Por Folha Ilustrada
Em uma das cenas iniciais de "Clara dos Anjos", adaptação para quadrinhos do romance homônimo de Lima Barreto, o personagem Cassi Jones -um caricato sedutor carioca- é flagrado na cama alheia, prestes a deflorar uma jovem.
Munido de uma pistola, o pai da moça esbraveja: "Indecente! Eu mato... Dou-lhe um tiro na boca!".
"A frase não estava no romance original. Mas escolhi usá-la porque soa gostosa", disse, por telefone, o roteirista Wander Antunes, 45. "Pensei: 'Agora esse livro é meu. E tudo o que o Lima Barreto narra em terceira pessoa vai ser encenado'."
Antunes assina com o ilustrador Marcelo Lelis, 44, a adaptação daquele que foi o último romance de Barreto, publicado após sua morte. Recriado em aquarela sobre nanquim, "Clara dos Anjos" será lançado em novembro pela Quadrinhos na Cia. O posfácio é de Lilia Schwarcz.
Barreto ainda escrevia "Clara dos Anjos" quando morreu, em 1922, de infarto. Deixado incompleto, o livro retratava o subúrbio carioca onde morava, ao qual ele se referia, de forma ácida, como "o refúgio dos infelizes".
Na trama, Clara é uma jovem mulata engravidada pelo conquistador Cassi Jones. Desassistida e maltratada por causa de sua cor ("A culpa foi sua, negrinha!", condena a mãe de Jones), chega ao fim da história "grávida, pobre e preta", conforme escreve Schwarcz.
"O Lima Barreto era um crítico da elite", diz o desenhista Lelis, que pesquisou a iconografia do Rio nos anos 20 para reproduzir a cidade com fidelidade.
Antunes concorda: "Ele tinha raiva -e eu gosto de quem tem raiva".
Após um ano e meio debruçado sobre o romance, conclui: "Esse tipo de tragédia ainda não acabou. O subúrbio do Rio continua a ser habitado por pessoas invisíveis".
Em uma das cenas iniciais de "Clara dos Anjos", adaptação para quadrinhos do romance homônimo de Lima Barreto, o personagem Cassi Jones -um caricato sedutor carioca- é flagrado na cama alheia, prestes a deflorar uma jovem.
Munido de uma pistola, o pai da moça esbraveja: "Indecente! Eu mato... Dou-lhe um tiro na boca!".
"A frase não estava no romance original. Mas escolhi usá-la porque soa gostosa", disse, por telefone, o roteirista Wander Antunes, 45. "Pensei: 'Agora esse livro é meu. E tudo o que o Lima Barreto narra em terceira pessoa vai ser encenado'."
Antunes assina com o ilustrador Marcelo Lelis, 44, a adaptação daquele que foi o último romance de Barreto, publicado após sua morte. Recriado em aquarela sobre nanquim, "Clara dos Anjos" será lançado em novembro pela Quadrinhos na Cia. O posfácio é de Lilia Schwarcz.
Barreto ainda escrevia "Clara dos Anjos" quando morreu, em 1922, de infarto. Deixado incompleto, o livro retratava o subúrbio carioca onde morava, ao qual ele se referia, de forma ácida, como "o refúgio dos infelizes".
Na trama, Clara é uma jovem mulata engravidada pelo conquistador Cassi Jones. Desassistida e maltratada por causa de sua cor ("A culpa foi sua, negrinha!", condena a mãe de Jones), chega ao fim da história "grávida, pobre e preta", conforme escreve Schwarcz.
"O Lima Barreto era um crítico da elite", diz o desenhista Lelis, que pesquisou a iconografia do Rio nos anos 20 para reproduzir a cidade com fidelidade.
Antunes concorda: "Ele tinha raiva -e eu gosto de quem tem raiva".
Após um ano e meio debruçado sobre o romance, conclui: "Esse tipo de tragédia ainda não acabou. O subúrbio do Rio continua a ser habitado por pessoas invisíveis".
Divulgação | ||
Trecho de "Clara dos Anjos", adaptação em quadrinhos de Marcelo Lelise Wander Antunes para livro de Lima Barreto |
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