sábado, 7 de janeiro de 2012

Os 20 Melhores Quadrinhos de 2011 segundo a revista "O GRITO"

Por O Grito

Pelo quinto ano con­se­cu­tivo rea­li­za­mos a lista das HQs de des­ta­que no mer­cado edi­to­rial bra­si­leiro. Convidamos jor­na­lis­tas e crí­ti­cos espe­ci­a­li­za­dos em qua­dri­nhos para esco­lher as melho­res obras. No ano em queuma lei de cota para auto­res naci­o­nais está sendo dis­cu­tida, temos mui­tos bra­si­lei­ros neste Top 20.
O ano tam­bém foi muito bom para as edi­to­ras estre­an­tes. Nemo, SM Edições e Agaquê, entre mui­tas outras trou­xe­ram ainda mais diver­si­dade para as livra­rias. E os inde­pen­den­tes mos­tra­ram força: Vitor Cafaggi, a dupla Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho con­se­gui­ram reper­cus­são e elo­gios da imprensa com seus álbuns.
Para com­por a lista, pedi­mos que os votan­tes lis­tas­sem 10 HQs lan­ça­das no Brasil em 2011. Cada posi­ção equi­vale a um ponto, em modo decres­cente. O pri­meiro lugar ganha 10 pon­tos, o segundo, 9 pon­tos e assim por diante. No final, os pon­tos de todas as lis­tas indi­vi­du­ais são soma­dos e che­ga­mos ao ran­king final. Como cri­té­rio de desem­pate, leva­mos em conta o número de vezes que a obra é citada.
O texto de apre­sen­ta­ção das HQs nessa lista tive­ram a cola­bo­ra­ção de posts do Papo de Quadrinho, nosso blog de HQ. Que 2012 seja ainda mais incrí­vel que este ano.

20
GENESIS APOCALÍPTICOS E OS INEFÁVEIS
Lewis Trondheim (Marca da Fantasia)
Cofundador da impor­tante edi­tora fran­cesa L’Association, Trondheim não tinha nenhuma de suas obras lan­ça­das no Brasil. A inde­pen­dente Marca de Fantasia, de João Pessoa, dri­blou essa nossa defi­ci­ên­cia e trouxe o incrí­vel tra­ba­lho do fran­cês para o País. Ele esteve inclu­sive no País, em outu­bro, onde pas­sou até pelo Recife. Neste livro que reúne dois livros do autor, ele trata da ori­gem do mundo, do apo­ca­lipse e um curi­oso uni­verso de homens e mulhe­res “batatas”.
19
O LOUCO A CAIXA E O HOMEM
Daniel Esteves e Will (Independente)
Esta HQ indie é uma cola­bo­ra­ção entre Will (MSP + 50) e Daniel Esteves (da Nanquim Descartável). “À medida que o diá­logo entre o Louco e o Homem avança, o humor vai cedendo lugar ao drama, até a con­clu­são em que o lei­tor se ques­ti­ona quem é mesmo o Louco e quem é o Homem. Diferente da outra HQ, o traço futu­rista de Will parece con­fli­tar com a trama for­tuita de Esteves, o que deixa a lei­tura ainda mais inte­res­sante. Na ver­dade, este apa­rente con­flito deixa a his­tó­ria mais uni­ver­sal, pro­vando que pode­ria se pas­sar em qual­quer tempo ou espaço.” — Jota Silvestre, no Papo de Quadrinho.
18
VALENTE PARA SEMPRE
Vitor Caffagi (Independente)


Valente para Sempre é uma com­pi­la­ção das 72 tiras publi­ca­das no jor­nal O Globo. Num mundo habi­tado por ani­mais, Valente é o cão­zi­nho apai­xo­nado e ide­a­lista, numa busca ansi­osa pela garota dis­posta a rece­ber todo o amor que ele tem para dar. Apesar do tom de fábula, o mundo de Valente é o mundo real, com sua cota de dis­sa­bo­res, dúvi­das, angús­tias e aquela inse­gu­rança típica da pré-adolescência, que o pro­ta­go­nista não sem importa em com­par­ti­lhar com sua melhor amiga Bu e com todos os lei­to­res. — Jota Silvestre.
17
PREACHER VOL. 9 — ÁLAMO
Garth Ennis e Steve Dillon (Panini)
A edi­ção era uma lenda den­tro do mer­cado naci­o­nal de qua­dri­nhos: que mal­di­ção tinha a série Preacher, da Vertigo, que nenhuma edi­tora con­se­gue concluí-la? A Panini cum­priu sua pro­messa de encerra a série por aqui, fazendo a feli­ci­dade dos cole­ci­o­na­do­res. Aqui vemos Jesse Custer no fim da sua mis­são de des­truir nin­guém menos que Deus. Toda a insa­ni­dade de Garth Ennis levado às últi­mas consequências.
16
A BALADA DE JOHNNY FURACÃO
Eduardo Felipe (Editora Flaneur)
A jovem edi­tora cari­oca Flaneur lan­çou esta HQ de Eduardo Felipe, tam­bém conhe­cido como Mestre Sama, que se baseou em um verso de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Bebendo na fonte do cinema pulp, o livro mos­tra uma his­tó­ria de vin­gança e seu traço preto e branco tem forte ins­pi­ra­ção de nomes como Alfred Hitchcock. Com pas­sa­gens pela TV e já tendo cola­bo­rado em publi­ca­ções como piauí e Heavy Metal, Sama ainda pre­cisa con­quis­tar seu mere­cido reconhecimento.
15
CASTELO DE AREIA
Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters (Tordesilhas)
Um dos con­cor­ren­tes do pres­ti­gi­ado fes­ti­val Angoulême este ano, esta HQ chega pela edi­tora estre­ante nos qua­dri­nhos, a Tordesilhas. Vencedor de um Oscar e sendo conhe­cido pelo seu tra­ba­lho como docu­men­ta­rista, Oscar Lévy ainda é pouco conhe­cido no Brasil. O mesmo vale para o sueco Peeters. A his­tó­ria do álbum se passa em uma praia, onde uma cri­ança encon­tra um cadá­ver de uma mulher.
14
ERA A GUERRA DAS TRINCHEIRAS
Jacques Tardi (Nemo)
Vencedora de diver­sos prê­mios inter­na­ci­o­nais, a HQ chega pelo novo selo da edi­tora Autêntica, Nemo. Tardi revela todos os hor­ro­res da Primeira Guerra Mundial, como pano de fundo para denun­ciar o lado desu­mano dos con­fli­tos. Publicada ori­gi­nal­mente em 1993, esta obra é base­ada nas memó­rias do avô do autor, assim como outras de suas HQs anti-guerra.
13
676 APARIÇÕES DE KILLOFFER
Patrice Killoffer (Leya / Barba Negra)
Um dos prin­ci­pais nomes das HQs fran­ce­sas hoje, Killoffer tra­ba­lha num campo muito expe­ri­men­tal que vem pro­pondo novos cami­nhos para o gênero. Esse álbum narra diver­sas refle­xões do autor a res­peito do seu coti­di­ano e tam­bém sobre relacionamentos.
12
QUANDO MEU PAI ENCONTROU O ET FAZIA UM DIA QUENTE
Lourenço Mutarelli (Quadrinhos na Cia / Companhia das Letras)
Demorou para que Lourenço Mutarelli retor­nasse aos qua­dri­nhos. Desiludido com o gênero e empol­gado com a boa reper­cus­são de sua car­reira lite­rá­ria, o autor dei­xou de lado os dese­nhos. Por isso, Quando Meu Pai… é uma obra tão aguar­dada e rece­bida como o retorno de um dos mais conhe­ci­dos auto­res naci­o­nais. E sua volta é con­tro­versa. Com ape­nas um qua­dro por página, o livro che­gou até a des­per­tar inda­ga­ções: é uma HQ, um livro ilus­trado? O que temos, com cer­teza, é a força cri­a­tiva intacta de Mutarelli, que segue experimentando.
11
ORDINÁRIO
Rafael Sica (Quadrinhos na Companhia / Companhia das Letras)
Esta HQ reúne tiras que foram publi­ca­das na inter­net, quando Rafael Sica foi reve­lado em seu blog. A edi­ção da Companhia das Letras ainda traz algu­mas ilus­tra­ções exclu­si­vas. O traço de Sica revela o deses­pero pre­sente nos momen­tos mais banais do cotidiano.
10
O BEIJO ADOLESCENTE
Rafael Coutinho (Publicado no por­tal IG e em for­mato inde­pen­dente, em livro)
Depois de ganhar muita reper­cus­são na imprensa com Cachalote, ao lado do escri­tor Daniel Galera, o dese­nhista e artista plás­tico Rafael Coutinho se jogou em um pro­jeto auto­ral que ganhou espaço no por­tal de HQs do IG. A his­tó­ria trata de uma epi­de­mia que atinge ape­nas ado­les­cen­tes. Coutinho reu­niu todas as pági­nas em um livro lan­çado de forma independente.
09
MSP NOVOS 50
Vários Autores (Panini)
Este novo volume marca o encer­ra­mento de uma tri­lo­gia que pro­vou a força da influên­cia de Maurício de Sousa no mer­cado naci­o­nal. A ideia foi cha­mar nomes pro­mis­so­res da cena inde­pen­dente e conhe­ci­dos auto­res bra­si­lei­ros de qua­dri­nhos para mos­trar sua visão sobre os per­so­na­gens da Turma da Mônica. Com esta série, Maurício atin­giu novos públi­cos, rea­fir­mou sua posi­ção de des­ta­que entre os novos auto­res e ini­ciou uma nova e rica fase, que em 2012 terá graphic novels.
08
ACHADOS E PERDIDOS
Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho (Quadrinhos Rasos)
A dupla Damasceno e Garrocho ganhou grande reper­cus­são em 2011 com sua HQ Achados e Perdidos, que fis­gou a imprensa espe­ci­a­li­zada durante o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte. A his­tó­ria do ado­les­cente com um buraco negro em sua bar­riga serve para mos­trar com muita sen­si­bi­li­dade e bom humor todas as pro­va­ções dessa fase tão difí­cil — e ainda tão mis­te­ri­osa — a adolescência.
07
MORRO DA FAVELA
Baseado na vida de Maurício Hora, fotó­grafo que acom­pa­nhou a gênese do Morro da Previdência, no Rio de Janeiro, Morro da Favela traz um dos melho­res tra­ba­lhos de André Diniz. “Não se trata de uma bio­gra­fia, mas sim de uma nar­ra­tiva em pri­meira pes­soa onde diver­sos temas são abor­da­dos atra­vés do olhar de Hora, como trá­fico de dro­gas, cor­rup­ção da polí­cia, polí­tica, pre­con­ceito racial e dis­cri­mi­na­ção social dos habi­tan­tes dos mor­ros. O tom do texto chega a ser infan­til e didá­tico algu­mas vezes, mas nunca ingê­nuo. Existe uma vera­ci­dade nas pági­nas que ganha con­tor­nos dra­má­ti­cos quando reco­nhe­ce­mos que todos os pro­ble­mas rela­ta­dos ainda são muito pre­sen­tes.” — Paulo Floro, na Revista O Grito!
06
A CHEGADA
Shaun Tan (SM Edições)
O álbum A Chegada, de Shaun Tan trata da velha aven­tura dos imi­gran­tes em busca de melho­res opor­tu­ni­da­des longe de sua terra natal. Aqui, o pro­ta­go­nista chega num país cheio de mis­té­rios, onde conhece outros imi­gran­tes. O traço do autor é bas­tante expe­ri­men­tal e casa bem com o tom memo­ri­a­lista da his­tó­ria, o que chega a se apro­xi­mar do sur­re­a­lismo. O livro foi lan­çado por outra edi­tora novata, a SM.
05
QUANDO EU CRESCI
Pierre Paquet e Tony Sandoval (Agaquê / Ática)
Outra estreia no mer­cado de qua­dri­nhos, a Ática lan­çou esta HQ fran­cesa, Quando Eu Cresci pelo seu selo Agaquê. Pierre Paquet e Tony Sandoval con­tam a his­tó­ria de Pepe, um menino que atra­vessa a parede da sua casa e vai parar num mundo extra­or­di­ná­rio. Cheio de pis­tas escon­di­das, a lei­tura pro­por­ci­ona uma intri­gante imer­são do lei­tor nesse uni­verso fan­tás­tico. Um exer­cí­cio de ima­gi­na­ção como nos acos­tu­ma­mos a ver nos qua­dri­nhos franceses.
04
MUNDO FANTASMA
Daniel Clowes (Gal Editora)
Depois de anos aguar­dada, a cul­tu­ada HQ Mundo Fantasma (que ganhou adap­ta­ção para os cine­mas sem muita reper­cus­são, com Scarlett Johnasson), chega ao Brasil, pela Gal. “O autor Daniel Clowes, um astuto obser­va­dor de seu tempo (Mundo Fantasma foi con­ce­bida no final dos anos 1980), faz de suas pro­ta­go­nis­tas um retrato em preto, branco e sépia dos jovens de então, arma­dos de todo nii­lismo e des­com­pro­misso que pudes­sem car­re­gar para enfren­tar um mundo que não com­pre­en­diam. Neste sen­tido, Clowes é um visi­o­ná­rio. Hoje, deve estar rindo ao cons­ta­tar o quão madu­ras eram Enid e Becky se com­pa­ra­das à atual Geração Z. Mas Clowes tam­bém é um prag­má­tico. Com 30 anos incom­ple­tos à época da pri­meira publi­ca­ção de Mundo Fastama, ele sabia que a fase adulta chega para todos, ine­xo­ra­vel­mente e sem dis­tin­ção.” — Jota Silvestre.
03
TRÊS SOMBRAS
Ciryl Pedrosa (Quadrinhos na Companhia / Companhia das Letras)
O épico em que o per­so­na­gem Louis se joga para ten­tar dar uma chance ao filho, que estava des­ti­nado a par­tir com mis­te­ri­o­sas som­bras, pode ser enten­dida como uma forma de adiar o que parece ine­vi­tá­vel, no caso, a morte. Nas quase 300 pági­nas do livro, vemos as mudan­ças no rela­ci­o­na­mento entre pai e filho e o mais emo­ci­o­nante, o ama­du­re­ci­mento de Joaquim sobre o que está acon­te­cendo com ele. Lançado na França em 2008, a obra ven­ceu o pres­ti­gi­ado fes­ti­val de Angôuleme. — Paulo Floro
02
DAYTRIPPER
Fábio Moon e Gabriel Bá (Panini)
Uma das HQs mais aguar­da­das por nós, bra­si­lei­ros, Daytripper dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá con­quis­tou a crí­tica ame­ri­cana quando esta HQ saiu pela Vertigo, nos EUA. Lançada no Brasil este ano pela Panini em for­mato de luxo, teve duas edi­ções esgo­ta­das. “Em qual momento a morte nos dará seu abraço fatal? No dia mais impor­tante da nossa vida, como o nas­ci­mento de um filho ou a des­co­berta do amor ver­da­deiro? Num ins­tante fru­gal de brin­ca­deira de cri­ança? Estaremos perto ou longe de nos­sos entes que­ri­dos? Daytripper, que pode­ria chamar-se tam­bém “As Muitas Vidas de Brás Domingos”, levanta mais per­gun­tas que res­pos­tas. É uma HQ adulta sem dei­xar de ser lúdica. É uma his­tó­ria rea­lista, uma sequên­cia de crô­ni­cas, sem dei­xar de ser oní­rica. O traço firme, porém sublime, de Fábio Moon reforça essa sen­sa­ção dúbia.” — Jota Silvestre
01
ASTERIOS POLYP
David Mazzucchelli (Quadrinhos na Companhia / Companhia das Letras)
Aos 50 anos, Asterios é um arro­gante arqui­teto que ape­sar da repu­ta­ção e pres­tí­gio de seu nome, nunca cons­truiu nada. Num momento de crise de iden­ti­dade cata­li­sada por um incên­dio, ele decide sair numa via­gem em busca de auto­co­nhe­ci­mento. É então que somos expos­tos de maneira frag­men­tada ao pas­sado do per­so­na­gem, que cavuca memó­rias sobre seu casa­mento, famí­lia, uni­ver­si­dade, mer­cado da arte, aca­de­mia, car­reira e até o seu tão falado irmão gêmeo, que por vezes atua como seu duplo.
Cheio de refe­rên­cias ao uni­verso da arte, a HQ tem como seu maior trunfo o modo como uti­liza os ele­men­tos ine­ren­tes ao gênero HQ, fazendo como que a obra ganhasse uma rele­vân­cia única pelo modo como explora o for­mato. As cores pri­má­rias, os balões, os qua­dros e até as ono­ma­to­péias cola­bo­ram para expres­sar sen­ti­men­tos dos per­so­na­gens e con­du­zir a his­tó­ria. Muito pre­mi­ada e bas­tante aguar­dada pelos fãs de qua­dri­nhos, Asterios Polyp reforça seu pres­tí­gio com esse pri­meiro lugar.

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