Por Judão
O Espetacular Homem-Aranha estreou, finalmente, no Brasil. Provavelmente você viu o filme ontem, hoje ou nas pré-estreias que rolaram durante a semana e, com certeza, ficou instigado em conhecer um pouco mais do material que deu origem a tudo isso: as histórias em quadrinhos. Por mais que aqui no JUDÃO tenhamos te contado TUDO das HQs do Cabeça-de-Teia, fica realmente difícil saber por onde começar.
Por isso, preparamos um TOP8! especial com algumas edições e arcos que inspiraram o novo filme de alguma forma ou que você deveria ler por serem muito bons, independente se foram ou não para a tela grande. Tudo aqui por ordem cronológica e/ou de universos. Assim, este TOP8! não tem um “número um”, ok?
Ah, e não custa nada lembrar: há vários spoilers do filme AND das HQs. :)
!! Amazing Fantasy #15
Em agosto de 1962, sem muita esperança, a Marvel Comics publicava a 15ª – e última – edição de Amazing Fantasy #15 estrelada por um personagem chamado Homem-Aranha. Uma aposta do roteirista e editor-chefe Stan Lee que acabou se mostrando um enorme sucesso. Em apenas 11 páginas, Lee nos apresentava Peter Parker, um nerd que era acidentalmente picado por uma aranha radioativa e ganhava superpoderes. Pena que ele só percebe a real importância deles ao ver o tio Ben morto por um ladrão que ele havia deixado escapar. “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades” nos conta o próprio Stan no final da história.
Esta aqui é a base de tudo, que nos trouxe décadas de grandes histórias. No Brasil, a HQ foi reimpressa várias vezes, sendo a última na primeira edição de Biblioteca Histórica Marvel – Homem-Aranha. Já nos EUA, a Marvel lançou na última semana uma reedição de Amazing Fantasy #15 remasterizada e na íntegra, que também está disponível pela venda online da editora.
Para saber um pouco mais da origem do Homem-Aranha, click aqui para acompanhar a primeira parte do nosso especial.
Homem-Aranha: Com Grandes Poderes…
Apesar de ser uma HQ bem mais recente, lançada nos EUA em 2008, a história se passa entre as páginas de Amazing Fantasy #15. Aqui a intenção do roteirista David Lapham e do desenhista Tony Harris foi aprofundar os primeiros contatos de Peter Parker com seus novos poderes e como ele se meteu com a Luta Livre. Desta forma, vemos Peter em seu primeiro combate com uma meia na cabeça, a construção (aos poucos) de seu uniforme, seus primeiros envolvimentos com mulheres e, principalmente, o primeiro contato de John Jonah Jameson com aquele garoto que fazia sucesso na Luta Livre e, depois, seria um vigilante que viraria grandes manchetes negativas para o editor-chefe se satisfazer.
Em certo momento da história Peter veste um uniforme muito parecido com o que foi utilizado em O Espetacular Homem-Aranha. Depois, ele chega ao design definitivo.
Como parte do selo Marvel Knights, Homem-Aranha: Com Grandes Poderes… não faz parte da cronologia oficial da Marvel, mas, por mim, poderia ser encaixada nela sem nenhum problema.
Aqui no Brasil, as cinco edições da minissérie foram reunidas em uma edição encadernada lançada pela Panini em 2010.
Amazing Spider-Man #6
Já na sexta edição de seu gibi solo, o Homem-Aranha encontra com um vilão que atrapalharia sua vida por muitas décadas.
Um estranho Lagarto gigante, vestindo roupas de cientista, é visto nos pântanos da Flórida. Em uma das grandes sacadas de Jameson para vender mais jornais, o Clarim Diário estampa na capa o desafio para que o Homem-Aranha derrotasse o Lagarto.
Com a viagem paga pelo Clarim para tirar fotos do confronto, Peter vai até o sul dos EUA para enfrentar o cara pensando apenas em ganhar um dinheiro com as fotos. Lá ele finalmente descobre que o tal do Lagarto é, na realidade, o cientista Curtis Connors, que pesquisou por meses uma forma de usar o DNA dos lagartos para criar um soro capaz de recuperar membros de pessoas que os perderam – como no caso dele próprio. Ao ingerir o soro sem fazer grandes testes, ele se transformou em um lagarto gigante. Pelo menos ele tinha as duas mãos… Com o tempo, Connors perdeu a sanidade e acabou se escondendo nos pântanos.
O Homem-Aranha tentou trazer o Lagarto de volta para a sua família, mas ele tinha se transformado em outra pessoa. Assim, Peter usou sua inteligência para criar um antidoto e salvou o professor. Com tudo resolvido, o Homem-Aranha acobertou a real identidade do vilão.
Apesar de ser um pouco inocente – como tudo do Homem-Aranha na época – a HQ foi importante por estabelecer o Lagarto, além de servir de inspiração para O Espetacular Homem-Aranha, que usou como base o desenho de Steve Ditko para o visual do vilão no filme. Anos depois Curtis Connors iria para Nova York, onde se tornaria o Lagarto por mais vezes, inclusive com o desejo doentio de transformar a humanidade em seres iguais a ele. Mas isso é papo pra outra hora…
Amazing Spider-Man #6 foi republicado há alguns anos no Brasil dentro do primeiro volume de Biblioteca Histórica Marvel – Homem-Aranha. Uma versão fac-símile da mesma edição também veio encartada no segundo volume da coleção Homem-Aranha – Grandes Desafios, lançado pela Panini em 2007.
Amazing Spider-Man #31
If This be My Destiny… é uma das mais clássicas histórias do Homem-Aranha. Entre uma briga e outra com os vilões de Nova York, começavam as aulas de Peter Parker na Universidade Empire State. Um mundo todo novo se abria para Peter, com muitas descobertas e primeiros encontros. É nesta edição que o Aranha conhece aquele que seria seu grande amigo – e inimigo – Harry Osborn, além de ver pela primeira vez o seu primeiro grande amor: Gwen Stacy.
O mais engraçado é que outra peça importante para o futuro do Cabeça-de-Teia aparece nesta edição: o Prof. Miles Warren, que, após a morte de Gwen, se tornará o vilão Chacal, que cria os clones do nosso herói.
No Brasil, Amazing Spider-Man #31 deve ser republicado em breve em Biblioteca Histórica Marvel – Homem-Aranha vol.3, que a Panini prometeu para a mesma época do novo filme.
Amazing Spider-Man #50
A história Homem-Aranha Nunca Mais, da clássica fase de Stan Lee e John Romita, foi usada como base do filme Homem-Aranha 2. Na HQ, Peter percebe que não tem mais tempo para cuidar da tia May, que andava muito doente, ou para se dedicar à faculdade. Ao ver a opinião pública (comandada por Jameson) contra ele, Pete joga o uniforme no lixo e abandona a vida de super-herói. Depois de salvar um homem parecido com o tio Ben de um grupo de assaltantes, Peter finalmente se lembra da grande lição que tinha aprendido poucos anos antes e retoma a responsabilidade de ser o Homem-Aranha. O que ele não sabia é que, nesse meio tempo, o Rei do Crime aproveitou a ausência do herói para derrotar todos os gangsteres de Nova York e assumir o controle do submundo da cidade.
Na realidade, essa história não está aqui por causa disso tudo que contei no parágrafo anterior, mas sim por ser um grande exemplo do começo do relacionamento entre Peter Parker e Gwen Stacy. Nas páginas deste gibi, Peter e Gwen trocam xavecos que, de certa forma, inspiraram O Espetacular Homem-Aranha – principalmente na falta de talento do Peter Parker na hora de saber o que falar.
Amazing Spider-Man #88-90
O maior inimigo do Homem-Aranha (até então), o Doutor Octopus, está de volta! Após o vilão ser preso em sua última investida, os braços mecânicos foram colocados para exposição no Museu de Ciência Natural de Nova York. Pena que ninguém sabia que havia um link mental entre Doc Ock e seus braços mecânicos, que retornaram para a prisão e salvaram o cara.
Enquanto isso, Peter Parker recebia um importante sermão do professor Miles Warren: ou ele se dedicava mais à faculdade e melhorava as notas ou perdia a bolsa de estudos! Não é fácil essa vida de herói e universitário, tudo ao mesmo tempo…
Pena que o Aranha não terá muito tempo para estudar. Tudo culpa do Octopus, que sequestra o avião de um importante líder global, que estava indo pra ONU, e pede US$ 10 milhões de resgate – o que, em 1970, era uma fortuna inimaginável.
O Homem-Aranha vai até o local e consegue libertar os reféns, o que deixa Doc Ock enraivecido. O vilão, sem pensar, aciona um dos jatos, fazendo com que o avião bata. O Cabeça-de-Teia consegue fugir a tempo, mas não o Doc Ock que, muitos acreditam, morre na explosão.
Pena que a morte não dura muito e o vilão volta na edição seguinte. Com ódio mortal contra o Homem-Aranha, Doutor Octopus chama a atenção do herói ao tentar destruir uma usina de força. A luta entre os dois é grandiosa, fazendo com que o Escalador de Paredes fique bastante ferido. Sem mais forças para lutar, o Aranha coloca um localizar em um dos tentáculos de Octopus e foge vestido como Peter Parker. Após algum tempo, Pete encontra o sogro, o capitão de polícia George Stacy, que o leva para casa para se recuperar – isso sem saber a identidade secreta do genro, apesar de achar aquilo tudo muito suspeito.
No dia seguinte, o Homem-Aranha vai atrás do sinal do Doc Ock – pena que ele não sabia que o vilão já tinha visto o rastreador e estava atraindo o herói para uma armadilha. Ainda bem que o Aranha também veio preparado, pois ele tinha passado a noite toda criando um novo fluído de teia especial que, ao ser jogado em Octopus, faz com que os braços mecânicos do vilão fiquem fora de controle, quebrando a chaminé do alto do edifício onde eles estavam e levando os tijolos a cair em meio a multidão que assistia a luta. Quando os tijolos fatais iam atingir uma criança, capitão Stacy a salva, mas acaba sendo mortalmente atingido. Era a morte do pai de Gwen, que dava o último suspiro nos braços do Homem-Aranha. Não é só isso: ele revela, antes de morrer, que sabe que o herói é, na realidade, Peter Parker. “Cuide da Gwen para mim” pede o policial em suas últimas palavras.
Este foi um dos acontecimentos mais chocantes da primeira fase do Homem-Aranha, em uma época que importantes personagens de apoio não costumavam morrer. A partir dali, toda a imprensa culpou o Homem-Aranha pela morte de George Stacy, inclusive a Gwen, que não sabia sobre a dupla identidade do amado.
Os roteiros eram, claro, de Stan Lee, enquanto a arte foi dividida entre John Romita e Gil Kane. No Brasil, as três edições foram publicadas em 2004 pela Panini no encadernado A Morte de Gwen Stacy, que trazia, como o nome entrega, a morte da loira.
Homem-Aranha: Azul
Publicada entre 2002 e 2003 nos EUA, Azul faz parte da vasta série de HQs com temáticas de cores criadas pelo Jeph Loeb. Nesta aqui, encontramos Peter Parker no Dia dos Namorados, quando ele se sente deprimido (ou “blue”, em inglês) ao lembrar-se da Gwen Stacy, seu grande amor que já morreu há alguns anos. De uma forma bem interessante (e com a bela arte de Tim Sale), a graphic novel vai recontando eventos importantes do relacionamento entre os dois na fase clássica do gibi Amazing Spider-Man.
No final, Peter fica frente a frente com a Gwen. Ele conta o quanto ficou assustado com a morte dela, que, depois, aprendeu a amar novamente com a Mary Jane, mas ainda assim sente muito sua falta. O que ele não sabia é que a Mary Jane estava ali ao lado, ouvindo tudo.
Só que a ruiva não fica brava. MJ – que não vê a Gwen – pede que Pete mande um “oi” para ela e diga que “também sente muita saudade da amiga”.
E assim a história termina.
Homem-Aranha: Azul foi publicada em formato minissérie pela Panini ainda em 2003. No ano seguinte, veio a edição encadernada – que, infelizmente, não é muito fácil de encontrar.
Ultimate Spider-Man #1-7
Assim como as 100 primeiras edições de Amazing Spider-Man, o gibi Ultimate Spider-Man serviu como uma grande base para O Espetacular Homem-Aranha. Nas primeiras sete edições, o roteirista Brian Michael Bendis e o artista Mark Bagley estabelecem um Homem-Aranha para uma nova geração, com uma origem mais atualizada e com elementos modernos, além de amarrar muitos fatos do passado e do presente do personagem para justificar os poderes e os futuros vilões.
Nós já contamos vários detalhes desta versão Ultimate aqui no especial e, por se tratar de um universo bem coeso, não tem muito segredo: comece a ler da primeira edição e acompanhe, pelo menos, o arco de origem, que vai até o número 7. Com certeza você encontrará muitos pontos de ligação entre o filme e a HQ.
No Brasil, as primeiras quatro histórias do Homem-Aranha Ultimate foram publicadas em 2001 ainda pela Editora Abril, no gibi Marvel Século 21. Depois, a publicação continuou do ponto que parou no gibi Marvel Millenium – Homem-Aranha, publicado pela Panini a partir de 2002. Talvez seja mais fácil para você correr atrás da versão encadernada destas primeiras HQs, publicadas pela Panini em 2004 em Marvel Millenium – Homem-Aranha vol.
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