sábado, 28 de abril de 2012

Gibiteca abriga raridades dos quadrinhos em Foz do Iguaçu

Parte do acervo foi doada pelo pesquisador Waldo Vieira
Por Jornal do Comércio


Quando se fala nesta cidade, localizada no extremo oeste do Estado do Paraná, na fronteira com Paraguai e Argentina, a primeira lembrança que vem à cabeça de quase todo mundo é das estonteantes Cataratas do Iguaçu. No entanto, além dessa e de outras belezas naturais, Foz do Iguaçu guarda um verdadeiro tesouro para os amantes das histórias em quadrinhos. A gibiteca do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (Ceaec) abriga uma coleção que reúne cerca de 30 mil revistas do gênero, provenientes de 22 países e escritas em 16 línguas.
No acervo, é possível encontrar peças de Shakespeare em quadrinhos, Mickey Mouse em árabe, a primeira edição da revista Action Comics, com uma história do Super-Homem de 1938, peças raras do Fantasma, Zé Carioca, Tarzan e muitos outros. “Temos materiais de grandes gênios. Penso que, para alguém conhecer um pouco de nosso acervo, precisará de no mínimo uma semana”, sugere Pedro Marcelino, 28 anos, voluntário e consultor do espaço.
Boa parte das raridades encontradas no local pertenceu e foi doada pelo médico e pesquisador Waldo Vieira, 79 anos. Durante muitos anos, ele fez parte do movimento espírita e escreveu (ou psicografou, como afirma) livros em parceria com o médium Chico Xavier.
Porém, em razão de não concordar com os aspectos religiosos do espiritismo, Vieira abandonou a doutrina e decidiu criar as controversas neociências projeciologia e conscienciologia, voltadas ao estudo de fenômenos parapsíquicos (ou paranormais) e à “consciência de maneira integral”.
Vídeo de apresentação da Holoteca
Entre os maiores pilares dessas linhas de pesquisa está o incentivo ao desenvolvimento do intelecto. Na visão de Waldo Vieira e de outros “conscienciólogos”, além do manuseio de livros, estudos formais em universidades, entre outras atividades, a produção e leitura de gibis também pode ser considerada um bom meio de se expandir a inteligência e o senso crítico.
“Nos quadrinhos temos uma linguagem gráfica complexa que conseguiu unir signos gráficos de todo tipo (palavra, imagens, desenhos, pinturas) numa harmonia incrível. Assim, se conseguirmos usar esta forma de comunicação tanto na educação quanto no nosso desenvolvimento intelectual, poderemos avançar muito”, reflete Pedro Marcelino, que costuma oferecer oficinas de desenho e mantém um blog com trabalhos seus (http://escrevendocomimagens.blogspot.com.br).

Waldo Vieira se diz mais chegado a quadrinhos que, em sua forma, estimulem mais o discernimento e menos a fantasia ou que sirvam apenas como entretenimento puro e simples. Ele destaca o realismo dos desenhos do espanhol Vicente Segrelles, criador do épico em quadrinhos inspirado na Idade Média O mercenário. “Ele faz pintura nos quadrinhos. Às vezes o enredo é fraco, mas o desenho supera. O ideal é quando há um equilíbrio entre a forma e o conteúdo”, defende.

A gibiteca está localizada em um prédio do Ceaec chamado de Holoteca, no qual estão expostos também cerca de 690 “artefatos do saber” como livros, selos, moedas, fotos e filmes. Atualmente, existe um projeto para a ampliação do espaço desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Para mais informações, acesse www.ceaec.org.br

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