segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Mania de história em quadrinhos

Os irmãos Laura, 13 anos, e Danilo Bonifácio, 16, de São Bernardo, são apaixonados por quadrinhos. Ela cresceu lendo a Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Já ele, gosta dos heróis. Os preferidos são Watchmen e Batman. “As histórias têm conteúdo mais sombrio do que as HQs convencionais”, explica. O incentivo à leitura veio do pai. “Depois que aprendi a ler, sempre pedia gibis de presente”, lembra a garota, que entrou no mundo da literatura por meio das revistinhas. Gabriela Negreiros, 18, de São Bernardo, prova que história de super-heróis também é coisa de menina. “Watchmen, Vingadores e Star Wars são as que mais gosto”, conta a garota. “Os quadrinhos ajudam a expandir a imaginação e abordam fatos históricos como nazismo e guerras mundiais, ou até mesmo política, sem se tornar chato.”

Para essa galera que adora HQ, vale participar do evento Quadrinhos na PUC-SP, com exposição A História dos Quadrinhos no Brasil, além de oficinas e debates. A curadoria é dos renomados quadrinistas Jal (José Alberto Lovetro) e Gual (Gualberto da Costa), em parceria com a Associação dos Cartunistas do Brasil e do Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil.
“Nos anos 1970, as universidades eram usinas de criação dos quadrinhos”, diz Gual. “A gente quis fortalecer essa coisa da produção de HQ nas faculdades.” Além disso, o evento tem muito a ensinar para quem curte o assunto. “É preciso conhecer o passado antes de seguir em frente. Nós, brasileiros, temos um peso na história mundial dos quadrinhos e somos os maiores consumidores.”
Pietro Massini Zanuto, 14, de Santo André, que o diga. Adora comprar HQs e tem lista enorme de favoritos. “Watchmen, Maus, Wolverine, Calvin e Haroldo, e estou lendo V de Vingança e estou gostando muito”, conta. “As histórias são envolventes, gosto das surpresas que elas trazem.” A paixão passou dos gibis para os cadernos de desenho. “Já fiz algumas histórias. A maior que eu fiz se chama Eligium, comecei em 2012. Quero ser quadrinista.”
A dica de Gual, que entende muito bem do assunto, é ter uma formação ampla de todas as artes. “Tem de ir para literatura, teatro, cinema. Depois, investir no quadrinho independente, sair vendendo, fazer um blog e colocar na internet.”
A exposição ocorre na PUC-SP (Rua Monte Alegre, 984, tel.: 3670-8196), em São Paulo. Das 10h às 19h, até 3 de outubro. Veja a programação completa em http://www.pucsp.br/evento/quadrinhos-na-puc-sp. Grátis.
HQ surgiu em 1869
Muito antes da Turma da Mônica, os quadrinhos brasileiros já faziam sucesso. “Começou em 1869 com Angelo Agostini, responsável pela primeira publicação com imagens.” As Aventuras de Nhô Quim (foto acima) é considerada a primeira HQ brasileira, publicada na revista Vida Fluminense. Depois, o grande sucesso foi a publicação infantil Tico-Tico, que surgiu em 1905 e durou 55 anos.
Até que os quadrinhos estrangeiros invadiram as bancas. “Chegava muito barato no País, fazendo sumirem os artistas brasileiros.” O cenário só melhorou quando um código norte-americano proibiu a venda de histórias com sexo, droga e violência. Na época, os cartunistas nacionais fizeram sucesso com as histórias de terror.
Em 1939 o jornal O Globo lançou a revista Gibi, que tornou-se referência para a denominação das HQs. Trazia heróis norte-americanos e personagens europeus. Na época, a Editora Abril passou a publicar histórias da Disney e Zé Carioca teve novos traços pelo gaúcho Canini. A turma de Mauricio de Sousa surgiu em 1959, com Bidu e Franjinha. Só em 1970 nasceu a Turma da Mônica. Naquele momento havia também Ziraldo e outros artistas de grande sucesso.
No cenário atual, o momento é do quadrinho independente. “A impressão hoje é bem mais barata e tem quantidade absurda de artistas de muita qualidade”, diz Gual. “O comercial é muito veiculado a padrões que já deram certo.
Enquanto o independente tem total liberdade, e as novidades surgem aí. Ele pode ousar, não tem limitação.
Via DIÁRIO DO GRANDE ABC

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