Vanessa Bencz foi diagnosticada com transtorno de déficit de atenção.
'Quem pratica bullying também tem problema e precisa ser ouvido', diz.
Vanessa
Bencz sofreu bullying por causa de TDAH e escreveu um livro em HQ para
tratar o tema (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Durante boa parte da infância, a catarinense Vanessa Bencz se acostumou
com as notas baixas na escola, a dificuldade em se concentrar durante a
aula, e o estigma de que não conseguiria aprender nada. Se via perdida
em meio às brincadeiras dos colegas de classe, isolada em um canto da
sala, às vezes reprovada com olhares pelos professores. "Ninguém queria
andar perto de mim. Diziam que a burrice era contagiosa", afirma.
Vanessa demorou para descobrir que sofria de transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH) e a entender que era vítima de bullying.
Hoje, jornalista formada, ela conta a sua trajetória em forma de ficção
no livro de história em quadrinhos "A menina distraída".
A jovem de Joinville
(SC) diz que descobriu que algo estava errado em sua vida aos dez anos,
depois de tirar várias notas zero nas provas. Era comum parar de
prestar a atenção na aula para olhar pela janela ou desligar-se da aula
para desenhar no caderno.
"Sempre fui muito tímida e tirava só nota baixa. Ninguém queria andar
comigo", afirma. "Eu só não repetia de ano porque estudava em colégio
particular que me aprovava por causa das mensalidades."
Livro lembra episódio em que ela foi reprimida por professor por desenhar durante a aula (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Já na adolescência, um professor de matemática a repreendeu diante de
toda a classe depois de flagrá-la desenhando em vez de fazer os
exercícios. "Ele disse que eu jamais seria uma desenhista, no máximo
iria fazer cartaz de supermercado."
Os pais encaminharam Vanessa para uma psicóloga e aos poucos seu
desempenho escolar começou a melhorar. A psicóloga diagnosticou o
transtorno de déficit de atenção e passou a orientar Vanessa a como
fazer seu cérebro funcionar "à sua maneira". "Ela me explicou que se eu
anotasse o que o professor falava, dormisse 20 minutos à tarde e olhasse
o que anotei em seguida, conseguiria entender melhor", explica. "Meu
problema era ficar olhando para a janela."
A psicóloga recomendou muita leitura para Vanessa, como as séries
"Harry Potter" e "Senhor dos anéis". Passou a escrever melhor, fazer
ótimas redações, fez vestibular e entrou em jornalismo. Na faculdade,
ganhou vários amigos.
No livro, 'menina distraída' cria alter ego e se
projeta na Mulher Raio (Foto: Arquivo pessoal/
Vanessa Bencz)
Também no ensino superior foi se consultar com uma psiquiatra que a
receitou o uso de ritalina. Na medicina, a droga de uso controlado é usada para reduzir impulsividade e hiperatividade de pessoas com TDAH. "Meu cérebro é como uma orquestra maluca, todo mundo tocando ao mesmo tempo", diz Vanessa.
O uso da ritalina por quem não precisa de tratamento é condenado pelos
médicos. Além de não aumentar o poder de concentração, o remédio pode
trazer riscos para a saúde.
Identificação
A jovem teve a ideia de escrever um livro em formato de história em
quadrinhos para discutir os problemas que quem tem dificuldades na
escola sofre. "Fiz algumas palestras e conheci muitos alunos que se
identificaram com a minha história", afirma Vanessa, que chamou o
namorado, Pedro Ori, para ilustrar a obra. Ela vez uma campanha no site
de crowfunding Catarse e arrecadou R$ 21 mil para a produção do livro.
Na história em quadrinhos, a personagem Leila não presta atenção no
professor, não consegue fazer amizades e acaba excluída na escola.
Então, ela cria um 'alter ego' e passa a interagir com ela. "Ela desenha
a Mulher Raio, uma heroína capaz de resolver todos estes problemas."
A história mostra ainda que o menino que praticava o bullying é, no
fundo, alguém que também tem muitos problemas e precisa de cuidado e
atenção. "A escola e os pais precisam entender que não apenas quem sofre
o bullying, mas também quem pratica, precisa ser ouvido. Em geral eles
excluem todo mundo, tanto o agressor quanto o agredido".
O livro será distribuídos em escolas da rede pública e estará à venda por R$ 25.
Para Vanessa, escolas precisam ouvir melhor as vítimas e praticantes de bullying (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Vanessa
Bencz sofreu bullying por causa de TDAH e escreveu um livro em HQ para
tratar o tema (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Durante boa parte da infância, a catarinense Vanessa Bencz se acostumou
com as notas baixas na escola, a dificuldade em se concentrar durante a
aula, e o estigma de que não conseguiria aprender nada. Se via perdida
em meio às brincadeiras dos colegas de classe, isolada em um canto da
sala, às vezes reprovada com olhares pelos professores. "Ninguém queria
andar perto de mim. Diziam que a burrice era contagiosa", afirma.A jovem de Joinville (SC) diz que descobriu que algo estava errado em sua vida aos dez anos, depois de tirar várias notas zero nas provas. Era comum parar de prestar a atenção na aula para olhar pela janela ou desligar-se da aula para desenhar no caderno.
"Sempre fui muito tímida e tirava só nota baixa. Ninguém queria andar comigo", afirma. "Eu só não repetia de ano porque estudava em colégio particular que me aprovava por causa das mensalidades."
Livro lembra episódio em que ela foi reprimida por professor por desenhar durante a aula (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
Já na adolescência, um professor de matemática a repreendeu diante de
toda a classe depois de flagrá-la desenhando em vez de fazer os
exercícios. "Ele disse que eu jamais seria uma desenhista, no máximo
iria fazer cartaz de supermercado."Os pais encaminharam Vanessa para uma psicóloga e aos poucos seu desempenho escolar começou a melhorar. A psicóloga diagnosticou o transtorno de déficit de atenção e passou a orientar Vanessa a como fazer seu cérebro funcionar "à sua maneira". "Ela me explicou que se eu anotasse o que o professor falava, dormisse 20 minutos à tarde e olhasse o que anotei em seguida, conseguiria entender melhor", explica. "Meu problema era ficar olhando para a janela."
A psicóloga recomendou muita leitura para Vanessa, como as séries "Harry Potter" e "Senhor dos anéis". Passou a escrever melhor, fazer ótimas redações, fez vestibular e entrou em jornalismo. Na faculdade, ganhou vários amigos.
No livro, 'menina distraída' cria alter ego e se
projeta na Mulher Raio (Foto: Arquivo pessoal/
Vanessa Bencz)
Também no ensino superior foi se consultar com uma psiquiatra que a
receitou o uso de ritalina. Na medicina, a droga de uso controlado é usada para reduzir impulsividade e hiperatividade de pessoas com TDAH. "Meu cérebro é como uma orquestra maluca, todo mundo tocando ao mesmo tempo", diz Vanessa.projeta na Mulher Raio (Foto: Arquivo pessoal/
Vanessa Bencz)
O uso da ritalina por quem não precisa de tratamento é condenado pelos médicos. Além de não aumentar o poder de concentração, o remédio pode trazer riscos para a saúde.
Identificação
A jovem teve a ideia de escrever um livro em formato de história em quadrinhos para discutir os problemas que quem tem dificuldades na escola sofre. "Fiz algumas palestras e conheci muitos alunos que se identificaram com a minha história", afirma Vanessa, que chamou o namorado, Pedro Ori, para ilustrar a obra. Ela vez uma campanha no site de crowfunding Catarse e arrecadou R$ 21 mil para a produção do livro.
Na história em quadrinhos, a personagem Leila não presta atenção no professor, não consegue fazer amizades e acaba excluída na escola. Então, ela cria um 'alter ego' e passa a interagir com ela. "Ela desenha a Mulher Raio, uma heroína capaz de resolver todos estes problemas."
A história mostra ainda que o menino que praticava o bullying é, no fundo, alguém que também tem muitos problemas e precisa de cuidado e atenção. "A escola e os pais precisam entender que não apenas quem sofre o bullying, mas também quem pratica, precisa ser ouvido. Em geral eles excluem todo mundo, tanto o agressor quanto o agredido".
O livro será distribuídos em escolas da rede pública e estará à venda por R$ 25.
Para Vanessa, escolas precisam ouvir melhor as vítimas e praticantes de bullying (Foto: Arquivo pessoal/Vanessa Bencz)
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