Por Marcelo Naranjo - UHQ
No sertão do Ceará, em meio ao desengano e à esperança, três histórias se cruzam sobre uma espera sem fim: Conceição tenta convencer a avó a abandonar sua propriedade no sertão e levá-la para Fortaleza, onde trabalha como professora; o vaqueiro Chico Bento fica desempregado e, sem dinheiro para o trem, é obrigado a caminhar pelas estradas com a família, vivenciando fome, sede, morte; e apenas Vicente permanece na própria fazenda, lutando contra o sol escaldante e a mortandade do gado.
O ano é 1915. Ficaria marcado para sempre na história por uma das maiores secas que o nordeste brasileiro já enfrentou.
A Editora Ática lança a adaptação em quadrinhos de O Quinze (formato 19 x 26 cm, 88 páginas), de Rachel de Queiroz, como parte da coleção Clássicos Brasileiros em HQ.
Quando o romance foi publicado, nos anos 1930, chamou a atenção por ter sido escrito por uma autora ainda iniciante. Muito foi dito sobre as semelhanças entre ela e sua protagonista: ambas independentes, crescidas no Ceará e levando a vida entre a cidade e o campo. Mas a obra ultrapassou questões biográficas e impressionou pela sobriedade com que tece uma trama de vidas ligadas por um longo ano de estiagem.
Muitas décadas depois, outro artista que viveu a realidade do sertão, e hoje transita entre as principais metrópoles do mundo, adapta o clássico para os quadrinhos. Nascido no interior da Paraíba, Shiko realizou extensa pesquisa para transpor elementos da cultura local com precisão.
Shiko nasceu em Patos, no sertão paraibano, onde viveu até os 20 anos. Começou sua carreira nos quadrinhos - desde 1997 desenha e publica o Margina-zine. Sua produção inclui ilustrações de editoriais e campanhas publicitárias, grafite pelas ruas das cidades, direção de filmes, clipes e curtas de animação. É um dos artistas presentes no álbum MSP Novos 50 e vai participar do projeto Graphic MSP, com o personagem Piteco.
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