DC apresenta uma nova versão da Power Girl, negra e adolescente em World's Finest #26. E isso faz parte de um processo muito maior.
Há quem defenda (com bons argumentos, aliás) que ela seja um ícone feminista, apesar do decote — que seria literalmente um buraco onde ficaria o emblema super-heroico dela — que, por acaso, ela destruiu com a mão e chamou de PORCO CHAUVINISTA o cara que criou isso pra ela. “I may be Superman’s cousin, but I’m not his carbon copy! I’m my own woman!”.
Em outra história, ela chegou a dizer que usa o que quiser porque ela é uma mulher e foda-se e; mas, outro dia, contou chorando pro Clark que, quando fez o uniforme, ela pensava num símbolo como o dele, mas não conseguiu pensar em nada. “Eu achei que uma hora eu iria pensar em alguma coisa, e fechar esse buraco. Mas não”.
(…)
Além do decote, o tamanho dos peitos da personagem também gerou polêmica. E, segundo Jimmy Palmiotti, a culpa é dos editores da DC, na época em que ela foi criada. “Wally Wood era o artista que a desenhava e ele estava convencido que os editores não prestavam atenção em nada do que ele fazia. Então, o desenhista disse que iria aumentar os peitos dela a cada edição, até eles perceberem. Demorou sete ou oito até que alguém ‘hey, que porra é essa?’ E foi aí que eles pararam”. Tarde demais. :P
Na última semana, porém, World’s Finest #26 chegou às comic shops dos EUA e a galera que leu teve uma surpresa: existe uma nova Poderosa. A partir daqui, SPOILERS.
A Poderosa que você conhece, Karen Starr, está muito bem, mas a coisa está pegando na Terra-2, que é de onde ela veio. Assim, ela e a Caçadora (Helena Wayne, filha do Batman desse outro mundo) resolveram voltar pra lá, deixando um legado na Terra-0. Parte desse legado é a Starr Labs, na qual trabalhava como assistente da Karen, chamada Somya.
Somya é mãe de Tanya Spears, uma jovem de 17 anos, negra. Assim que as duas heroínas voltaram pra sua “Terra natal”, Tanya descobriu que era invulnerável e tinha superforça — e, assim, surge a nova Poderosa do Universo DC principal, a chamada Terra-0.

A nova Poderosa
Por que uma nova Poderosa?
Em entrevista ao Newsarama, o roteirista Paul Levitz contou que “Dan [Didio, co-publisher] e [o editor] Mike [Cotton] pediram por ela há alguns meses, com detalhes bem específicos, e Tanya foi trazida ao palco por encomenda. Eles têm planos bem específicos para ela”. Além disso, Levitz comentou que “foi pedido que a Poderosa adolescente fosse uma jovem mulher negra”.O quadrinista não abriu quais seriam esses planos “específicos” da editora, mas os planos mais “abrangentes” são bem claros: introduzir versões diferentes de heróis clássicos estão na agenda de Marvel e DC. É bem fácil entender o motivo: em um mercado dominado por diversos títulos e que precisa chamar a atenção de novos leitores, fica difícil agradar as chamadas “minorias” (que, cada vez mais, tem a sua importância e juntas formam a maioria) com heróis 100% novos. A própria DC tentou fazer isso logo após o reboot, com um membro gay nos Titãs. Não rolou.
O que vai atrair a atenção das pessoas, então? Vai ser um Lanterna Verde gay, um Wolverine gay, um Homem-Aranha latino/negro, uma Poderosa negra, um Lanterna Verde muçulmano, uma Miss Marvel adolescente e muçulmana e por aí vai. Porém, ninguém precisa mudar drasticamente um personagem conhecido e que vai muito bem de vendas, obrigado. Se faz isso com uma versão alternativa, de um universo diferente, ou com um contexto que permita diversos personagens com o mesmo nome (como é o caso da Tropa dos Lanternas Verdes).
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De todos esses casos citados, o único herói que morreu definitivamente para a nova versão ver à luz do dia foi o Lanterna Verde Alan Scott. Porém, ele iria pro limbo de qualquer jeito, já que a DC Comics acabou com os heróis da Terra-2 original, que vinham da Era de Ouro dos quadrinhos.
O que precisamos entender é que os quadrinhos de super-heróis começaram falando com os underdogs, com os oprimidos – dando uma força pra esse pessoal, uma esperança. Começou com o Superman, o cara que trouxe força pras pessoas quando os EUA ainda tentavam sair dos escombros da crise de 29; passou pelo Homem-Aranha, o adolescente que era igual aos leitores e se ferrava para pagar as contas, mas que vestia uma roupa colorida para fazer a diferença e conseguia pegar a mina que sempre quis; e chega na nova Poderosa, a garota negra, alta, superinteligente e que tem suas neuroses, seus problemas típicos de uma garota de 17 anos dos anos 2010.

Via JUDÃO
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