Por Eduardo Torelli - UHQ
Além de terem "pintado o sete" no cinema e na TV, os símios falantes da saga Planeta dos Macacos aprontaram poucas e boas também nos quadrinhos. Cornelius, Zira e Cia. estrearam nesta mídia no início dos anos 70 e, de lá para cá, foram protagonistas de duas HQs regulares e de uma infinidade de mini-séries e edições especiais, produzidas por três editoras diferentes. Em 1974, a Marvel lançou a primeira HQ regular inspirada na popular saga cinematográfica Planeta dos Macacos, produzida por Arthur Jacobs e pela 20th Century Fox: Planet of the Apes, descontinuada em 1977. No início da década, a Gold Key Comics já publicara uma versão em quadrinhos do filme De Volta ao Planeta dos Macacos. A série produzida pela "Casa das Idéias", porém, foi além das obrigatórias quadrinizações dos filmes, brindando os leitores com tramas inéditas, criadas pelos próprios roteiristas da editora. A revista nasceu a partir de uma conversa entre Roy Thomas, do grupo Marvel (que, mais tarde, assumiu o posto de editor emérito da revista) e seu amigo Len Grow - que, à época, trabalhava na Topps Chewing Gum Company. Grow acreditava que, além dos tradicionais gibis de super-heróis, a editora deveria investir em um título regular de ficção científica e sugeriu a Thomas que verificasse a questão dos direitos sobre a saga Planeta dos Macacos, fornecendo ao colega o número do telefone de Selwyn Rausch, que administrava os aspectos comerciais da cinessérie símia para a 20th Century Fox. Intrigado com a idéia, Thomas apresentou a proposta a Stan Lee, que o encorajou a dar continuidade ao projeto. Ocupado com os seus afazeres na editora, no entanto, Thomas protelou a negociação com Rausch até o início de 1973 - época em que ele e Stan Lee leram um artigo publicado na revista Variety, que finalmente convenceu-os do potencial comercial da saga: os cinco filmes da cinessérie de Arthur Jacobs já haviam rendido U$ 100 milhões, e falava-se na produção de uma série de TV sobre o tema. Temendo ter perdido uma grande oportunidade, Thomas contatou Selwyn Rausch, comunicando-lhe o desejo da Marvel de publicar uma HQ inspirada em O Planeta dos Macacos e suas continuações. Meses depois, a edição no 1 da revista chegou às bancas dos Estados Unidos, com um editorial assinado pelo próprio Roy Thomas (intitulado O Caminho para o Planeta dos Macacos). Com capas belíssimas, assinadas por ilustradores como Bob Larkin, Ken Barr e Greg Theakston, Planet of the Apes publicou adaptações para os quadrinhos dos cinco longas metragens de Arthur P. Jacobs (baseadas nos roteiros dos filmes, fornecidos à editora por Rausch e por sua assistente Ethel Kolberg) e uma série de aventuras protagonizadas pelos heróis Jason (um humano) e Alexander (um chimpanzé). Outra saga criada especialmente para o gibi foi a do aventureiro Derek Zane, que embarca em uma máquina do tempo e viaja ao ano 3978 em busca da expedição perdida do Comandante Taylor. No futuro, Zane se depara com um planeta dos macacos ainda mais bizarro do que aquele apresentado no seriado em desenho animado De Volta ao Planeta dos Macacos, criado por Doug Wildey. Na história Tirania na Ilha dos Macacos, o personagem visita uma localidade perdida no tempo, na qual chimpanzés, gorilas e orangotangos usam elmos e armaduras - e onde a autoridade suprema é uma versão simiesca do lendário Rei Arthur! Doug Moench teve uma participação fundamental em Planet of the Apes, assinando os seus melhores argumentos. Em seu pico de popularidade, Planet of the Apes chegou a receber 400 cartas semanais de leitores, o que levou os seus editores a publicarem uma nota afirmando que as missivas não seriam mais respondidas de forma pessoal. A publicação chegou ao Brasil na metade da década de 1970, por meio daBloch Editores. O retorno pela Adventure Comics (Malibu Graphics) Treze anos após o cancelamento da HQ Planet of the Apes, a Adventure Comics (Malibu Graphics) criou uma segunda revista em quadrinhos baseada na saga Planeta dos Macacos. O conceito da publicação foi definido pelo roteirista Charles Marshall - um grande fã dos filmes e seriados -, que também assumiu o cargo de editor-chefe do novo título. Além de uma série regular, Marshall desenvolveu diversas mini-séries inspiradas no tema para a Adventure Comics, lançadas em paralelo com a revista principal. A edição no 1 de Planet of the Apes chegou às bancas dos EUA em abril de 1990. A trama (ambientada 100 anos após A Batalha do Planeta dos Macacos) dá a entender que os símios, após a morte de Caesar, desviaram-se dos ideais pacíficos instituídos pelo filho de Zira e Cornelius. Comandados pelo fanático General Ollo - líder do movimento aldoista (uma política racista inspirada nos "ensinamentos" do General Aldo) - os gorilas implantaram um regime de terror no planeta, combatido por Alexander (o neto de Caesar). O traço estilizado de Kent Burles conferiu um visual inédito à saga símia: os macacos parecem-se mais com homens de Neanderthal do que com antropóides - e a artilharia de Ollo e de seus soldados é mais sofisticada do que a dos gorilas do cinema e da TV. Ape City foi a primeira mini-série sobre o assunto a ser editada pela Adventure Comics. Roteirizada por Charles Marshall e desenhada por M. C. Wyman, a história passava-se no mesmo universo ficcional da série regular Planet of the Apes - só que no continente europeu (que não fôra destruído pela Guerra Nuclear). Ali, o homem havia sido dizimado em decorrência de uma doença - o que permitiu aos macacos "herdarem" as suas metrópoles. Ao contrário dos chimpanzés, gorilas e orangotangos de Planet of the Apes, portanto, os protagonistas símios de Ape City dirigiam automóveis, assistiam TV e freqüentavam night-clubs. As demais mini-séries da Adventure Comics foram Ape Nation (umcrossover entre O Planeta dos Macacos e Missão: Alien), Forbidden Zone, Urchak´s Folly e Blood of the Apes. A editora também produziu duas edições especiais, inspiradas na saga de Alexander: A Day on the Planet of the Apes e Planet of the Apes: Sins of the Fathers (a HQ regular foi descontinuada em 1992). A vez da Dark Horse Tão logo o remake de O Planeta dos Macacos entrou em fase de produção, a editora Dark Horse decidiu trazer os primatas de volta às páginas das HQs. Além de produzir uma versão em quadrinhos do filme de Tim Burton, a companhia lançou uma mini-série inédita (dividida em 4 edições) intitulada The Human War, cuja trama é ambientada 100 anos após os eventos relatados na refilmagem. Vale a pena ressaltar que tanto a quadrinização quanto a mini-série foram lançadas no Brasil, pela Brainstore Editora. Ah, sim, um detalhe importante: o sucesso dos novos gibis tem sido tão grande nos EUA que um título regular sobre o tema está a caminho. Como se vê, essa macacada não desiste de bagunçar o nosso futuro! |
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