Por Judão
Mary Jane Watson, aquela linda ruiva que entrou na vida do Aranha em Amazing Spider-Man #42com a frase “Face it, tiger… You Just hit the Jackpot!” morreu, para mim, em Amazing Spider-Man #641 como uma mulher que demonstra que nunca amou o seu “marido”. E nem me venha com magia para explicar isso.
Acaba de sair aqui no Brasil a revista Homem-Aranha #122 (Panini Comics, 76 páginas, R$ 6,50), com a segunda parte – e final – de Um Momento no Tempo, saga que relata como ficou o casamento e o relacionamento entre Peter Parker e Mary Jane Watson após os eventos de Um Dia a Mais, quando um pacto com Mephisto acabou, por um passe de mágica, com o casamento de décadas entre os dois.
Desta vez, farei diferente da resenha da primeira parte. Não escrevi um texto para quem ainda não comprou o gibi, mas sim um para quem já leu – ou que está nem aí para ler, mas quer saber o que aconteceu. Assim, este texto será carregada de spoilers para quem pretende ler a segunda parte do arco.
Em Homem-Aranha #121, Mary Jane reencontrou Peter em seu apartamento e, num papo entre amigos, começaram a repassar os acontecimentos que separaram os dois. Ficamos sabendo que o casamento nunca ocorreu, mas eles continuaram juntos, o que não trouxe grandes mudanças cronológicas para todas as histórias que vieram de lá pra cá. No final da edição, já após os acontecimentos de Guerra Civil, eles relembram que Peter conseguiu salvar a vida da tia May após ela levar um tiro endereçado a ele pelo Rei do Crime.
Começa, então, a segunda parte. Após descobrir que May Parker não está morta, o Rei manda apagar Anna Watson, tia de Mary Jane. Após um telefone de Anna, MJ vai visitá-la, chegando a tempo de evitar a morte da tia. Porém, o assassino parte para cima de Mary Jane, avisando que não vai apenas matá-la, mas também acabará toda a sua família.
Nesse meio tempo, Peter acorda no hospital com um telefonema de Anna, avisando do acontecido. O Homem-Aranha sai então pelas ruas de Nova York para evitar a morte da amada, que estava desacordada. Desesperado, ele pega MJ e vai de encontro ao Dr. Estranho. Sem pensar, Parker pede ao amigo que apague da memória de todos que ele é o Homem-Aranha. Depois de algum tempo pensando e consultando Tony Stark e Reed Richards, Estranho concorda e cria uma câmara para que o próprio Peter fique, evitando que ele também esqueça quem é o Homem-Aranha. Parker, porém, se arrepende de uma coisa: não pode viver em uma mentira e precisa que MJ não se esqueça, pelo amor que sente por ela. Por isso, se arrisca e traz a amada para a mesma câmara.
Agora, apenas Peter Parker e Mary Jane sabem a real identidade do Homem-Aranha.
Peter leva MJ para o hotel onde eles estavam vivendo. Ela acorda e passa a entender a situação. E é aqui que tudo desmorona: ela se irrita com Peter. Diz que ela também deveria ter esquecido. Que não é justo. Que ela bota as pessoas que ama em perigo por justamente ser a “namorada do Homem-Aranha” e, por mais que ame Peter, o sentimento não é tão grande para suportar isto.
Ela, então, vai embora.
É assim, de forma sem sentido, fraca, diria até que vilanesca, que Joe Quesada acaba com a união entre Peter Parker e Mary Jane Watson. Ela que foi a primeira a saber que ele era o Homem-Aranha, mas que mesmo assim escondeu para que isso não influenciasse o relacionamento dos dois. Ela que tanto fez pelo amado, que se sacrificou em situações muito piores, que sempre foi parceira. É ela quem muda. Toda a constituição do personagem vai para o lixo. Tudo aquilo que a Marvel construiu por anos e anos foi pelo ralo.
Afinal, um relacionamento é se apoiar nos momentos difíceis, é saber encarar as burradas do outro, é saber se levantar. Se Peter cometeu o maior erro de sua vida revelando a identidade secreta durante a Guerra Civil, eles enfrentaram aquilo juntos e ele encontrou a solução. Caberia a eles, também juntos, se levantar, como fizeram no passado.
Em uma histórica fraca, que contradiz até eventos de Um Dia a Mais (que foi desenhada e co-roteirizada pelo próprio Quesada, apesar de não ter sido creditado pela segunda tarefa), a Marvel simplesmente descontrói um de seus melhores personagens.
E não é só isso. Mais uma vez Quesada demonstra que não sabe desenhar. E, se vocês não concordam, podem esbravejar. A única coisa que presta nesta revista é a capa de Paolo Rivera, uma das melhores já feitas para o Homem-Aranha.
Mary Jane Watson, aquela linda ruiva que entrou na vida do Aranha em Amazing Spider-Man #42com a frase “Face it, tiger… You Just hit the Jackpot!” morreu, para mim, em Amazing Spider-Man #641 como uma mulher que demonstra que nunca amou o seu “marido”. E nem me venha com magia para explicar isso.
E da mesma forma que chorei ao ler a morte da Gwen Stacy pela primeira vez, eu choro agora. Mas, desta vez, é de raiva.
Bom, ainda bem que existe o Homem-Aranha Ultimate…
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