terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Afinal, é caro ou barato comprar HQs?

Por Paulo Floro


Editoras mostram esforço em diminuir preço dos quadrinhos lançados no Brasil
O mercado nacional de quadrinhos mostrou-se bastante aquecido em 2011, com especial destaque para os títulos nacionais, e esse crescimento traz o velho debate à tona (sobretudo entre compradores eventuais): é caro ou barato comprar quadrinhos? Com uma edição capa dura de Watchmen - Edição Definitiva custando R$ 110 e a série Marvel + Aventura por R$ 1,99, fica difícil formular uma opinião genérica para tudo o que é lançado. Depois de ver quanto foi cobrado no ano passado, posso dizer que as editoras estão se esforçando. 

Isso pode ser verificado por medidas que visam popularizar alguns formatos, antes ditos como "de luxo", e que afastavam muitos compradores. A Panini Comics, por exemplo, maior editora em volume de lançamentos, sempre cobrou preços altos por seus encadernados. Foi assim que deixei de comprar várias edições da coleção dos clássicos da DC por sempre custarem mais de R$ 50. Ou ainda as Bibliotecas Históricas Marvel
.

No ano passado, leitores cabulosos puderam perceber no expediente (ainda tem gente que lê expediente de gibis) que algumas edições estavam sendo impressas na Indonésia e na China. A editora que publica Marvel e DC no Brasil finalmente usou da força em ser uma multinacional e levou parte da produção para o Oriente. E o resultado foram HQs mais baratas. A experiência começou com HQs de pouco apelo e desempenho regular de crítica, como a série doJusticeiro MAX e Homem-Aranha e X-Men Noir, que custaram de R$ 18 a R$ 25 por 148 páginas e capa dura de bom acabamento. Depois seguiu com a série Sandman Apresenta, já com dois volumes, Fúrias e Caçadores de Sonhos. 

No final de dezembro, a Panini lançou Superman Vs Muhammad Ali por R$ 24,90. O clássico de Neal Adams e Denny O'Neill foi o primeiro título com bom custo-benefício. Publicada originalmente em 1978, traz o clássico confronto do Homem-de-Aço com o boxeador que foi ídolo dos anos 1970 no mundo todo. Outro livro vindo diretamente da Ásia com esse preço baixo é Batman Inc, elogiada HQ escrita por Grant Morrison, prometida para este primeiro semestre. Quem coleciona sabe o quanto é bom ter HQs de lombadas quadradas na estante. Mas, sempre custou caro. 

A única exceção é Transmetropolitan, série futurista da Vertigo, que teve um primeiro volume lançado em 2010 por R$ 44,90 e um segundo, impresso no Oriente, pelo mesmo valor. Difícil saber porque não houve a redução de preço. Mas, os preços caros ainda estão presentes nas livrarias e comic-shops: a nova edição para o clássico Watchmen ficou por R$ 110. O mesmo preço caro para Batman - O Cavaleiro das Trevas por R$ 90. Pelo tamanho maior, bom acabamento e capa-dura, muitos acham que vale cada centavo.
O ideal seria uma versão mais barata de um mesmo quadrinho, para que ninguém seja afastado de uma boa obra por causa do preço
O ideal seria uma versão mais barata de um mesmo quadrinho, sempre que possível, para que ninguém seja afastado de uma boa obra por causa do preço. A Panini lançou a versão de capa mole do sucesso Daytripper, HQ escrita pelos gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá e que sai primeiro nos EUA, pela Vertigo. Fica por R$ 24,90, bem menos que os R$ 62 da versão "de luxo". 

Com cada vez mais novas editoras apostando no gênero HQ, os valores não devem subir tanto. Em 2011, a chegada da Leya / Barba Negra e da Nemo, que trouxeram obras clássicas de Moebius e autores nacionais, como André Diniz deram um bom volume de quadrinhos nas livrarias, a maioria entre R$ 30 e R$ 45. Que é valor geralmente praticado pela Quadrinhos da Cia, da Companhia das Letras. 

Por fim, deixo um exemplo de que sempre é possível lançar obras que fazem bonito na coleção e não pesam no bolso. Uma das melhores HQs do ano passado, Mundo Fantasma, de Daniel Clowes, sai por R$ 24,90 pela Gal Editora. A obra mostra o cotidiano de duas adolescentes nos EUA e é considerada um dos clássicos dos quadrinhos. Nosso poder aquisitivo está crescendo, mas espero que no futuro ninguém precise garimpar para achar bons livros por preços baixos. E nem fique sem conhecer séries e autores legais pelo preço proibitivo. 

Afinal, ninguém tem saudade da extinta Opera Graphica, editora que afastou durante anos leitores brasileiros de séries da Vertigo. Com livros que saíam em média por R$ 60, muitos deixaram de conhecer Y - O Último Homem e 100 Balas, entre outros. Era de dar raiva
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