A Boitempo Editorial iniciou nesse mês de julho o seu selo de quadrinhos que levará o nome “Barricada”. O selo publicará quadrinhos nacionais e internacionais garimpados por um conselho editorial composto por Luiz Gê (que fez a marca do selo), Rafael Campos Rocha, Ronaldo Bressane e Gilberto Maringoni.
Como o próprio nome sugere, Barricada deve apresentar títulos libertários e “de resistência” que se destacam inovando o cenário independente de quadrinhos. O leitor encontrará pérolas, como a ironia feminista da alemã Franziska Becker em Último aviso, que terá em sua quarta capa, uma ilustração de Laerte.
Outra promessa é o lançamento do primeiro volume da antologia Cânone gráfico: clássicos da literatura universal em quadrinhos (The Graphic Canon) organizada por Russ Kick, e Claun: a saga dos bate-bolas, sobre fábulas urbanas cariocas, parte do projeto brasileiro transmídia do cineasta Felipe Bragança, corroteirista do longa Praia do futuro.
Esses serão os três primeiros títulos do selo e estão previstos para o segundo semestre de 2014, com lançamento em julho, agosto e novembro, respectivamente. Confira abaixo uma breve descrição sobre cada um:
Último aviso, de Franziska Becker - Obra traz o olhar feminista afiado da alemã Franziska Becker sobre temas bem variados da vida privada e social, como moda, dinheiro, relacionamentos, política, religião e mídia. Iniciada no mundo das charges, caricaturas e histórias em quadrinhos na década de 1970. Considerada uma das melhores cartunistas alemãs, Franziska Becker oscila brilhantemente entre a profunda seriedade e bobagens absurdas.
Com o conjunto de seus trabalhos, Franziska criou uma grande crônica sobre o contemporâneo, abordando situações familiares e atuais, mas de relevância atemporal. Sua visão do mundo cria um retrato surpreendente e irritante de nossa existência, sempre colocando o leitor entre o sonho e a realidade. Último aviso é seu melhor e mais belo trabalho e será editado pela primeira vez no Brasil pela Boitempo.
Graphic Canon, organização de Russ Kick – A fantástica antologia editada por Russ Kick reúne talentosos quadrinistas e artistas gráficos lendários com o melhor da literatura de todos os tempos. “A ideia parecia óbvia, mas ninguém a tivera ainda: criar um livro da espessura de um tijolo que abrangesse séculos, países, línguas e gêneros. E incluísse romances, contos, poemas, peças, autobiografias, discursos e cartas, obras científicas, filosóficas e religiosas”, resume Kick na apresentação.
O primeiro volume – com 51 histórias e cerca de 400 páginas – da trilogia nos leva por uma viagem visual, das primeiras experiências literárias da humanidade até o final do século XVIII. Sob o olhar de alguns dos mais reconhecidos artistas gráficos da atualidade, como Will Eisner, Robert Crumb, Molly Crabapple, Seymour Chwast e Peter Kuper.
O livro cobre desde os grandes épicos como A epopéia de Gilgamesh, a Ilíada, e As mil e uma noites, até peças de Shakespeare e obras como A divina comédia, passando pelas tragédias de Eurípides e Aristófanes.
Como não poderia deixar de ser, o volume é amplo em sua abordagem da literatura religiosa, desde o Novo e o Velho Testamento até poesia sufi de Rumi, o Mahabharata hindu e o Popol Vuh, livro sagrado dos maias, assim como histórias da Ásia, China e Tibete. Além de ensaios ilustrados de Benjamin Franklin e Platão, o volume conta com a rara adaptação feita por Robert Crumb de Diário londrino, de James Boswell.
“Cada peça vale por si, mas juntas formam um vasto caleidoscópio de arte e literatura. Um arco-íris de abordagens visuais foi aplicado ao tesouro dos grandes escritos do mundo, e algo maravilhosamente novo ganhou forma. E esse é o ponto principal do Cânone gráfico. Ele pode ser encarado como um instrumento educacional, e espero que seja usado dessa maneira. Pode-se dizer que ele levará as pessoas a ler as obras originais da literatura; isso me deixará muito feliz. Mas, no fundo, esta antologia titânica, em três volumes, é uma obra artística e literária independente, um fim em si”, conclui o idealizador do projeto.
A fusão estética e ritualística dos clóvis cariocas surgiu de um caldo que juntava na região portuária do Rio a cultura negra dos ex-escravos, a portuguesa da pequena burguesia de comerciantes e as influências difusas e diversas dos marujos europeus. A palavra “clóvis”, diz a lenda, seria uma corruptela de “clown”, escutada da boca dos marujos alemãs que trouxeram a tradição das máscaras do carnaval de Colônia para a cidade nas primeiras décadas do século XX.
A arte é de Daniel Sakê, Gustavo M. Bragança e Diego Sanches Martinez, com colaboração de Aloyzio Zaluar (artista convidado). Felipe Bragança, idealizador do projeto, é um nome em ascensão no cinema brasileiro e foi corroteirista dos filmes Praia do futuro e O céu de Suely, junto com Karim Aïnouz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário