Mas não é tão fácil assim. Uma tonelada de leis ainda pode dificultar a compra. Levando em conta as tretas que Washington e Beijing costumam ter de vez em quando, ter uma empresa chinesa como dona da Warner Bros, CNN e outras com certeza pode fazer com que os políticos estadunidenses façam de tudo para impedir. Mas algumas fontes chinesas especializadas no mercado financeiro dizem que não é impossível, afinal “faz sentido, pois seria uma maneira fácil – e rápida – de dar à Wanda o alcance mundial que ele deseja”, diz uma delas.
A segunda razão é que ele é, talvez, rico o bastante. Poderia ele oferecer mais do que 80 bilhões de dólares? A fortuna pessoal do cara tá em torno de 14 bilhões, que é, de acordo com a Forbes, basicamente a mesma que a de Murdoch. E a renda da Wanda em 2013 atingiu 30 bilhões e tem uma previsão de atingir 100 bilhões em 2020. Wang disse em julho que pretende comprar “uma ou duas” grandes empresas de entretenimento este ano, mas negou-se a dizer em quais está de olho.
Até o momento, sua maior aquisição foi a AMC Entertainment, que é a segunda maior cadeia de cinemas nos EUA, em 2012, por 2.6 bilhões de dólares. E ele também deu 20 milhões à Academia de Ciências Cinematográficas (aquela que organiza o prêmio do careca dourado) para aprimorar seu museu cinematográfico. Uma fonte diz: “a Time Warner é maior do que ele pode comprar agora, mas ele tem maneiras de conseguir a grana.” As opções para realizar a empreitada incluem ideias de uma aliança maior, permitindo mais investidores e uma maior valorização. A também gigante chinesa Alibaba deve se tornar a maior empresa de tecnologia do mundo, quando passar a ser pública. Já pensou as duas juntas investindo na Warner?
A terceira razão seria a ideia de que ele precisa de proteção. Quando Wang estava em ascensão, ainda em Dalian (uma cidade do sul da terra de Mulan), ele tinha laços fortes com Bo Xilai, um ex-prefeito da cidade e uma estrela ascendente do Partido Comunista. Bo perdeu seu mandato e está preso, enquanto que sua esposa, Gu Kailai, foi presa por ter envolvimento com o assassinato do empresário britânico Neil Heywood. Gente boa esse casal, hein? De qualquer forma, Gu é uma advogada e colaborou com Wang em vários projetos estatais. Jianlin conseguiu sair ileso dos problemas envolvendo Bo, mas não ajudou nada o governo do novo líder Xi Jinping, que fez várias ofensivas contra corrupção e agiu no caso de Bo.
Da esquerda para a direita: Bo Xilai, Neil Heywood e Gu Kailai
Algumas fontes especulam que Wang está ansioso para expandir suas ações no exterior como medida de proteção contra as questões de política interna chinesa. Wang cada vez mais tem encontrado dificuldades para agir da maneira que gosta com a atual legislação chinesa, muito bem regulamentada sobre praticamente qualquer coisa.
Com os pezinhos em Beverly Hills, Wang poderia ficar mais perto de conseguir sua passagem definitiva para Hollywood.
Só que, ao mesmo tempo, o Hollywood Reporter também diz que há outros interessados na Warner – e que, obviamente, a entrada do chinês no leilão (porque parece um) pode fazer esses outros interessados se apressarem – e é aí que vem a bomba.
A primeira, seria o Google. A gigante do mercado de tecnologia anda mencionada como uma potencial nova dona da Warner, embora ainda seja fresca na memória de muita gente a desastrosa fusão da Warner com a AOL. Mas, diferente da AOL na época, o Google tem um passado de grandes aquisições e tem “só” um valor de mercado de 385 bilhões.
A segunda seria a Apple. O valor de mercado dela são ignorantes 567 bilhões, para não dizer os 38 bilhões na mão, assim, como quem não quer nada, como quem compra um saco de pipocas, pra usar à vontade. Olhe a área de atuação da Apple e lembre do gigantesco acervo de filmes e conteúdo para TV que a Warner tem e bingo, uma compra seria muito benéfica para a maçãzinha. Apple TV, iPads, iPhones e não é difícil ver aonde a coisa vai, mas o grande peso fica com o iTunes, que largaria muito na frente diante de concorrentes como Netflix, Hulu e outros provedores de serviços online. Aliás, com todas essas condições, não sei porque a Apple ainda não se mexeu.
Mas a última, a última meu amigo… é pra fazer qualquer um cair da cadeira: Disney.
(vou esperar uns segundos pra você recolher o queixo, pois sei que está pensando exatamente a mesma coisa que eu agora)
Bom, a ideia de fundir a Marvel com a DC é muito forte para ignorar e com certeza a CNN daria à Disney o grande canal de notícias que a casa do Mickey e do Homem-Aranha ainda não possui. O valor de mercado da Disney em agosto é de 149 bilhões, enquanto que o da Warner é de 63 bilhões, o que dá ao CEO da Disney, Bob Iger, mais munição para a compra do que Murdoch.
Vamos às consequências mais nerds? YES! Por favor, Disney, compre a Warner, tipo, AGORA!
Primeiro, acabaria o #mimimi ridículo de “Marvel é melhor do que DC” e vice versa. Amigo, ninguém te contou que você pode, assim, gostar igualmente das duas?
Outra, seria uma chance ímpar de simplesmente zerar os dois universos de quadrinhos e recomeçar de um jeito certo, bonitinho, sem cagadas a lá Novos 52, com todo mundo junto. Ver os nossos personagens preferidos juntos de vez mexeria em todos os cânones de forma que seria sensacionalmente sensacional (sim, assim mesmo), pois imagina uma Liga da Justiça com Superman, Batman, Hulk, Dr. Estranho, Flash, Homem-de-Ferro, Mulher-Maravilha e Homem-Aranha ou uma equipe dos Vingadores com Capitão América, Thor, Ajax (nem vem com só “Caçador de Marte”), Visão, Gladiador Dourado, Besouro Azul, Gavião Arqueiro e Harpia. É de infartar.
Daí, imagina as outras mídias, como videogames, animações e afins e, claro, principalmente, os cinemas. Acho que seria o maior tapa na cara a Disney chegar, fazer um filme e dizer: “É assim que se faz um filme…” e coloque “… do Superman” ou “… da Mulher-Maravilha”. E, não só isso, fazer essa galera se encontrar nos cinemas. O que pode ser maior do que Vingadores 1, 2 e 3? Um filme baseado na Liga da Justiça x Vingadores de Kurt Busiek e George Pérez, claro! Mindblowing, amigo, mindblowing!
Para o mercado de quadrinhos? Seria um senhor monopólio e é aí que tenho minhas dúvidas se seria benéfico, mas o que a galera engravatada quer saber do mercado de quadrinhos, minúsculo perante todo o resto? Em um universo só, os personagens de Marvel e DC teriam um mercado de cerca de 80% nas publicações. Senão mais. É, basicamente, o que o Maurício de Sousa tem aqui no Brasil. Quem aqui consegue fazer frente a ele? Ou nem batalhar na mesma linha de HQ (infantil), mas ter vendas semelhantes? É o que aconteceria lá, provavelmente.
Pense nas possibilidades. Pense. Apenas pense. É uma loucura imaginar eles juntando Marvel e DC, fazendo todos estes filmes juntos? Claro que é. São muitas marcas diferentes envolvidas, reduzi-las a uma única cadeia de comando está longe do que acontece na vida real de fusões entre empresas. São muitas metas diferentes, grandes executivos diferentes. Em resumo, estamos falando de algo quase impossível? Sim. Mas sonhar, amiguinhos, não custa nada e faz a vida de um nerd mais feliz.
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