quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As mulheres da HQ underground – Parte 1 de 2


Depois da vinda da Melinda Gebbie ao evento Rio Comicon, vi uma brecha para falar dos quadrinhosundergrounds. Para quem não conhece, os quadrinhos undergrounds começaram na década de 1960 como um movimento da contracultura (assim como o movimento hippie). O principal objetivo era criticar os valores da época. Os principais temas eram sexo, drogas, rebeldia e a guerra no Vietnã. O ponto inicial, como todos sabem, partiu do quadrinista Robert Crumb com o lançamento da revista Zap Comix.
Durante sua palestra no Rio, Melinda disse que no surgimento da HQ underground, ela (por ser uma mulher fazendo quadrinhos) estava em um movimento de contracultura dentro de outro movimento de contracultura. Para ilustrar essa fala, e como são 40 anos de história da HQ undergroud, farei aqui um esboço das primeiras mulheres deste movimento (nos EUA).
Comecemos com Hurricane Nancy Kalish, umas das primeiras mulheres a fazer HQ underground. Ela começou nos jornais clandestinos como East Village Other e Gothic Blimp Works, e seus desenhos foram parar nos jornais de New York, San Francisco e Los Angeles. Outro importante dado que me fez escolher Hurricane Nancy como uma das principais mulheres da HQ underground foi por ser uma das principais criadoras do jornal feminista “It Ain’t Me, Babe” em 1970. Ela retomou suas criações depois de 40 anos sem desenhar, e afirma estar apenas começando! A volta de Hurrice se deu depois de ler um livro de Trina Robbins, a próxima mulher de quem irei falar.
Trina Robbins leva também o crédito de ser uma das primeiras mulheres a fazerem HQ underground nos EUA. Ela também fez criações nos jornais da época, mas foi em 1970 quando se mudou para São Francisco que percebeu como era o mercado dos quadrinhos: um “clube do bolinha”. Por isso, tornou-se grande pesquisadora da área.
Além de seus quadrinhos undergrounds (‘All Girl Thrills’, ‘Girl Fight’ 1&2, ‘Wimmin’s Comix’ 1-6), ela também produziu edições da “Mulher Maravilha para a DC Comics e dois livros ilustrados – “Silver Metal Love” e “Catwalk”. Com Anne Timmons, ela criou “GoGirl!”e “Dark Horse” em 2000. Nos últimos dez anos, Trina escreveu vários livros sobre a história dos quadrinhos a partir de uma perspectiva da mulher, como “From Girls to Grrlz” (1999), e “The Great Women Cartoonists” (2001). Ela possui outro site com alguns trabalhos: http://www.trinarobbins.com/
Willy Mendes entrou para as HQ’s undergrounds quando conheceu Trina Robbins e Hurricane Nancy. Ela começou a publicar na Gothic Blimp e também contribuiu para a revista “It Ain’t Me, Babe”.Seus trabalhos eram “psicodélicos”. Lançou o livro “Illuminations” em 1971 com alguns de seus desenhos, mas se afastou das HQ’s para se dedicar à pintura; para isso usou o nome Barbara Mendes. Barbara mora em Los Angeles e seus trabalhos podem ser vistos neste site:http://www.barbaramendes.org/
Lee Marrs conheceu a HQ underground em 1960 trabalhando como assistente na HQ “Little Orphan Annie”, criada por Harold Gray, e na HQ “Hi and Lois”, criado por Mort Walker e ilustrado por Dik Browne. Ela foi autora de “The Further Fattening Adventures of Pudge, Girl Blimp” (1973-1977), “The Compleat Fart and Other Body Omissions” (1976), “Do You Love Cockroaches?” (1981), “Inside Autodesk Animator” (1990), “Viking Glory: The Viking Prince” (1991) e “Faultlines” (1997). Lee Marrs estabeleceu uma boa reputação como artista, bem como uma animadora. Seu último trabalho é “Sex Chic”, um livro dedicado as mulheres que fazem HQ.
Sharon Rudahl também começou com a revista “Wimmen’s Comix”. Ela desenhou histórias paraAnarchy Comix #2 e #3, em 1979. Em 1980 publicou “Adventures of Crystal Night”, sua própria história em quadrinhos. Depois publicou a biografia de Emma Goldman, chamada “A Dangerous Woman”. Seus trabalhos já apareceram também nas revistas “Bizare Sex”, “Dope Comix”, “Wet Satin” e outras.
Roberta Gregory. Enquanto seu pai, Bob Gregory, escrevia e desenhava as histórias do Pato Donald, Roberta brincava. Na faculdade ela conheceu o movimento das HQ’s undergrounds e criou a tira “Feminist Funnies” em 1974. No mesmo ano mostrou sua história para a revista “Wimmen’s Comix”, que foi publicada. Assim, Roberta começou a fazer parte da história das HQ’s undergrounds. Da tira para a revista “Dynamite Damsels”, Roberta começou a expandir suas histórias. Em 1988 publica “Sheila and the Unicorn” e depois começa a trabalhar com Crumb, o que serviu de inspiração para criar as tiras “BITCHY”.
Galeria de Roberta:

Edição n°1 feita por Patricia
Patricia Moodian foi uma das fundadoras da “Wimmen’s Comix”, foi quem editou a primeira revista em 1972, desenhou a capa e contribuiu com uma história. Trabalhou com Roger Brandt e Larry Todd. e atualmente está envolvida em um coletivo de quadrinhos em uma escola pública na Califórnia.

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