Por Henrique Magalhães - Marca de Fantasia
Editor: Edgard Guimarães
N. 114, mar/abr de 2012. 24p, 14x21cm,
N. 114, mar/abr de 2012. 24p, 14x21cm,
Pedidos para o editor: edgard@ita.br
O QI, de Edgard Guimarães, chega ao número 114 e faz-nos lembrar que há mais de dois anos atingiu a emblemática centésima edição. As mudanças estruturais que ocorreriam na publicação, como tão especulado na época, afinal não aconteceram, o fanzine não sofreu nenhuma ruptura com a estrutura anterior, mas vem mudando gradualmente, deixando de ser, a cada número, uma revista de resenhas para ser uma publicação reflexiva.
Pegando o espírito do novo QI, vale uma reflexão: o fluxo produtivo dos fanzines impressos está em franco decréscimo ou sua escassez nas páginas do fanzine seria uma das mudanças em seu projeto editorial, que abriu mais espaço para a opinião? Certamente ambas as respostas são afirmativas, visto a ascensão da comunicação instantânea proporcionada pela internet reduziu o ímpeto pela produção de fanzines, e o desejo do editor, em transformá-lo num espaço de discussão.
Com isso ganham a revista e, principalmente, o leitor, que encontram no QI o espaço não só necessário para a reflexão sobre a arte, assim como um suspiro a compensar o foco cada vez mais raro sobre os quadrinhos nas publicações comerciais. Reiterando o que disse Roberto Hollanda na seção Fórum dessa edição, a revista parece mais “confortável”, “onde você publica livremente, de forma mais solta, sem grandes patrulhas (não que houvesse censura, mas agora parece despretensioso)”. Concordando com Hollanda, parece que agora Edgard se diverte mais editando o QI.
Essa sensação de prazer é o que se sente ao ler mais uma edição do fanzine, que sempre nos parece agradável e essencial. Nele Edgard se coloca de forma mais espontânea em textos que visam diversas abordagens sobre os quadrinhos, dos “mistérios do colecionismo” às reflexões sobre a arte, a exemplo do texto “Quadros em sequência”. Ponto também para o colaboradores e para os articulistas da seção Fórum, que mantêm vivia e rica a publicação, com engajamento e participação, tão caros ao universo dofandom.
Outra particularidade que faz a riqueza do QI são as capas, que trazem a genialidade conceitual e gráfica do editor. Por outro lado, a republicação de seus desenhos remotos já comprovam, de forma indicativa, esse domínio que ele esbanja hoje. O QI continua sendo um dos principais fanzines brasileiros, a demonstrar que com planejamento, força de vontade e uma boa dose de lirismo se pode fazer algo dialógico, despretensioso e fundamental. Os quadrinhos agradecem.
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