Por Hugo Silva - Fanboy
Mantlo-Buscema no ataque |
Rom |
Nesta coluna irei abordar uma dupla que produziu várias revistas de qualidade, quer na arte visual, quer no argumento ali apresentado. A dupla em questão é formada pelo escritor Bill Mantlo e pelo artista Sal Buscema. Estes dois, além de terem produzido uma das melhores fases de sempre do Incrível Hulk, foram os responsáveis para transpor e criar para o mundo das revistinhas as aventuras de um brinquedo que era produzido àquela altura, Rom, o Cavaleiro do Espaço.
Para quem se lembra das histórias produzidas por Mantlo (no seu tempo áureo, não as de final de carreira), os temas Espaço, Mistério e Fantasia eram algo que ele já utilizava com alguma regularidade, tudo com muita ação à mistura. A arte de Buscema criou de forma perfeita e linear os vilões daquele universo, e quando o mesmo foi substituído no número 59, a arte não ficou muito afetada, já que o seu substituto, o veterano Steve Ditko, tinha um traço que era em tudo semelhante ao utilizado pelo Buscema.
De brinquedo a herói dos gibis |
O boneco Rom |
1) O género de ficção científica era algo muito em voga na década de oitenta e livros relacionados com isso geravam sempre algum interesse por mais desconhecidas que fossem as personagens principais (A DCexperimentava o mesmo com o Esquadrão Atari por exemplo).
2) A arte de Sal Buscema era a ideal para retratar todo aquele universo em que o Rom se movimentava e como a união do artista com o escritor Bill Mantlo já era conhecida de outros títulos, havia a esperança de que pelo menos algum número de fãs seguisse a dupla para o próximo projecto em que colaborassem.
3) O constante crossover com heróis e vilões conhecidos do universo Marvel, ajudava a que aqueles que não seguissem o comic tivessem então conhecimento do mesmo. Todos participaram, desde o Capitão Marvel aos X-Men, fazendo com que os fãs desses heróis dessem de cara com este novo herói e a saga apaixonante que envolvia o mesmo.
A estréia de Rom |
A história de Rom começa num planeta distante, Galador, onde os seus habitantes (humanóides como os terrestres claro) depois de terem sido alvos de um ataque feroz por parte de uma raça alienígena (estes já eram convenientemente parecidos com monstros), os malignos Espectros (wraithno original que, para além dos seus poderes de transmorfos, eram uma raça guiada pela maldade e pela ferocidade), formaram uma força de elite chamada Cavaleiros do Espaço (Spaceknights). Os Cavaleiros do Espaço não eram mais do que cyborgues (metade humanos, metade máquinas) cada um deles com um poder ou arma específica.
O maior problema nisto tudo, era o de que os habitantes do planeta cresceram numa cultura em que a humanidade era considerada sagrada e abdicar da mesma, mesmo que fosse para proteger o seu planeta, tornava-se algo de inconcebível sendo raros os voluntários para esta força de elite. ROMavançou, sendo o primeiro dos jovens a sujeitar-se a este tratamento atraindo com isso mais jovens para o exército que se queria formar de mil Cavaleiros do Espaço. Uma força de elite com robôs, era essa a premissa do brinquedo, e tendo cada um o seu próprio poder e uma arma específica poderia ser algo de que as crianças fossem gostar. Claro que para um livro a coisa teria que ser mais aprofundada eBill Mantlo criou toda uma trama a partir desta pequena origem.
Quando os Espectros decidiram atacar o planeta, os mesmos foram derrotados pela força de elite liderada por ROM que, não contente com a vitória, decide perseguir os seus inimigos até o seu planeta de origem. Lá uma das raças dos Espectros usa de feitiçaria para atrasar o nosso herói e permitir que os mesmos fujam pelo universo fora. Voltando a Galador, ROM convence os restantes Cavaleiros do Espaço a embarcar numa perseguição à raça dos Espectros por todo o universo, algo que durou 200 anos até que a mesma chegou a um planeta chamado Terra.
A vida na Terra |
Rom sem a armadura |
Aqui, e para contrabalançar a acção, mistério e aventura que se vivia nas aventuras de ROM, entra em acção o factor romântico quando Brandy se apaixona pelo nosso herói e este (apesar da mesma chegar a estar noiva e tudo) começa também a corresponder aos seus sentimentos. Isto gerou histórias atrás de histórias, como uma em que chegou-se a colocar ROM assassinando o noivo fazendo com que todos pensassem que isso tivesse sido por ciúmes, quando na verdade era um espectro disfarçado de humano que tinha assumido o lugar do noivo e amigo de ROM.
Aliás esta era uma altura em que ROM começava a ter amigos um pouco por todo o planeta, alguns chegando a ficar constantemente ao seu lado, como foi o caso do eterno sidekick Rick Jones e de uma rapariga chamada Cindy Adams, que ficou traumatizada pela morte de um Espectro ficando com as memórias deste na mente dela. Quanto aos super heróis da Marvel foram nada menos que uns 90 a marcar presença no livro, desde a Força Imperial de Shiar aos heróis de Xandar, passando por heróis terrestres de segunda linha como Valete de Copas ou Homem Formiga a heróis como Capitão América e os X-Men.
Rom encara os X-Men |
Claro que muitos destes encontros obedeceram à ordem suprema dos quadrinhos, dois heróis encontram-se e defrontam-se após um mal entendido sendo que no fim se unem para enfrentar uma ameaça em comum. Claro que ROM também teve a sua quota-parte de encontros com Super Vilões desde a raça dos Skrulls, passando pela Irmandade dos Mutantes e até arautos doGalactus.
A saga deste herói acabou em grande, envolvendo muitos dos heróis deste universo. E sem a participação de alguns deles, como o mutante Forge, o nosso planeta corria risco de ser substituído pelo planeta dos Espectros, já que estes queriam substituir aTerra e tomar o lugar do mesmo na órbita com o nosso sol. MasROM, unindo os seus esforços com os do governo Norte-Americano e com quase todos os grandes super heróis da Terra, conseguiu banir todo a raça e o seu planeta para o Limbo acabando assim com a ameaça dos mesmos. Mas não pensem que o fim foi bonito, longe disso, já que todos os habitantes de Clairton a quem ROM se tinha habituado a chamar de amigos, foram assassinados pelos Espectros inclusive o seu parceiro Torpedo.
A volta pra casa |
Galactus chega a Galador |
Beyonder levou isso à letra e enviou-a para o planeta de origem deROM, onde ela descobriu que os humanóides de lá haviam sido extintos devido a uma segunda geração de Cavaleiros do Espaço que se havia tornado maligna. Com a ajuda de ROM e um pequeno grupo dos originaisCavaleiros do Espaço eles conseguem derrotar as suas contra-partes malignas e ficar com o planeta só para eles.
Após uma solução milagrosa para ROM recuperar a sua humanidade (esta estava contida numa esfera de energia que após o toque do herói fez este recuperar a sua humanidade), este e Brandy decidem tomar a responsabilidade de repovoar o planeta (missão penosa) enquanto que o restante grupo dosCavaleiros do Espaço tomava a missão de guardar o espaço.
Superalmanaque Marvel #1 |
E assim chegou ao fim uma saga que no geral teve bastantes pontos positivos e uma história que empolgou e emocionou muitos leitores. Uma saga que durou muito mais do que inicialmente previsto devido ao sucesso da mesma junto do público e que ainda hoje tem algum peso nas sagas da editora Norte-Americana.
É o caso da personagem Hybrid que depois das páginas de ROM, pode ser encontrado também na recente saga da Marvel, Civil War. ROM chegou a aparecer também em diferentes cameos, como aquando do casamento do seu amigo Rick Jones com a Marlo.
No Brasil, a Abril Jovem aproveitou o trabalho que vinha publicando da dupla Mantlo/Buscema na revista do Incrível Hulk e, numa jogada esperta, joga a saga do Rom no mix da revista. Estava criado mais um clássico no Brasil, já que os fãs abraçaram as aventuras e a mesma se tornou um sucesso até o seu culminar numa das grandes apostas da editora brasileira, a revistaSuperalmanaque Marvel, que teve logo no seu #1 o fim desta saga. Foi uma despedida em beleza para uma saga que merecia ter terminado assim mesmo, num especial, e não apenas na revista de linha onde era publicada.
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