terça-feira, 17 de abril de 2012

Batman Live: O Cavaleiro das Trevas VIVE! Mas sem a parte das trevas e tal…

"É sensacional ver o personagem ali, pertinho de você, mas a peça investe em algo mais “para a família”
Por Judão

Na última quarta-feira (11/04) estreou em São Paulo a ~peça Batman Live. Sim, ~peça, afinal não é um simples espetáculo teatral. É uma superprodução para toda a família, que começou em Londres e já circulou na Europa e na Ásia e agora chega a São Paulo, mais precisamente o Ginásio do Ibirapuera, ficando até o dia 22 de abril. Depois disso, vai para Chile e Argentina até chegar aos EUA, que é a terra do Batman, né?
E como uma boa superprodução, prepare-se: os produtores investiram em toda uma mega estrutura, que começa por um enorme telão LED (que compõe os cenários, além de fazer as trasições de tempo), inúmeras luzes e cenários que ocupam não só o palco montado no Ibira, mas também o teto do ginásio – afinal, uma boa parte do espetáculo se passa nas alturas, e não é só pelos “voos” do Batman.
A história
Quem ainda tinha dúvidas se esta seria uma produção voltada para a família, isso acaba logo no começo da apresentação. Claro, Batman Live começa com a morte de Thomas e Martha Wayne, mas de uma forma bem diferente daquela que conhecemos. Para evitar algo que chocasse a garotada logo no começo, o assassinato dos Wayne foi praticamente ~estuprado, modificado em relação ao original. Assim, quando os dois tiros acontecem, os personagens estão fora de cena.
Ninguém vê o “sangue”.

Eis o cenário e o telão
O tempo passa e Bruce é, agora, um adulto – e o Cavaleiro das Trevas. Ele encontra o comissário Gordon e, juntos, vão ao circo, que está em uma noite beneficente. O que eles não sabiam é que Tony Zucco também estava lá, ameaçando a família de trapezistas Os Graysons Voadores. Depois, o show realmente começa, com o espectador sendo colocado dentro de um grande circo, com palhaços, mágicos, trapezistas e tudo mais. E isso nos faz lembrar: como o circo é espetacular.
No alto, surgem os Graysons, com o pequeno Dick no solo, narrando as piruetas dos pais. O número é até bonito plasticamente, mas não se engane: os dois (assim como todo mundo que vai para as ~alturas) estão presos por cabos de aço. E isso vai até o momento no qual Richard e Mary finalmente caem do trapézio, em slow (sim, em slow!).
OOPS. Fiz um spoiler.
Dick Grayson é, agora, um órfão, apenas alimentando seu ódio mortal por Zucco. Preocupado, Jim Gordon pede ao amigo Bruce que leve o garoto para cara, para ficar bem protegido caso o mafioso queira apagar as testemunhas. Wayne reluta, não quer ficar cuidando de um menino quando tem toda Gotham para proteger, mas ele eventualmente é convencido pelo amigo.

Joel Schumacher feelings?
A partir daí, o Batman surge em uma caçada feroz para botar Tony Zucco atrás das grades. E como é AWESOME ver, finalmente, o Batman na sua frente. É aqui que o “Live” do título ganha sentido, com toda a empolgação do público com essa cena. Aliás, o Homem-Morcego surge com um uniforme que é um mix daquele do reboot da DC com o dos filmes dos anos 90. O fato de ser mais claro que o original funciona muito bem ao vivo, afinal a iluminação da apresentação é bem dark e uma roupa preta sumiria em meio a isso. Pena que, obviamente, a armadura do Batman é bem pesada e aparente limitar muito os movimentos do ator.
Durante a caçada, aparecem vários vilões clássicos do Cavaleiro das Trevas, como a Mulher-Gato (que, visualmente, te convence mesmo que é a Mulher-Gato), Pinguim, Duas-Caras, Hera Venenos e Charada. No visual e na personalidade, estes vilões lembram muito o que vimos nos filmes de Tim Burton e Joel Schumacher. Pense, antes de reclamar: tudo isso aqui é para a ~família.

Coringa e seu balão. LOL
Claro que ninguém sabe onde Zucco está, e Dick – em uma encarnação insuportável para o maior admirador do personagem – foge da Mansão Wayne e volta ao circo. Lá, o garoto descobre quem está por trás da morte de seus pais. Não era Zucco, mas… O CORINGA! Um Coringa que não lembra em sua personalidade as encarnações de Heath Ledger ou Jack Nicholson, mas a de Cesar Romero, aquele da série dos anos 60.
Com a volta ao circo, o espetáculo cresce novamente, principalmente no visual. Se antes tivemos atrações “normais”, agora elas têm a marca do Coringa. Outro cenário explorado em seguida, e que encerra Batman Live, é o de Asilo Arkham. Bombas, tiros, balões e ~incêndios dão as caras, movimentando essa que é a melhor parte do show.
Ah, sim: apesar das referências na série dos anos 60 e nos filmes dos anos 90, Batman Live até tenta deixar o Homem-Morcego ~machão. Ele pega, inclusive, duas mulheres! Mas, no final, a Mulher-Gato dá a dica: “vai lá brincar com o seu garoto”, o que Bruce emenda com um “Ok, Robin, vamos para casa”, na parte mais (involuntariamente) engraçada do show.
Problemas
É bom que se registre que Batman Live chega ao Brasil com uma série de problemas. O principal deles é a dublagem. Todos os atores são gringos e eles não falam uma palavra em português. Todas as falas são de uma dublagem pré-gravada, que parece ter sido feita em Miami de tão ruim. Os tons de voz são sempre os mesmos, seja no momento no qual Dick perdeu os pais ou naquele que ele está conversando com o Alfred. Também é aparente que os atores pouco entendem as falas, movimentando as bocas de forma totalmente desconexa com o que é dito.
As interpretações parecem capengas, mas não dá para julgar os atores, pode apenas ser culpa da dublagem.
De qualquer forma, o áudio na apresentação de estreia não ajudou. O técnico soltava as falas nos momentos errados, cortava os começos dos textos, não abaixa o som de background na hora correta e os atores ficaram várias vezes com cara de “WTF, o que está acontecendo agora?”. Sem contar que a apresentação começou com mais de meia hora de atraso e, no meio do primeiro ato, uma parte do cenário que deveria aparecer no palco não entrou, obrigando a termos uma pausa na apresentação até que tudo fosse reajustado.
Para finalizar, uma falha na própria concepção das coreografias das lutas. Muito ruins, nada plásticas, desajeitadas… Parece que estamos vendo Feira da Fruta.
Calma, nem tudo é tão ruim assim
No final das contas, Batman Live perpetua certos estigmas que muitos fãs do Batman não gostam – nem o pessoal que faz as HQs da DC. No entanto, não podemos negar que o personagem já foi assim no passado, que isso faz parte do nosso inconsciente coletivo e, no final das contas, acaba sendo a maneira mais fácil de abranger um público maior.

Esse aí é o Batmóvel
Apesar dos problemas, é sensacional poder conferir o Batman se movimentando a poucos metros de você, chutando bundas, planando… Sem contar o incrível Batmóvel feito pelo ex-projetista da F1 Gordon Murray e o enorme telão que, inclusive, vai trocando as –páginas a cada passagem de tempo… A história pode não ser das melhores, ter furos e tudo mais, mas ainda sim você terá uma boa diversão.
Não, não é o Cirque du Soleil, mas é, ainda assim, o Batman. Live.

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