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Vykin e Corredor Negro: criações de Jack Kirby |
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Wonder Woman #206: aparição de Nubia |
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Black Lightning #1, pela DC |
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Iron Man #170: James Rhodes |
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Green Lantern #87: estréia de John Stewart |
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Jungle Action #5: aventuras-solo do Pantera Negra |
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Luke Cage Hero for Hire #1 |
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Tomb of Dracula #10: a estréia de Blade |
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:: A Era de Bronze (1970 – 1986) A Explosão Negra Os anos setenta é um período interessante da história dos Estados Unidos, porque no início dessa década a sociedade americana começou a reconhecer a validade de várias das reivindicações dos movimentos sociais que ocorreram na década anterior. As chamadas “ações afirmativas” começaram a ser aplicadas e o cinema foi tomado pelo movimento “blaxplotation”, onde filmes protagonizados e dirigidos por artistas negros tiveram um enorme êxito de bilheteria. Obviamente, a indústria dos quadrinhos não ia ficar de fora dessa e a partir daí houve também uma “explosão negra” nos gibis e a maior parte dos heróis “negões” que conhecemos deu o ar da graça nessa época. É difícil relacionar todos esses personagens, e por isso vamos nos ater aqui aos mais importantes ou então aqueles que têm a história mais curiosa. Em 1970 Jack Kirby foi contratado pela DC e lá desenvolveu alguns conceitos que mais tarde seriam conhecidos como o “Quarto Mundo de Kirby”.
Entre deuses e clones, Jack criou, na revista Foverer People #1 (Povo da Eternidade) em 1971, o primeiro super-herói negro da DC, chamado Vykin, o Negro. Vykin era dotado de poderes magnéticos e nos quesitos inteligência e engenhosidade ele só perdia entre os Novos Deuses para Metron. No mesmo ano, na revista New Gods #3, Jack criou outro personagem bem interessante, o Corredor Negro, que era uma entidade cósmica que simbolizava a Morte. Tal entidade se apossava do corpo paralisado do veterano do Vietnã Willie Walker para literalmente buscar as almas dos Novos Deuses que se encontravam prestes a morrer. Um pouquinho antes desses personagens surgirem, na revista Superman #234 de 1970, foi casualmente revelado que em Krypton, o planeta natal do Super-Homem haviam negros! Tais negros viviam em uma ilha chamada Vathlo que, apesar de não fazer parte da Federação Kryptoniana, mantinha boas relações com os outros países do planeta. A Ilha Vathlo era eventualmente citada nas histórias do Super-Homem, só que com o evento “Crise nas Infinitas Terras” e a posterior reformulação de Krypton ela foi deixada de lado. Por enquanto, Jeph Loeb não ameaçou trazê-la de volta... Mas se existe um fato que foi apagado pela “Crise” e que realmente é pra-lá-de-curioso é a irmã negra da Mulher-Maravilha! Na revista Wonder Woman #206 de 1973 a dupla Cary Bates e Don Heck nos mostrou que a mãe da Mulher-Maravilha, a Rainha Hipólita da Amazonas havia esculpido duas, e não apenas uma estátua de barro, estátuas essas que foram abençoadas pelos deuses gregos com a vida. Uma das estátuas, que assumiu a forma de uma menina negra e foi batizada com o nome de Nubia foi seqüestrada por Marte, o deus da guerra, e foi doutrinada por ele para destruir as amazonas, enquanto a outra cresceu e se tornou a Mulher-Maravilha que conhecemos. Obviamente, as duas irmãs se enfrentaram e Diana conseguiu libertar Nubia do jugo de Marte. Vai saber se um dia Nubia não volta a dar as caras... Entretanto, se Nubia desapareceu, em 1972, nas páginas de Green Lantern #87 apareceu um personagem que, com o passar dos anos iria adquirir sua importância no Universo DC. Na história desenvolvida pela dupla Denny O’Neill/Neal Adams ficamos sabendo que Hal Jordan é obrigado a escolher um reserva para o seu cargo de Lanterna Verde, já que o seu sucessor imediato (o irascível Guy Gardner) se encontrava em coma. Hal escolhe para a sua reserva um arquiteto negro desempregado chamado John Stewart e como teste o incumbe de proteger um político racista que, no final descobrimos estar por trás da tentativa de incriminação de comunidades negras. John passou no teste, virou reserva da Tropa dos Lanternas Verdes e fez algumas aparições ocasionais na revista do Lanterna durante os anos setenta, mas como foi dito acima, sua relevância no universo DC só seria sentida mesmo no início do século XXI, principalmente devido a sua participação no fabuloso desenho animado “Liga da Justiça”. Sobre a criação de John Stewart, Neal Adams declarou que a etnia e o nome do personagem foram sugestões suas, e que elas foram feitas com base na óbvia diversidade racial que existe no mundo: “Nós devemos criar um Lanterna Verde negro, não porque somos ‘liberais’, mas porque faz todo sentido (...) quando o roteiro veio e vi que o nome do personagem era Hannibal Lincoln ou Lincoln Washington eu perguntei a Denny porque não dávamos a ele um nome comum. Que tal John Stewart?” Enquanto a DC começava a povoar seu universo com personagens negros, a Marvel não ficava atrás e, partir da edição #5 do gibi Jungle Action, em 1973, ela finalmente começou publicar aventuras-solo do primeiro super-herói negro da história, o Pantera Negra. Com roteiros de Don MacGregor e arte de Billy Graham, o Pantera se viu obrigado a enfrentar não “o super-vilão do mês”, mas sim uma revolta armada em seu país que visava derrubá-lo do trono de Wakanda, revolta essa comanda por um terrorista conhecido como Erlik, o Terror Negro. Essas estórias foram publicadas aqui no Brasil na fase áurea da revista SAM (Super Aventuras Marvel), entre os anos de 1982 e 1984 e deixaram muitos fãs antigos com saudades. E, na SAM no mesmo período também foram publicadas as aventuras do primeiro super-herói negro a estrear em seu próprio título nos States, o glorioso Luke Cage. O gibi de estréia do personagem, Luke Cage Hero for Hire #1 (Luke Cage Herói de Aluguel), lançado em 1972, mostrava em uma história escrita por Archie Goodwin e desenhada por George Tuska a origem do herói: injustamente condenado por um crime que não cometeu, Mark Lucas é enviado a prisão de Seagate. Ao chegar lá, Mark é convidado a participar de um experimento cientifico que em tese faria com que a pessoa que passasse por ele ficasse imune a qualquer tipo de doença. Mark aceita, porém durante a realização do experimento o mesmo é sabotado por um guarda racista da prisão. Tal sabotagem fez com que, ao invés de ficar imune a doenças, Mark ganhasse super-força e invulnerabilidade. Usando seus novos dons, nosso herói foge da cadeia e se refugia no bairro do Harlem. Após a sua chegada no Harlem, Mark Lucas decide mudar seu nome para Luke Cage e faz aquilo que qualquer pessoa que ganhasse super-poderes faria: decide faturar uma grana vendendo seus dons a quem pagasse melhor, se transformando em um “herói de aluguel”. O gibi do Luke Cage a despeito das mudanças do nome (a partir da edição #17 virou “Luke Cage Power Man” e na edição #102 mudou novamente para “Power Man and Iron Fist”, devido a entrada do personagem Punho de Ferro) durou até meados dos anos oitenta e foi um dos títulos estrelados por um herói negro mais longevos do mercado americano. E se existe um personagem negro longevo e que com certeza é um dos mais famosos da Marvel é a mutante Tempestade, criada por Lein Wein e Dave Cockrum e que teve a sua primeira aparição, junto com outros mutantes igualmente famosos em Giant Size X-Men #01 em 1975. Filha de um jornalista americano e de uma princesa africana, Tempestade se viu órfã desde a infância, e por causa disso foi obrigada a perambular por toda a África durante anos, até se estabelecer em uma tribo no Quênia que a considerava uma deusa devido aos seus dons mutantes de controle do clima. Ela teria ficado nessa vida por muito tempo se o Professor Charles Xavier não a tivesse conscientizado da verdadeira origem dos seus poderes e não a convidasse para integrar sua equipe de mutantes. Daí, até por ser uma das personagens favoritas do roteirista Chris Claremont, Ororo (seu verdadeiro nome) adquiriu grande participação dentro do título dos X-Men e se tornou uma das raríssimas mulheres negras a se destacar dentro do universo dos super-heróis. Entretanto, se existe um personagem negro da Marvel que ficou anos e anos como mero coadjuvante de terceira categoria e que depois adquiriu uma enorme importância mercadológica para a editora, sem dúvida alguma esse personagem é o nosso amigo Blade, o Caçador de Vampiros. Estreando na edição #10 da hoje clássica Tomb of Dracula, em 1973, com argumento de Marv Wolfman e arte de Gene Colan, Blade era filho de uma mulher que foi vampirizada por um morto-vivo chamado Deacon Foster, quando estava grávida do herói. A mãe morreu durante o parto, porém Blade adquiriu uma estranha imunidade a mordidas de vampiros e, desejoso de vingança, treinou como um louco até se tornar um grande especialista no uso de qualquer arma branca, daí derivando o seu nome-de-guerra. Blade fez inúmeras participações em Tomb of Dracula e deu o ar da graça em outros títulos místicos da Marvel, mas a tal “importância mercadológica” do personagem que foi citada acima iremos discutir apenas na última parte dessa série de artigos. A Marvel resolveu ir um pouco mais além do que já tinha ido e resolveu lançar um segundo título estrelado por um herói negro, no caso um que já tinha aparecido anteriormente no gibi dos Vingadores e do Luke Cage, o Golias Negro. A revista Black Goliath foi lançada em fevereiro de 1976 e a primeira edição recontava a origem do herói: Bill Foster foi assistente do bioquímico Henry Pym (vulgo Homem-Formiga, Gigante, Jaqueta Amarela, etc.) e conseguiu por conta própria reproduzir a fórmula de super-crescimento do seu antigo chefe e daí para virar mais um super-herói na praça obviamente foi um pulo. O personagem até que era simpático, só que a sua revista, que teve a colaboração de Tony Isabella e Chris Claremont nos roteiros e desenhos de George Tuska e Don Heck durou apenas cinco edições, devido às baixas vendas. Tal fato não desestimulou a Marvel que finalmente lançou uma revista estrelada pelo primeiro dos super-heróis negros, o Pantera Negra. Black Panther #01 chegou as bancas em janeiro de 1977, com argumento e arte de Jack Kirby, só que pelo visto nem o talento e o nome do “Rei” foram suficientes para dar uma grande sobrevida ao gibi, tendo em vista que depois da edição #15 a Marvel cancelou o título. Naturalmente, a DC observava de longe toda essa movimentação na Marvel e entendeu que já havia passado da hora dela mesma lançar um título estrelado por um herói negro. No final de 1976 e início de 1977, a cúpula editorial da DC encomendou ao veterano roteirista Robert Kanigher a criação de um novo herói negro. Bob elaborou um conceito, digamos assim, um tanto quanto “estranho”: um veterano caucasiano do Vietnã foi vítima de experiências clandestinas do Exército durante a guerra. Quando retornou a vida civil, o bom soldado descobriu que, em decorrência do experimento, toda a noite ele se transformava em um negão super-poderoso. E que, durante a transformação, ele combatia o crime vestindo um uniforme de basquete! É claro que os editores da DC não gostaram muito do que viram e pediram para o escritor Tony Isabella, que já tinha trabalhado nos títulos do Luke Cage e Golias Negro, que desse uma melhorada na proposta do personagem. Tony odiou completamente o que viu e sugeriu que fosse criado um novo personagem, o que acabou levando ao lançamento, em abril de 1977 do gibi Black Lightning #01, primeiro gibi da DC estrelado por um herói negro, que foi batizado aqui no Brasil com o nome de Raio Negro. Na história criada por Tony Isabella e desenhada por Trevor Von Eeden vemos o campeão olímpico Jefferson Pierce retornar ao seu bairro de origem, o Beco do Suicídio, em Metrópolis, com o objetivo de se tornar professor na escola local. Vendo que o bairro está entregue a traficantes e assassinos, Jefferson decide tomar algumas providências para limpar a vizinhança, e para tanto ele resolve usar um cinto que lhe confere poderes elétricos, um uniforme com enfeites de raios, uma simpática peruca black-power(?!) e a identidade secreta de Raio Negro. Por mais interessante que fossem a histórias criadas por Isabella, infelizmente acabou acontecendo com o gibi do Raio Negro o mesmo que aconteceu com as revistas do Pantera Negra e do Golias Negro: o cancelamento, nesse caso depois da edição #11, e devido principalmente a uma “faxina editorial” promovida pelos editores em 1978. O personagem chegou a fazer algumas aparições em outros títulos da DC, mas os fãs só o veriam novamente de forma regular no título Batman and the Outsiders, lançado em 1983, onde ele era um membro da equipe de super-heróis liderada pelo Cavaleiro das Trevas. Nos dias de hoje, ele aparece como o Ministro de Educação do Presidente Luthor nas aventuras do Super-Homem e pai da heroína Tormenta, que participa da novíssima formação dos Renegados. Porém, com certeza a “aparição” mais curiosa do Raio Negro foi no desenho animado Super-Amigos. Explicando: os produtores do desenho queriam personagens étnicos entre os membros da equipe, no entanto eles não tinham a mesma disposição na hora de pagar royalties aos criadores dos mesmos. Para contornar tal “dilema”, eles se “inspiraram” descaradamente no Raio Negro e mudando o nome, uniforme e algumas características dele criaram um novo personagem para as hostes dos Super-Amigos, personagem que conhecemos como Vulcão Negro. Pois bem, entre revistas canceladas e aparições ocasionais chegamos nos anos oitenta e sem dúvida alguma o personagem negro mais bem-sucedido desse período é o Cyborg, membro do grupo de heróis Novos Titãs. Surgindo no gibi de estréia da equipe, (New Teen Titans #01, de 1980), os seus criadores, a dupla Marv Wolfman/George Peréz habilmente aplicaram ao personagem um conceito que Stan Lee já havia usado no Coisa do Quarteto Fantástico: Victor Stone (seu verdadeiro nome) teve seu corpo mutilado por causa de um acidente em uma experiência extradimensional do seu pai, o cientista Silas Stone. O Dr. Stone se viu forçado a reconstruir o corpo do seu filho utilizando componentes cibernéticos, o que acabou gerando uma tremenda revolta em Victor, que passou a se auto-enxergar como um monstro. Posteriormente, o convívio com os outros Titãs fez com que Victor se conformasse com sua situação. O Cyborg caiu de tal forma no gosto dos fãs que ele acabou sendo escalado na sétima fase do desenho animado dos Super-Amigos (The SuperPowers Team Galactic Guardians) em 1985. Esperamos que dessa vez os criadores tenham recebido os seus royalties... Em 1983, o escritor Denny O´Neill escrevia as histórias do Homem de Ferro e dentro delas mostrava o inferno que o protagonista vivia devido ao seu alcoolismo. O vício de Tony Stark chegou a tal ponto que ele já não se encontrava em condições de vestir a sua armadura e, diante de um eminente ataque as Indústrias Stark acabou sobrando para o seu melhor amigo, o piloto particular James Rhodes, a responsabilidade de assumir a identidade do Homem de Ferro. Isso aconteceu na revista Iron Man #170 e durante um bom tempo Rhodes segurou a bucha de ser o Homem de Ferro. Nos anos que se seguiram, ele ganhou uma nova armadura e nova identidade (Máquina de Combate), mas se começarmos a falar sobre isso vamos entrar nos anos noventa, e essa época é tema da parte final dessa série de artigos sobre personagens negros nos quadrinhos. Até lá!!! Brodie Bruce, também conhecido como Claudio Roberto Basilio crbasilio@yahoo.com.br
Fonte: HQ Maniacs |
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