Está chegando às bancas de São Paulo e 
Rio de Janeiro uma nova revista nacional com uma proposta um pouco 
diferente: a de contar histórias em quadrinhos com policiais como 
protagonistas.
Coronel Telhada em Quadrinhos 
(formatinho, 32 páginas, R$ 5,00) busca atingir um público com interesse
 em histórias policiais. A revista é desenhada por Carlos Sneak, da Atreyu Studios, com um traço inspirado tanto no mangá quanto nos comics norte-americanos.
O sucesso do personagem Capitão Nascimento nos cinemas, com os filmes Tropa de Elite 1 e 2, chamou a atenção do idealizador do projeto, Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, famoso comandante da Rota, atualmente vereador de São Paulo. As tramas são baseadas em fatos vividos por ele, que foi ainda consultor da produtora Medialand em programas de televisão e é o autor de dois livros.
As histórias foram revisadas por policiais militares, o que garante frases criveis e diálogos que remetem à realidade das ruas.
O Universo HQ conversou com o Coronel Telhada sobre o lançamento da revista.
UHQ: Como surgiu a ideia de lançar esta biografia em formato de quadrinhos?
Telhada: Sempre gostei de quadrinhos, mas sou das antigas. Lia Fantasma, Flash Gordon, Tex, mas o que eu mais gostava era do Sargento Rock.
 Um dia, meus filhos me presentearam com um boneco do Superman, que 
mantenho na mesa do meu gabinete; mas este Superman tem os cabelos já 
brancos, mostrando que os heróis também envelhecem. E sempre senti falta
 de uma revista que mostrasse os heróis do dia a dia, os policiais que 
mantêm a ordem das nossas cidades. Dá para contar nos dedos os que 
possuem alguma importância nas HQs. Talvez no Batman, em 
que existem diversos policiais honestos e trabalhadores, apesar de 
clichês como o gordo que sempre come rosquinhas e a mulher durona.
Faltava algo brasileiro, e soube que uma editora tentou lançar o gibi do Capitão Nascimento, na época do sucesso do filme Tropa de Elite,
 mas que não deu certo devido aos direitos autorais do longa-metragem, 
do livro que o inspirou e das características físicas dos atores. O 
mercado editorial nacional precisava de uma revista deste seguimento e 
resolvi investir.
Como existiam planos de lançar minha 
autobiografia, estávamos estudando uma editora e que tipo de texto usar.
 Neste momento, o meu assessor, David Denis Lobão, que já tinha escrito 
quadrinhos do universo do evento Anime Friends para a Revista OhaYO!, veio com a ideia de fazermos a minha vida em quadrinhos.
UHQ: Como foi o processo de criação da história e a busca por um artista?
Telhada: A busca por um artista começou em fevereiro de 2013, quando solicitamos para uma escola de mangá
 um esboço de como seria meu rosto no formato dos quadrinhos japoneses. 
Recebemos algumas versões que acabamos não aprovando. Depois, foi feito 
outro desenho, desta vez por um policial militar, que acabou ficando com
 um visual meio infantil, ligeiramente Turma da Mônica. Este não aprovamos para a HQ, mas não descartamos, pois usaremos em outros projetos.
Em 2014, veio a proposta de um 
estúdio, que fez um bom trabalho, mas não entregaria no prazo que 
desejávamos e não ficou o traço exatamente como imaginávamos. David, 
então, postou em seu Facebook que procurávamos desenhistas e 
recebemos umas dez propostas. Aprovamos uma, o traço do Carlos Sneak, 
que misturava o mangá com os comics. Creio que ficou um ótimo resultado.
UHQ: Quais os desafios de lançar um título de forma independente, cuidando da impressão e distribuição?
Telhada: Fizemos uma parceria com a Gráfica K9, que fez
 uma boa impressão, com uma capa mais resistente do que as revistas 
americanas que estão em bancas e com verniz. Quanto à distribuição, será
 feita em parceria com uma editora que lança diversos mangás.
UHQ: A história cobre quais momentos da sua vida e carreira?
Telhada: Os meus amigos querem saber histórias da minha rotina na Rota,
 mas estas são ocorrências complicadas, que exigiriam mais tempo de 
trabalho e páginas. Resolvemos, então, começar com histórias de quando 
eu estava no Tático Móvel. São ocorrências que envolvem crimes 
como roubo e sequestro e mostram bem como funciona a rotina policial. 
Elas se passam em três tempos: há páginas comigo criança, nos anos 1960,
 assistindo a um desfile da Guarda Civil; cenas minhas nos dias atuais, em plenário, como vereador; e as duas ocorrências policiais em si, que se passam nos anos 1990.
UHQ: A distribuição será em bancas do Rio de Janeiro e São Paulo. Como leitores de outros lugares podem adquirir a revista?
Telhada: Fechamos 
distribuição em bancas de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo. 
Moradores de outros estados poderão adquirir a revista em sites da 
internet. Estamos, neste momento, fechando uma lista de quais estarão 
disponíveis e publicarei links em meu site e no meu perfil do Facebook.
UHQ: Há planos para novos projetos neste mesmo formato?
Telhada: Tudo 
dependerá da venda da revista. Estamos colocando um preço de custo, 
cinco reais. Com este valor, pagaremos o essencial e digno para o 
desenhista e a impressão. O problema é que quase 60% do preço de capa já
 fica com a distribuidora e as bancas. Além disso, teremos de vender 
pelo menos 15 mil reais, ou seja, 3 mil exemplares, para não termos que 
pagar uma multa para a distribuidora.
É muito complicado, trabalhoso e caro
 lançar quadrinhos no Brasil. Não imaginei que seria tão difícil quando 
surgiu a ideia. Espero, sim, que tenha uma segunda edição, para 
contarmos ocorrências da Rota, e possamos valorizar mais artistas nacionais, divulgando novos desenhistas e fazendo um bom pagamento para cada um deles. 
Via UHQ


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