadrinhos, ele é um quadrinista. Moura começou a desenhar no período em que fazia a alfabetização no qual lia gibis, como "A Turma da Mônica".
“Com o passar dos anos fui tendo um maior interesse pelos quadrinhos. Assim, prestei vestibular para o curso de Artes Visuais, e lá foi onde tive mais acesso a uma gama de informações sobre o mundo da arte, seja no campo teórico ou prático”, afirmou o quadrinista. Antes da faculdade, em 2001, ele realizou um curso de serigrafia e lá, conheceu diversas pessoas interessadas em desenhos.
Seu primeiro trabalho profissional foi realizando ilustrações para o livro do professor do Departamento de Artes da UFRN, Tassos Lycurgo. A obra se chama ‘’Variações do Indizível – Ensaios de Risco’’ e foi publicada no ano de 2010. “Foi bastante gratificante saber que o autor apreciou minha visão de seus textos”, conta.
Hoje, Leander não sabe a quantidade de trabalhos realizados, mas já fez muitos para o selo potiguar K-Ótica, que traz quadrinhos de muitos natalenses. Em março de 2012, ele e Marcos Guerra lançaram a segunda edição de “O Evangelho Segundo Sangue”, que fala de uma Natal no ano de 1810 e conta a história de um rapaz chamado Hugo Ribeiro que foi à cidade para investigar a morte da esposa.
O desenhista Wanderline Freitas entrou nessa profissão quando começou a trabalhar numa serigrafia em São Rafael (RN), no ano de 1992. Hoje, seu trabalho se estende para quadrinhos, ilustrações, caricaturas e entre outras coisas. Em 2006, ele publicou seu primeiro HQ ‘Eni Guimá e o Diamante Vale Ouro’.
Freitas, que mora em Assu, conta que a internet facilitou na dispersão de seus trabalhos para vários lugares. “Com a internet, o trabalho do desenhista viaja sem precisar que o mesmo precise sair de onde está”, conta.
Ele ainda lembrou que a profissão ainda tem as suas dificuldades no estado, pois existe uma parte da população que desacredita que o desenho tenha algum valor financeiro. “As pessoas ainda acham que desenhar é só pegar um lápis e papel e está feito. Elas não veem o tempo que levou para chegar até ali, que [o artista] passou estudando e vendo a melhor forma de sua arte ficar boa”, disse.
Leander comentou que o mercado em Natal já melhorou bastante e as pessoas tem dado um pouco mais de atenção a esses profissionais. Para ele, os desenhistas são bastante requisitados pelo mercado de publicidade.
Mas, tem natalense que conseguiu lançar os seus trabalhos para fora do país e este é o caso do artista Gabriel Andrade Júnior. Ele já lançou 20 quadrinhos para os Estados Unidos e três para o Brasil. Júnior falou que seu interesse em trabalhar no ramo surgiu quando descobriu que tinha conhecimento necessário e que era possível se tornar um quadrinista.
Sua primeira obra foi “The Last Convert of John Harper" da editora americana Kingstone Comics, que pertence à Atlantic Studios. Ele conseguiu esse trabalho a partir de uma sugestão do seu amigo, o também desenhista Wendell Cavalcanti. Gabriel Andrade Júnior disse que reúne todos os seus trabalhos através de um portfólio criado na internet. Hoje, ele trabalha no estúdio Impacto Quadrinhos.
“Esse é o melhor modo para apresentar às editoras os meus desenhos e foi através da análise [do meu portfólio] que consegui o meu primeiro trabalho”, afirma.
Ele também desenha para Avatar Press e está criando uma série chamada "Ferals", junto
com o premiado quadrinista norte-americano David Lapham. Ele conta que os desenhistas que lhe inspiram são Adam Hughes, Eddy Barrows, Jim lee, John Buscema, Milo Manara e Ivan Reis.
Gabriel comentou que além de saber desenhar, o artista, para ser bem sucedido, precisa estar junto com a tecnologia. “É preciso estar antenado com novas tecnologias, softwares e processos criativos. Investir nesses conhecimentos é essencial para se tornar um profissional competitivo em qualquer área”, afirma.
Os três desenhistas afirmaram que um bom desenhista precisa ser bastante dedicado, esforçado e estudar bastante as artes. “A cada dia temos algo a aprender, pois a arte não tem ponto de parada”, disse Wanderline Freitas.
Ao ser questionado sobre o que mais gosta da profissão, Gabriel Andrade Júnior respondeu: “O fato de você ser conhecido e valorizado por uma habilidade que você construiu com muito esforço e dedicação”.
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