sexta-feira, 8 de junho de 2012

A produção de quadrinhos: o tempo e a modernidade.

Por Amauri de Paula -QUADRINHO.COM

Não se produz mais no ritmo que se produzia antes. Nossos relógios psicológicos estão comprometidos a um tempo virtual impraticável de ser reproduzido no mundo real. Consequência: stress.
Há muita conversa, boa e conversa-fiada, sobre os hábitos de leituras que teremos daqui por diante. Isso parece claro. Mas a tendência é se aproximar mais da prática de "ser humano" ou apenas uma engenhoca que nos lembra Carlitos em Tempos Modernos? Não sei, e a resposta não está aí fácil, porque as contas agora chegam mais rápido também. Para tentar compensar trabalhamos mais. Nos divertimos menos e lemos menos criticamente.
Devem haver estudos que embasam meus argumentos. Eu digo "devem" porque normalmente há estudos para praticamente tudo, do mais importante ao mais improvável. Agora em pauta o hábito de leitura.
Ler ( e no nosso caso trata-se quadrinhos) é um ato que requer um certo ritual, eventualmente soa até quase como uma coisa abandonada. Mas paz, a música certa e a catarse que nos permite entrar nos personagens em vivenciar as histórias. Nossa cultura foge um pouco da cultura dos mangás e suas leituras de metrô. Lemos no transporte coletivo é verdade (e alguém deve ter feito uma pesquisa sobre isso também), mas creio estamos perdendo a batalha de qualidade de leitura em função de um elemento modernizador da leitura, que é esse veículo pelo qual me comunico com vocês.
O e-mail já não nos basta para comunicar. Precisamos de mais velocidade. Precisamos de mais tempo para compor em nossa mente a sinfonia de uma boa leitura.
E precisamos voltar a bússola, ao relógio, as estrelas e poder assistir a um por-do-sol com tudo isso que nos diz que o tempo está acabando desligado. É minha opinião, porém talvez encontremos dessa forma a inspiração para novas histórias e novos projetos.
Bom final de semana. Juízo amigos. Não tem foto nem é documento, mas levem consigo até as urnas. E vejam o nascer/por-do-sol para exercitar sua existência na vida e não no sistema.
"Uma das grandes desvantagens de termos pressa é o tempo que nos faz perder." (Chesterton)
"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem."
(Marcel Proust)

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