quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Quadrinhos: história para gente grande


História em quadrinhos é coisa de criança, certo? Errado. Com espaço crescente nas livrarias, nos catálogos de editoras e também no cinema, onde inspira um filão de blockbusters, as HQs atraem um público cada vez maior e parecem até desafiar a crise econômica mundial: só na rede de livrarias Saraiva, a venda de obras do gênero subiu 40% no primeiro trimestre de 2009. "Vivemos um momento de produção de HQs sem paralelo na história", diz o editor André Conti, da editora Companhia das Letras, que lançou o selo Quadrinhos na Cia.(2009), dedicado exclusivamente à chamada nona arte.
Confira: especialistas indicam 12 obras fundamentais de HQs para você ler:
O selo não representa a primeira incursão da editora no segmento, mas é uma espécie de atestado do bom momento. Dois exemplos: Maus, obra-prima de Art Spielgman que conquistou o prêmio Pulitzer de literatura em 1992, vendeu 15.000 exemplares; Santô e os Pais da Aviação, do paulistano Spacca, 30.000 - números bem superiores à média do mercado editorial nacional. Devido ao bom desempenho, a partir de agora, os títulos em quadrinhos deixam de fazer parte do catálogo juvenil da editora para ganhar espaço próprio.
O Quadrinhos na Cia. saiu com quatro títulos: Nova York, reunião de quatro livros de Eisner, O Chinês Americano, premiado trabalho de Gene Luen Yang, Jubiabá, adaptação do romance homônimo de Jorge Amado feita por Spacca, e Retalhos, do americano Craig Thompson, de Jimmy Corrigan, o Garoto mais Esperto da Terra, de Chris Ware, traduzido pelo escritor Daniel Galera, e Cachalote, em parceria entre Galera e o ilustrador Rafael Coutinho.
As razões para a expansão dos quadrinhos são diversas, segundo agentes do mercado. Nem todas parecem satisfatoriamente elucidadas, porém. Entre elas, estão a explosão das graphic novels (romances gráficos, na expressão cunhada por Will Eisner, mestre da área), e a invasão dos gibis japoneses. Além disso, leitores que no passado compravam revistinhas nas bancas com o dinheiro do pai agora se abastecem sozinhos. Há ainda influência dos sucessos de cinema baseados nas HQs, realimentando o gênero.
"O espaço dos quadrinhos nas livrarias hoje é maior do que foi nos anos 80, quando houve uma certa euforia no segmento, dissipada já na década seguinte", afirma Rogério de Campos, da editora Conrad. A empresa é uma especialista no assunto: criada em 1993, investiu a fundo no gênero a partir de 1999, e agora 80% de seu faturamento vem daí. "No início, dava um trabalho enorme explicar para as livrarias que obras como as do cartunista Robert Crumb (de Fritz the Cat e Mr. Natural) não deveriam ficar entre os títulos infantis", lembra Campos. "Agora, estamos vivendo o melhor momento da história dos quadrinhos", complementa.

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