Por Impulso HQ
O que nasceu de apenas um pequeno encontro de amigos no ABC Paulista (SP) na qual eu queria compartilhar o zine que estava lançando, e também trocar os dos amigos, se tornou em algo maior, talvez pelo sentimento de paixão e dedicação a esta arte. O evento foi o primeiro a celebrar o dia Internacional do Fanzine no Brasil. Sim meus amigos, a Fanzinada fez um ano!
O dia internacional do fanzine foi comemorado no dia 29 de abril, mas realizamos o nosso evento no dia anterior (28 de abril) para podermos ter presente o nosso amigo carioca, o escritor Cristiano Onofre, que participou de um debate e fez o lançamento de seu mais recente livro “Câmera Lenta”.
A Fanzinada é um evento de encontro de quem faz fanzines para quem faz e/ou quer saber mais sobre o assunto. Em meio a mudanças políticas, econômicas e tecnológicas, os Fanzines enfrentaram diversos obstáculos para seguir seu curso, principalmente em termos de concorrência, de altos gastos financeiros e mudanças constantes nos padrões das grandes mídias. Porém nem isso conseguiu extinguir essas publicações.
Fernanda de Aragão e Gazy Andraus
Os mesmos se mantêm de forma atuante, sendo necessário eventos como esse para se fortalecer e compartilhar o que tem sido produzido atualmente e também lembrar da nossa história e registros para nova geração.
Estou achando saudável esse despertar para as artes independentes, e os fanzines em contrapartida estão saindo dos guetos e da marginalidade. Com crescimento das mídias sociais como meio de comunicação, a nossa principal fonte de divulgação, estiveram presentes profissionais envolvidos e compromissadas com a arte como DJs, músicos, artistas plásticos, artesãos, quadrinhistas, grafiteiros, cineastas, escritores, poetas, educadores/pedagogos, e é claro, os curiosos!
Em uma comemoração ao Dia Internacional do Fanzine, o que não faltou foi fanzineiros e fanzineiras. Todos novamente se juntaram para festejar e participar das atrações seletivas e acessíveis a todos. O clima foi de descontração e alegria, bem típico até das pessoas que produzem fanzines.
Muitos fanzineiros (as) que não puderam comparecer por serem de outros estados acabaram mandando materiais para serem divulgados e já guardados no acervo da nossa futura Fanzinoteca no Atelier Letra Corrida, da escritora, artista plástica e fanzineira Fernanda de Aragão.
O fato é que o evento está dando um fôlego no meio alternativo de maneira bem positiva.Os eventos são tão variados quanto à criatividade de quem os provoca. Por onde passamos houve a soma de ações previamente planejadas com objetivos de ordens social pedagógica e cultural que se dimensionarão de acordo com a própria dinâmica e necessidade de informação dos fanzines.
Nesse primeiro ano de existência a Fanzinada percorreu outros estados, esteve no Museu de Arte de São Paulo (MASP), um dos principais do Brasil, e vem se consolidando para se tornar algo maior itinerante para todo o Brasil.
Eduardo Febo, Thina Curtis e Cristiano Onofre
Nesse encontro de celebração de aniversário da Fanzinada e de comemoração ao dia Internacional do Fanzine além de varias publicações independentes, exposição de artes, a discussão com Gazy Andraus de como fazer para enfim termos o Dia Nacional dos Fanzines, debate literário com os escritores e poetas da literatura marginal Cristiano Onofre (RJ) e Eduardo Febo (SP), também aconteceu o lançamento da nona edição do fanzine Spell Work, que esgotou rapidamente.
Outro momento marcante do evento foi a mostra do documentário recém saído do forno “Fanzineiros do Século Passado – Capítulo 2: O Fanzine a serviço do rock. Os fanzineiros deste século e os estímulos para a produção impressa”, de Márcio Sno. Quem ainda não viu está perdendo um registro histórico de como os fanzines fizeram parte de um movimento musical e foram importantes para a relação banda/público, em um tempo onde a Internet nem se quer era cogitada para a grande massa.
E para fechar a noite, a produção de um fanzine coletivo que foi realizado de maneira alegre e descontraída. Foi um momento apreciado e agraciado com diversas formas de conhecimento e valores proporcionados pelo evento, cabendo a si próprio de dar uma “finalidade” a essas informações e trocas.
O evento mesmo com o tempo frio e uma garoa típica de São Paulo terminou de forma fraternal, libertária e satisfatória, agregando todos os que se estiveram presentes. Talvez seja romantismo de minha parte, mas arrisco dizer que esse grupo que acompanha o evento já é uma grande família zineira que só tende a crescer! Continua de forma independente, colaborativa e no melhor estilo “Do It Yourself“!
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