O Fórum de Quadrinho do Ceará promoveu uma programação em Limoeiro
do Norte no último sábado, depois de passar por Fortaleza e Sobral em comemoração ao Dia do Qaudrinho Nacional.
Quadrinhistas desenham um espaço para a produção independente
Por O POVO
Por aqui, a data é lembrada pelo Fórum de Quadrinhos do Ceará que ilustrou janeiro inteiro com uma programação que alcança o interior do estado. O evento já passou por Sobral e Fortaleza. No último sábado, 2, Limoeiro do Norte recebeu debates, workshops, palestras e lançamentos.
O trabalho em prol da produção artística de quadrinhos deixou de ser centralizado na capital e ganhou as cidades do interior por conta da grande quantidade de artistas presentes nessas cidades.
Aos poucos, o espaço no universo HQ vai se ampliando no Ceará. Seja pelas iniciativas de formação, pela militância do Fórum, ou pelo apoio dos editiais públicos lançados tanto pela pastas de cultura do Estado e Município.
Durante seis anos, o quadrinista Daniel Brandão se dedicou exclusivamente ao mercado americano, fazendo ilustrações para grandes editoras de HQ’s, como a DC Comics e a Marvel. “Quando a gente pega um título do Superman, por exemplo, as pessoas ficam vislumbradas, te tratam diferente, te respeitam...”, comenta Daniel sobre as vantagens que existem em trabalhar para esse mercado que ele considera a maneira mais rentável de se trabalhar com quadrinhos. Embora seja financeiramente compensatório (as editoras chegam a pagar até R$ 3 mil por mês), Daniel atenta pela falta de liberdade de criação, já que os roteiros são enviados pelas editoras e o artista apenas cria a ilustração. Além disso, os prazos curtos estipulados pelas empresas norte-americanas o fizeram abrir mão desse mercado para trabalhar por conta própria.
Hoje, Daniel trabalha com a autopublicação e vê, em meio aos percalços que aparecem, as vantagens em ter total controle sobre todo o processo de produção, desde a criação até à impressão. Esse trabalho exige além do dote artístico, a autoconfinaça e um pouco de empreendedorismo. De maneira ordenada, Daniel consegue produzir e vender suas revistas, mas não vê na autopublicação uma maneira exclusiva de subsistência. Por isso que além de vender suas publicações, também dá aulas de desenhos.
Vários artistas estão aderindo a esse tipo de produção, JJ Marreira, cartunista e membro do Fórum de Quadrinhos do Ceará, acredita que para o artista prosperar com autopublicações precisa ter viés empreendedor, assim como teve Maurício de Sousa, o criador da turma da Mônica. Aliado a esse quesito imprescindível, os quadrinistas de hoje têm como aliadas as novas mídias, a internet e a evolução dos projetos gráficos, que os possibilitam negociar preços razoáveis de impressão.
Dentro desse cenário independente, Marreira aponta alguns nomes que têm garantido sucesso com suas publicações independentes, como Rafael Tavares, roteirista da revista Invictos, que traz a história de um grupo de super-heróis que vivem em uma Fortaleza futurista. Rafael, o carioca Renato Reis e o paraibano Alzir Alves `cansados de receber `não`, arregaçaram as mangas e foram atrás de publicar suas historias de maneira independente’. Os criadores da Invictos, figuram entre os artistas promissores.
Outro exemplo de sucesso independente é Diego José, autor da revista Oigo, uma publicação com traços autobiográficos, que já produziu sozinho três edições da revista e já caminha para a quarta.
Além das autopublicações e dos editais, alguns quadrinistas também conseguem apoios nas editoras. Valdeci Carvalho é um dos que conseguiram emplacar seus trabalhos no cenário editorial. A sua revista As Aventuras de Davi, um retrato crítico da periferia de Fortaleza através das vivências do protagonista Davi e de sua turma, é publicado pela editora Tupynanquim desde 2010.
Editais
Quem não consegue apoio em uma editora para reproduzir seu trabalho ou não consegue lugar no cenário independente busca o apoio dos editais para quadrinhos que são publicados pelas secretarias estadual e municipal de cultura. Embora essa maneira seja uma boa ferramenta para o fomento da arte de quadrinho, alguns artistas veem algumas falhas que comprometem a produção. Um das faltas graves apontadas pelos artistas é a falta de tempo hábil para que seja feita uma produção especifica para o edital. “Às vezes é lançado um edital que dá um prazo de 30 dias para a apresentação do projeto e lá exige uma historia toda pronta de um livro de 100 páginas, o que pode levar um ano”, reclama Daniel Brandão.
Marreira aponta que “os artistas que já conseguiram ser contemplados com editais já tinham um trabalho em desenvolvimento e tiveram sorte de caber na proposta”. O cartunista acredita que uma maneira de sanar esse problema seria a divulgação de uma prévia dos critérios do edital com pelo menos seis meses de antecedência.
Outra questão pertinente aos editais fica por conta da falta de atenção aos artistas depois que o material é finalizado. Segundo os artistas, apenas uma pequena parcela do material produzido é destinado às bibliotecas públicas e o restante cabe aos próprios artistas venderem. O quadrinista Denilson Albano foi contemplado com o VII Premio de Literatura do Edital Das Artes 2011 - publicado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza -, na categoria ‘Publicação’, com o projeto “Meninos não choram, mas, ficam passados”, totalmente feito em quadrinhos. O trabalho ainda não foi finalizado por conta de pendências administrativas com a Secultfor, mas ele já acredita que deve passar por esse problema quando o trabalho enfim sair. “Esse é um problema de qualquer artista independente que queira divulgar seu trabalho. Realmente é complicado distribuir. Você vende em feira, em encontro de quadrinhos , na Bienal do Livro, pelo Facebook...”.
Por O POVO
Trabalho de JJ Marreiro
Há 144 anos, um jovem
italiano registrava numa sequencia de imagens a história de Nhô Quim,
um caipira que sai do interior rumo ao Rio de Janeiro e se assusta com a
efervescência da cidade grande. “Nhô Quim” ou “Impressões de uma viagem
à corte”, de Ângelo Agostini, foi a primeira história em quadrinhos
produzida no Brasil. O Dia Nacional do Quadrinho celebra sua publicação
na revista Vida Fluminense, em 30 de janeiro de 1869. Por aqui, a data é lembrada pelo Fórum de Quadrinhos do Ceará que ilustrou janeiro inteiro com uma programação que alcança o interior do estado. O evento já passou por Sobral e Fortaleza. No último sábado, 2, Limoeiro do Norte recebeu debates, workshops, palestras e lançamentos.
O trabalho em prol da produção artística de quadrinhos deixou de ser centralizado na capital e ganhou as cidades do interior por conta da grande quantidade de artistas presentes nessas cidades.
Aos poucos, o espaço no universo HQ vai se ampliando no Ceará. Seja pelas iniciativas de formação, pela militância do Fórum, ou pelo apoio dos editiais públicos lançados tanto pela pastas de cultura do Estado e Município.
Durante seis anos, o quadrinista Daniel Brandão se dedicou exclusivamente ao mercado americano, fazendo ilustrações para grandes editoras de HQ’s, como a DC Comics e a Marvel. “Quando a gente pega um título do Superman, por exemplo, as pessoas ficam vislumbradas, te tratam diferente, te respeitam...”, comenta Daniel sobre as vantagens que existem em trabalhar para esse mercado que ele considera a maneira mais rentável de se trabalhar com quadrinhos. Embora seja financeiramente compensatório (as editoras chegam a pagar até R$ 3 mil por mês), Daniel atenta pela falta de liberdade de criação, já que os roteiros são enviados pelas editoras e o artista apenas cria a ilustração. Além disso, os prazos curtos estipulados pelas empresas norte-americanas o fizeram abrir mão desse mercado para trabalhar por conta própria.
Hoje, Daniel trabalha com a autopublicação e vê, em meio aos percalços que aparecem, as vantagens em ter total controle sobre todo o processo de produção, desde a criação até à impressão. Esse trabalho exige além do dote artístico, a autoconfinaça e um pouco de empreendedorismo. De maneira ordenada, Daniel consegue produzir e vender suas revistas, mas não vê na autopublicação uma maneira exclusiva de subsistência. Por isso que além de vender suas publicações, também dá aulas de desenhos.
Vários artistas estão aderindo a esse tipo de produção, JJ Marreira, cartunista e membro do Fórum de Quadrinhos do Ceará, acredita que para o artista prosperar com autopublicações precisa ter viés empreendedor, assim como teve Maurício de Sousa, o criador da turma da Mônica. Aliado a esse quesito imprescindível, os quadrinistas de hoje têm como aliadas as novas mídias, a internet e a evolução dos projetos gráficos, que os possibilitam negociar preços razoáveis de impressão.
Dentro desse cenário independente, Marreira aponta alguns nomes que têm garantido sucesso com suas publicações independentes, como Rafael Tavares, roteirista da revista Invictos, que traz a história de um grupo de super-heróis que vivem em uma Fortaleza futurista. Rafael, o carioca Renato Reis e o paraibano Alzir Alves `cansados de receber `não`, arregaçaram as mangas e foram atrás de publicar suas historias de maneira independente’. Os criadores da Invictos, figuram entre os artistas promissores.
Outro exemplo de sucesso independente é Diego José, autor da revista Oigo, uma publicação com traços autobiográficos, que já produziu sozinho três edições da revista e já caminha para a quarta.
Além das autopublicações e dos editais, alguns quadrinistas também conseguem apoios nas editoras. Valdeci Carvalho é um dos que conseguiram emplacar seus trabalhos no cenário editorial. A sua revista As Aventuras de Davi, um retrato crítico da periferia de Fortaleza através das vivências do protagonista Davi e de sua turma, é publicado pela editora Tupynanquim desde 2010.
Editais
Quem não consegue apoio em uma editora para reproduzir seu trabalho ou não consegue lugar no cenário independente busca o apoio dos editais para quadrinhos que são publicados pelas secretarias estadual e municipal de cultura. Embora essa maneira seja uma boa ferramenta para o fomento da arte de quadrinho, alguns artistas veem algumas falhas que comprometem a produção. Um das faltas graves apontadas pelos artistas é a falta de tempo hábil para que seja feita uma produção especifica para o edital. “Às vezes é lançado um edital que dá um prazo de 30 dias para a apresentação do projeto e lá exige uma historia toda pronta de um livro de 100 páginas, o que pode levar um ano”, reclama Daniel Brandão.
Marreira aponta que “os artistas que já conseguiram ser contemplados com editais já tinham um trabalho em desenvolvimento e tiveram sorte de caber na proposta”. O cartunista acredita que uma maneira de sanar esse problema seria a divulgação de uma prévia dos critérios do edital com pelo menos seis meses de antecedência.
Outra questão pertinente aos editais fica por conta da falta de atenção aos artistas depois que o material é finalizado. Segundo os artistas, apenas uma pequena parcela do material produzido é destinado às bibliotecas públicas e o restante cabe aos próprios artistas venderem. O quadrinista Denilson Albano foi contemplado com o VII Premio de Literatura do Edital Das Artes 2011 - publicado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza -, na categoria ‘Publicação’, com o projeto “Meninos não choram, mas, ficam passados”, totalmente feito em quadrinhos. O trabalho ainda não foi finalizado por conta de pendências administrativas com a Secultfor, mas ele já acredita que deve passar por esse problema quando o trabalho enfim sair. “Esse é um problema de qualquer artista independente que queira divulgar seu trabalho. Realmente é complicado distribuir. Você vende em feira, em encontro de quadrinhos , na Bienal do Livro, pelo Facebook...”.
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