Por Gibizada
O Garoto da Chaminé
Fumante, acima do peso e, pior, recém-infartado, o personagem Nelse não se parece nada com Clark Kent ou muito menos com Bruce Wayne, mas também enfrenta, como um super-herói, os malfeitores de sua cidade. E, a cada vez que os bota para correr, ele está vestido, ou melhor, transformado, em uma criatura diferente.
Foi assim no primeiro número de "Dial H", série em quadrinhos lançada este mês nos EUA, pela DC Comics. Na HQ escrita pelo inglês China Miéville e ilustrada pelo brasileiroMateus Santolouco, o personagem aparece de duas estranhas maneiras, uma como o fumacento Garoto da Chaminé (!), e outra como um super-herói emo, o Capitão Lacrimoso. Enquanto o primeiro sufoca seus inimigos com fumaça, o segundo faz com que eles fraquejem ao lembrar momentos mais tristes de suas vidas, como não ter ganho aquele presente de natal que tanto queria.
Nelse descobriu seus estranhos poderes de forma acidental, ao discar quatro números no telefone de uma cabine telefônica. Juntos, os dígitos completam a palavra "hero". E o personagem sai de lá transformado em algo inesperado até mesmo para ele. A ideia não é original, surgiu em uma HQ homônima, de 1966, escrita por Dave Wood e ilustrada por Jim Mooney. Na história, que chegou a ser publicada no Brasil, pela Ebal, um garoto usava um disco portátil alienígena para se transformar. Desde então, a DC tentou um remake nos anos 80, outro em 2003, e agora, com o escritor Miéville, de livros como "Rei Rato", e Santolouco, que desconhecia a HQ original.
- O nome era familiar, mas não conhecia de verdade - explica, por email, o desenhista gaúcho. - Na hora que li a premissa só consegui relacionar com "Ben 10". Mas logo entendi que, na verdade, o caminho da inspiração era o oposto, uma vez que descobri que o primeiro "Dial H for Hero" havia sido publicado nos anos 60.
- O nome era familiar, mas não conhecia de verdade - explica, por email, o desenhista gaúcho. - Na hora que li a premissa só consegui relacionar com "Ben 10". Mas logo entendi que, na verdade, o caminho da inspiração era o oposto, uma vez que descobri que o primeiro "Dial H for Hero" havia sido publicado nos anos 60.
Capitain Lachrymose, Squid e Abyss, três dos super-heróis que saem da cabine telefônica
Parceiro dos conterrâneos Rafael Albuquerque e Eduardo Medeiros na série"Mondo Urbano", Santolouco diz que o texto de Miéville não ignora a série original e cria uma espécie de mitologia do "dial". Segundo ele, que andou desenhando um reboot das Tartarugas Ninjas para a editora americana IDW e um arco da série "Vampiro Americano" para a DC, a nova "Dial H" é como uma continuação e uma versão definitiva ao mesmo tempo, cheia de referências e homenagens a quase todas as versões anteriores.
O desenhista brasileiro será responsável pelo primeiro arco de histórias, de cinco números. Mas isto não quer dizer que ele não vá continuar como o desenhista regular da série, principalmente depois das criticas elogiosas que "Dial H" tem recebido nos EUA. E um dos grandes trunfos da HQ, como na original, é a variedade de personagens. O único porém é gostar demais de um deles, como o Capitão Lacrimoso, e não vê-lo mais:
- Neste aspecto, a série é igual às anteriores. A cada revista e a cada "discada" temos novos heróis. O que para mim tem sido criativamente muito interessante, pois tenho a chance de estar sempre criando novos designs.
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