“Crianças estão vindo e conhecendo o acervo do museu”, diz curador.
Mostra “Transmuriliana” fica em cartaz até o dia 10 de maio, no MAMM.
Diversos artistas de todo o país fizeram uma releitura de obras do poeta Murilo Mendes. A exposição “Transmuriliana” traz os versos já conhecidos sob uma nova linguagem, através de quadrinhos, charges, caricaturas e até mangá. A mostra é dividida em quatro temas: masculino, feminino, natureza e mística, e não trabalha apenas desenhos. As obras trazem áudios com a declamação dos poemas feita por atores de Juiz de Fora.
É a primeira vez que o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) recebe uma exposição de quadrinhos. Todas as obras foram feitas especialmente para a mostra, que fica em cartaz até o dia 10 de maio, reunindo artistas renomados e iniciantes em uma parceria inédita.
Berzoini selecionou os poemas e enviou para os artistas, de acordo com o estilo de cada um. “Eu tenho uma pesquisa de histórias em quadrinho e narrativa transmídia, por onde conheci alguns artistas e fui convidando. Fiz uma seleção dos poemas que eu imaginei ter a ver com o trabalho deles e deu certo. Eles (os artistas) se identificaram com a obra e o resultado foi melhor que eu imaginava”, comemorou.Para o curador da exposição, Thiago Berzoini, a galeria pode servir como incentivo para um público novo conhecer o museu em um momento propício, já que a mostra abre as comemorações dos 10 anos do MAMM. “Estamos perto de uma escola e as crianças estão saindo uniformizadas e vindo até aqui. Eles começam nos quadrinhos e, de repente, estão na outra galeria, conhecendo o acervo contemporâneo do museu. Para mim é novidade ver isso”, contou.
Segundo ele, os textos invocavam muitas imagens, trabalhavam com elementos lúdicos e isso ajudou na criação. “Os textos do Murilo são muito imagéticos. Quando você está lendo, cria uma imagem muito forte. Óbvio que cada um tem uma leitura, e isso torna o resultado ainda mais interessante”, disse.
O curador aposta na transmídia como ponto forte da mostra. ”Você tem o texto, as imagens e o áudio do poema. É uma passagem pelo som, textual e imagético ao mesmo tempo, uma experiência diferente e instigante”, afirmou.
Anna Mancini, a Manzanna, é ilustradora há três anos e faz quadrinhos há cerca de um ano e meio. “O Mar” é a primeira obra que ela expõe. “É interessante porque o conteúdo é de um poeta, uma pessoa de expressão. Não é algo 100% criado por mim”, disse.
A ilustradora já trabalhou com design e isso a ajuda a ter um traço diferenciado. “Minha referência vem de fora do quadrinho, por isso tenho uma preocupação com diagramação, em deixar um espaço vazio e trabalhar com preto e branco, que é uma identificação que eu tenho com fotografia", contou.
A ilustradora já trabalhou com design e isso a ajuda a ter um traço diferenciado. “Minha referência vem de fora do quadrinho, por isso tenho uma preocupação com diagramação, em deixar um espaço vazio e trabalhar com preto e branco, que é uma identificação que eu tenho com fotografia", contou.
Para Manzzana, a experiência não só deu um resultado positivo como desenvolveu uma vontade de dar sequência e experimentar coisas novas. “O Thiago me passou um poema que eu gostei muito de trabalhar, que fez sentido pra mim e combinou com o meu traço e a linguagem que eu já tenho. Fiquei com vontade de adaptar poemas de outros artistas, é uma coisa que eu faria de novo”, afirmou.
Ela acredita que a mostra pode ser o primeiro passo para acabar com o estigma de um ramo da arte. “É interessante pra quem já gosta de quadrinho ver que ele não se limita apenas a histórias de super-heróis. Esse estilo independente existe, e ainda é absolutamente estranho pra muita gente,” concluiu.
Quem também vê o quadrinho muito além das obras tradicionais é o desenhista Guilherme Batista, dono da gravura que retrata o poema “Bola de Cristal”. Para ele, a mostra pode quebrar paradigmas. “Tem muita gente que não considera quadrinho como arte. Quem tem esse tipo de preconceito precisa entrar em contato com novas obras e tentar entender que existem quadrinhos de todos os tipos e gamas diferentes”, explicou.
Apesar de nunca ter transformado uma poesia em desenho, não é a primeira vez que Guilherme se aventura por um caminho semelhante. “Já peguei uma música dos Titãs e transformei em duas páginas de desenhos, durante um projeto para a faculdade, mas nunca publiquei, está guardada comigo”, contou.
Apesar disso, o desenhista, que sempre foi fã de quadrinhos, ficou preocupado com o convite. “Achei diferente e tive um choque inicial, fiquei receoso por se tratar de um poema, mas depois consegui adaptar. Dei uma fantasiada e chegou bem próximo ao que eu tinha pensado antes", opinou.
Apesar disso, o desenhista, que sempre foi fã de quadrinhos, ficou preocupado com o convite. “Achei diferente e tive um choque inicial, fiquei receoso por se tratar de um poema, mas depois consegui adaptar. Dei uma fantasiada e chegou bem próximo ao que eu tinha pensado antes", opinou.
Ele acredita que a experiência pode ser enriquecida se o público não se prender apenas ao desenho. “A imagem é um atrativo, mas não traduz o que é o poema. A pessoa precisa ter contato com os dois, porque são obras completamente diferentes”, disse.
Segundo a advogada e professora universitária, Poliana Vidal Duarte, que entrou no museu quase sem querer, depois de sair de uma livraria na mesma rua, é preciso fomentar o interesse pela arte. Ela defende o acesso maior dos estudantes às exposições e mostras.
“A arte instiga a nossa capacidade de criticar as coisas na sociedade. Quando você analisa uma obra, fica se perguntando o que o artista quis dizer. Isso é um exercício critico importante para os estudantes e eles, às vezes, não têm esse conhecimento das coisas que acontecem”, argumentou.
A exposição “Transmuriliana” fica em cartaz até o dia 10 de maio, no Museu de Arte Murilo Mendes, na Rua Benjamin Constant, número 790, no Centro de Juiz de Fora. O Museu funciona de terça-feira à sexta-feira, das 9h às 18h e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h. A entrada é gratuita.
Para conhecer as exposições em cartaz no museu, basta entrar no site do MAMM. Lá também é possível saber mais sobre a vida e obra do poeta juiz-forano e até agendar uma visita em grupo. As obras dos artistas citados na matéria, Anna Mancini (Manzzana) e Guilherme Batista podem ser conhecidas através dos links.
Para conhecer as exposições em cartaz no museu, basta entrar no site do MAMM. Lá também é possível saber mais sobre a vida e obra do poeta juiz-forano e até agendar uma visita em grupo. As obras dos artistas citados na matéria, Anna Mancini (Manzzana) e Guilherme Batista podem ser conhecidas através dos links.
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