
 Obra traz peripécias de jovem deficiente
Fábio Fernandes tem 40 anos e 
paralisia cerebral. Ele não anda e não fala, mas se comunica através de 
mensagens digitais que escreve com os pés. Nada disso, porém, foi 
suficiente para impedi-lo de se formar em jornalismo e publicar a 
história em quadrinhos “Bim, um menino diferente”, lançado este ano pela
 editora Multifoco.
 
Fábio Fernandes superou dificuldades para lançar seu primeiro quadrinho
Trabalhando desde 1998 com o tema da 
inclusão social, Fábio é autor da primeira peça de teatro brasileira 
sobre o assunto, “O menino que falava com os pés”. Através deste e 
outros projetos, o jornalista concluiu que ainda é muito precária a 
produção cultural voltada para pessoas com deficiência. Em razão disso, 
nasceu o "Bim".
“De um modo geral, as pessoas que tem 
algum tipo de deficiência, sobretudo as que apresentam paralisia 
cerebral, são estigmatizadas socialmente. O Bim é o oposto dessa visão 
que a sociedade tem. O Bim é um garoto levado, peralta, que passa, sim, 
por situações de preconceito, mas que não perde a alegria e a vontade de
 viver”, diz Fábio à IMPRENSA.
A importância do público-alvo – 
crianças e jovens deficientes e não-deficientes do Brasil – foi o que 
motivou a escolha da mídia em quadrinhos para esse projeto. “Foi através
 do olhar desse garoto que eu pretendi construir uma narrativa nova, 
diferenciada, sobre um segmento da sociedade brasileira. Essas pessoas 
existem e não podemos ignorar a presença delas. [...] Eu quis mostrar 
com o Bim que é legal ter um coleguinha cadeirante”, afirma.
Fábio diz ainda que pretende levar as 
histórias do personagem para outras plataformas, especialmente a 
internet, mas que ainda aguarda parcerias para dar continuidade ao 
projeto.
Deficientes na mídia
“Eu venho questionando, desde que me 
formei, sobre essa falta de conteúdo midiático que retrate a temática 
das pessoas com deficiência na sociedade brasileira. O mercado dos meios
 de comunicação desconhece esse segmento da sociedade, que representa 
14% da população. Isso é uma falha imensa da mídia brasileira”, opina o 
jornalista.
Apesar dessa carência de conteúdo, 
Fábio diz que o mercado de trabalho, em contrapartida, lhe foi bastante 
receptivo. O jornalista cobriu os jogos Para-Panamericanos do Rio de 
Janeiro (RJ) em 2007, pelo site da Prefeitura carioca, onde trabalha há 
oito anos. Ele diz que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito por 
conta da paralisia cerebral.
“Como todo ‘foca’, passei as minhas 
dificuldades. Mas graças à Deus sempre fiz o meu trabalho da melhor 
forma possível. E devo ser bom repórter, porque sempre levo pautas 
exclusivas para o veículo”, conta Fábio, sem perder o bom humor.
Fábio conclui dizendo ainda não ser "o
 jornalista que gostaria de ser”, mas que a paixão pela profissão o faz 
ter certeza de que é isso o que quer para sua vida. Ainda assim, faz 
questão de defender sua causa.
“Acho vital que as pessoas com 
deficiência, e também as que têm paralisia cerebral, ocupem os espaços 
dessa sociedade da qual somos parte. E a imprensa é, sim, um espaço a 
ser conquistado por nós.”
Via Portal Imprensa
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